sexta-feira, 12 de março de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 60

- Tudo se resolveu fácil assim? - perguntou minha mãe, Janet, incrédula.
- É, meu pai e sua lábia salvaram a pele do Bradley. - riu Andrew.
- Que isso, filha! - sorriu Jonathan, enquanto colocava suco no copo.

Eu revirei os olhos:
- Ainda preferia ter pago o conserto. Quer apostar quanto que o Adam vai sempre jogar isso na minha cara? - reclamei.
- Pegue seu orgulho idiota e engula junto com a comida! - ordenou Andrew.
- Por que você não coloca o frango inteiro na boca, fica quieta e me deixa em paz? - respondi, àspero.
- Ei, ei, ei, vocês dois! Já disse que não gosto de bate-boca na hora do almoço! - disse Janet.

Acabei de almoçar sem ânimo, agora pensando na possibilidade de Adam Turnwell me humilhar dizendo que fez uma caridade em não cobrar o conserto do carro. Essa possibilidade me deixou irritado, e os comentários ácidos de Andrew ajudaram na minha irritação.

Subi para meu quarto com as sobrancelhas unidas de frustração e me joguei na cama. Olhei para o teto e lembrei daquele filme de terror científico, "O Homem sem sombra", na cena em que o Sebastian encosta na cadeira e olha para cima onde tem uma faixa colada no teto escrito "Você deveria estar trabalhando". Ri e pensei em fazer uma faixa igual escrito "Você deveria estar estudando". Eu tinha prova de Geografia amanhã, mas não estava afim de pegar o livro.

Liguei o som baixinho na minha estação de rádio predileta. Perfeito! Estava tocando "21 Guns" do Green Day, e eu fechei os olhos enquanto deixava a música penetrar na minha alma. "Pelo que vale a pena lutar?" dizia a música. Eu não tinha resposta para isso.

Nesse momento alguém bateu na porta do meu quarto. Levantei da cama de má vontade e abri. Andrew estava encostada no batente com uma expressão debochada no rosto, o que me irritou novamente:
- O que você quer? - perguntei, nada gentil.
- Calma, apenas vim terminar um assunto pendente. - riu ela.

Coloquei as mãos na cintura, esperando. O sorriso de Andrew se alargou mais ainda. E então ela jogou os braços finos em volta do meu pescoço, deitando os lábios perfeitos sobre os meus, me beijando tão sedenta como nunca tinha feito.

terça-feira, 9 de março de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 59

- Ora, ora, temos visita? - perguntou Jonathan, sorrindo enquanto entrava em casa segurando desajeitado sacolas com marmitas do restaurante da esquina, sinal de que minha mãe não iria fazer almoço hoje... de novo.
- Senhor Marew? - perguntou Robert Turnwell, se levantando.
- Andrew, querida, pode levar essas sacolas para a cozinha? - pediu Jonathan, educado, passando as sacolas para Andrew e se virando para Robert. - Sim, sou eu mesmo. Prazer em conhecê-lo, senhor...?
- Robert Gilmore Endrick Turnwell, pai de Adam, dono do Porsche que seu filho destruiu. - reclamou Robert, apertando a mão de Jonathan, que mais parecia uma agressão do que um cumprimento.
- Ele não é meu pai... é marido da minha mãe, apenas... - argumentei, encostado na bancada perto da porta. - e o porsche não foi destruído. Aquilo foi só um amassadinho.
- Amassadinho? Quero ver você pagar o "amassadinho" então! - atacou Adam.
- Eu vou pagar, almofadinha britânico! - contra-ataquei.
- Troglodita americano! - xingou ele.
- Bixa européia! - xinguei também.
- Ei meninos! Parem com isso! Mas que absurdo! - gritou Jonathan, e eu bufei.

Jonathan fez um gesto para que Robert e Adam se sentassem. Eu fiquei alí, perto da porta, e Andrew veio para o meu lado, enquanto acompanhávamos a conversa.
- Acha que eles terão coragem mesmo de cobrar o carro? - cochichou Andrew.
- Obviamente. - respondi.
- Como vai pagar, Brad? Nem meu pai tem tanta grana assim. É um porsche! - avisou ela.
- Calma Andrew, vamos negociar.
- Negociar... - resmungou Andrew, balançando a cabeça.

Em dois minutos de conversa Jonathan estava sorrindo de novo, com seu jeito simples e pacífico. Adam e Robert agora falavam mais calmos. Era estranho como a aura superior de Jonathan derretia a raiva das pessoas.
- Senhor Marew, nossa intenção não é extorquir ninguém. Sabemos que vocês, americanos, tem um modo de vida mais "simples", mas o seu enteado tem que prestar mais atenção quando dirige. Só queríamos dar um alerta a ele. - disse Robert, e eu escancarei a boca.
- Bradley é um bom garoto e dirige muito bem, senhor Turnwell. Ele estava meio, distraído naquele dia. Mas nós fazemos questão de pagar o conserto. - respondeu Jonathan, e eu disse pra mim mesmo "não fazemos não".
- Senhor Marew, não me ofenda mais. O Porsche de Adam está belíssimo e inteiro outra vez. Mas deixamos para o senhor o conselho de treinar mais esse garoto no volante antes soltá-lo na rua. - disse Robert, e eu quis esganá-lo.

Entre gentilezas e despedidas, Adam e Robert resolveram tudo com Jonathan e ainda saíram de casa sorrindo. Antes de sair pela porta, Adam beijou a mão de Andrew novamente, e eu o fuzilei com os olhos, o que provocou o riso da minha bonequinha de porcelana gótica.
- Tchau Troglodita. Cuidado quando ver um carro que você nunca vai ter passando pela rua! - atacou Adam antes de entrar no carro grande e preto de seu pai.
- Por que não vai tomar no seu... - gritei, antes de Andrew me cortar.
- Brad! Não estrague tudo que meu pai consertou! - aconselhou ela, e eu fitei o carro preto virando a esquina com as mãos fechadas em punhos.

Como tudo podia ter se resolvido de uma forma tão simples? Nesse momento, senti inveja da calma e da simpatia de Jonathan. A vida era tão simples para ele. Não era por nada que minha mãe o amava. Ele me deu um tapinha caloroso nas costas antes de entrar para dentro, e Andrew sorriu para mim, também entrando. Respirei fundo, sentindo o alívio enchendo meus pulmões junto com o ar. Pelo jeito, não ia ter que vender até minhas cuecas boxer para pagar porcaria nenhuma. Ri de mim mesmo e entrei também.

terça-feira, 2 de março de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 58

- Bradley, me beija! - sussurrou Andrew, depois de morder o lábio inferior.
- Tudo bem, Andrew, eu sei que... o quê? Hã, o que você disse? - gaguejei, não acreditando no que ouvi.

Andrew revirou os olhos com aquele jeitinho impaciente, colocou as duas mãozinhas brancas delicadas como porcelana nos meus ombros largos e me olhou no fundo dos olhos.
- Eu mandei você me beijar, imbecil! - reclamou ela, mais àspera.
- Olha, eu não gosto de agressividade tá. - eu ri.

Ela rangeu os dentes e se virou para ir embora outra vez, mas puxei ela para mim sedento pelo seu beijo... mas, instantes antes de eu encostar meus lábios nos dela, a campainha tocou.
- Quem será? - sussurrei, paralisado a poucos centímetros do rosto dela.
- Vai atender... - respondeu ela, meio ofegante.
- Mas agora?
- Brad!
- Fique aqui. Você não me escapa! - disse, soltando ela.

Passei pela sala em um jato, chegando à porta da frente sem respiração. Abri e dei de cara com a sombra dos meus pesadelos - Adam Turnwell.
- Ah, oi... é... - gaguejei.
- Seu pai está? - perguntou Adam, imperativo, enquanto eu distinguia a sombra mais alta atrás dele.
- Ele não é meu pai, é marido da minha mãe, só! - reclamei, com aspereza.
- Claro, claro, rapaz. Só queremos falar com seu responsável. - disse o homem alto atrás de Adam, com um sotaque britânico pavoroso.
- Entrem... - eu disse, boquiaberto.

O dois entraram na sala e olharam a extensão do ambiente de cabo a rabo com a mesma expressão de desdém. O homem com Adam, que só podia ser o pai dele, louro e braquelo, bem encorpado, olhou para mim com as sombrancelhas peludas levantadas inquisitivas. Eu entendi logo.
- Ah... é... sentem-se por favor. - disse, todo atrapalhado.

Os dois se sentaram, mas apenas Adam passou um lencinho branco no sofá antes. Queria que minha mãe tivesse visto isso, britanico nojentinho. Andrew apareceu na soleira da porta da cozinha, e escancarou a boca para mim ao ver quem estava na sala. Eu dei de ombros.
- Bem, senhor... eu sou Bradley Tommas. - me apresentei ao homem, estendendo a mão.
- Ah, então você é o infrator... cof cof, quer dizer, o rapaz que bateu no carro do meu filho. Sou Robert Turnwell. - respondeu ele, pegando minha mão com receio.
- Olá Adam, senhor... - disse Andrew, entrando no ambiente.
- Andrew Marew. A belíssima irmã de Brad. - disse Adam, maravilhado, se levantando para pegar a mão de Andrew e beijá-la.

Andrew olhou assustada para mim.
- Ei! - gritei, e Adam olhou para mim. - Ela... não é minha irmã. - foi só o que consegui dizer, e Andrew revirou os olhos.
- Sei disso. Ela é um ser muito superior a você, senhor Stanley. - riu Adam.
- Eu concordo! - ajudou Andrew, rindo.
- Em alguns minutos minha mãe e meu padrasto estarão aqui. - avisei, mau-humorado.

Adam se sentou novamente, e ele juntamente com o senhor Robert ficaram me encarando. Eu franzi o cenho e perguntei.
- Que é?
- Não vai nos oferecer nada? - perguntou Adam, pasmo.
- Não, por que? - fiquei pasmo também.
- Na Inglaterra se oferece algo para beber aos visitantes. Argh! América! Terra de bárbaros! - se indignou Robert.
- Nos Estados Unidos as pessoas se comportam como gente na casa dos outros! Inglaterra, terra de frescos! - respondi, na lata. Não ia aguentar essa calado. Andrew caiu na risada.
- Me chamou de fresco? - se ofendeu Adam.
- Se a carapuça serviu... - respondi.
- Ei, ei, ei, ei! Qual é gente, onde está a educação de vocês? Se comportem! - reclamou Andrew.

Nesse momento ouvi o sedan de Jonathan entrando no jardim. Quase gritei "Aleluia!".

segunda-feira, 1 de março de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 57

Estacionei o Maverick na garagem sem problemas, percebendo que Andrew não deixava mais a moto no caminho para me atrapalhar. Saí do carro e dei a volta pelo jardim até a porta sala. Joguei a bolsa no sofá e fui até a cozinha tomar um copo de àgua. Andrew estava lá, encostada pensativa na bancada.
- Oi, Andrew. - cumprimentei, sorrindo involuntariamente. Por que ficava tão feliz em vê-la?
- Oi Brad. - cumprimentou ela de volta, sem se animar.
- Parece... triste... - comentei, pegando um copo no armário.
- Estava pensando em como nada é o que parece. - respondeu ela.
- Ah! Nadine, não é? Nunca pensei que ela fosse tão hipócrita. - advinhei, enquanto enchia o copo de àgua.
- Nadine me apunhalou pelas costas. Mas não era nela que eu estava pensando. - disse Andrew, olhando para mim.
- O que era... então?

Andrew desencostou da bancada e pegou o copo da minha mão. Tomou a àgua e colocou o copo na pia, se virando para a pequena janela em cima da torneira que dava para o quintal dos fundos. O sol da tarde refletiu em seus olhos redondos, enquanto a brisa leve da janela aberta tirava o cabelo de seu rosto revelando até mesmo o pescoço, enquanto pequenos raios de luz deixavam o castanho original das mechas mais intensos. E ela fitou o nada por um tempo, enquanto eu me perdia em seu rostinho de anjo.

- Está se envolvendo com a Liz outra vez? - perguntou ela, de repente, ainda fitando o nada.
- O quê? Ah... não... claro que não! - gaguejei, surpreso.
- Vocês vivem um do lado do outro o tempo todo, sempre cochichando pra lá e pra cá. E todo mundo sabe que Liz é louca por você. - murmurou Andrew.
- E se eu tivesse algo com Liz... importaria a você? - joguei o verde.

Andrew se virou para mim, respirando fundo. Ela olhou em meus olhos, com as sobrancelhas quase unidas em frustração.
- Sim, importaria! Porque eu sou louca por você, Bradley Tommas! Porque por mais idiota, imbecil, infantil e canalha que você seja, eu gosto cada vez mais de você. E eu te odeio... te odeio por me fazer gostar tanto de um idiota boyzinho metido a pegador que você é! E isso é o que tem martelado na minha mente desde o dia em que você me beijou... - arfou Andrew.

Arregalei os olhos enquanto ela falava. Ela já tinha dito que me amava, mas não dessa forma tão intensa. Suspirei.
- Você me odeia porque me ama... É isso? - foi só o que consegui dizer.
- Tchau, Brad. - ela revirou os olhos e se inclinou para sair da cozinha.
- Espera! - eu disse, segurando o braço dela.
- Não, não, não... eu falei demais. Não quero nada com você, Brad, e não tenho o direito de te cobrar nada por causa da Liz. - disse ela.
- Tem sim. - sussurrei, colocando ela de frente para mim. - Você é a dona do meu coração, então pode me cobrar o que quiser... só precisa pedir.

Andrew me olhou por um instante pensando no que eu disse, a que estava me referindo. Vi em seus olhos quando a lembrança daquela tarde na sala quando disse que só a beijaria de novo se ela me pedisse veio à sua mente. Ela me encarou agora irritada, e eu sabia que ela ia fugir de novo. Mas não estava nem um pouco afim de ceder aos meus instintos apaixonados e quebrar minha própria promessa, por isso a soltei esperando por sua resposta.