segunda-feira, 31 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 71

Andamos atrapalhados por entre a multidão na arquibancada tentando chegar até Andrew. Ela estava sentada com Freud me esperando, mas quando viu que Jonny estava conosco, entortou o nariz. Nos sentamos com eles, eu ao lado direito de Andrew, Matt do lado esquerdo dela, entre ela e Freud, e Jonny ao meu lado. Assim que Matt se sentou, Andrew logo nos deu uma patada:

- Acho inútil perguntar se vocês tomaram banho...

É claro que Matt ia revidar:
- Homens suados são sexy's! - ele riu, chacoalhando o cabelo molhado pra cima de Andrew.
- Bem típico de um cachorro! Sai, sarnento! - ela revidou, empurrando Matt pra cima de Freud.

Eu ri, e Jonny revirou os olhos. Foi quando Andrew partiu pra ele.
- Está sentado com os rebeldes, Jonny? - ela disse, com tom ácido.
- Andreeeew... - eu resmunguei, tentando fazer ela se tocar.
- Tudo bem Brad. Ou Bruxonilda, estou aqui em missão de paz. Também não gosto de você, mas prometo ser maleável porque meu amigo Brad gosta. Então seja boazinha e faça de conta que eu não existo. - pediu Jonny.
- Contou pra ele também. - Andrew me fuzilou com os olhos.
- Em breve todo mundo vai saber mesmo. - falei.
- Essa não é uma decisão definitiva! - avisou Andrew.
- Oooow casal! A competição das líderes vai começar. Silêncio! Quero ver minha deusa de ébano dançar sem "pê pê pê pê", ok? - interferiu Matt, e Freud riu.
- Por que não vai sentar lá embaixo? - Andrew atacou. Ela não tinha freio mesmo.
- Porque gosto de ficar do seu lado. Sua energia negativa atrai a minha positiva, e isso possibilita que eu tenha mais facilidade em fazer piadinhas. Adoooro você! - brincou Matt, e até Jonny riu.
- Obrigada por me fazer aturar um bando de muleques babacas, Brad. - Andrew revirou os olhos.
- Eu sei que você me ama. É por isso que ainda não saiu daqui e foi pra casa ler Crepúsculo. - eu ri.
- Vai confiando nessa teoria de amor. - ela riu também.

As luzes do auditório se escureceram, e a do ginásio aumentou. No meio da quadra, Ashley estava deslumbrante em seu conjuntinho carmim, com pompons cintilantes nas mãos junto com as outras 8 beldades que eu já conhecia (e umas que eu já tinha pegado). A nona garota era Nadine, o cabelo roxo até que combinando com o conjuntinho vermelho escuro. Ouvi Andrew ranger os dentes quando a luz brilhou sobre a ex-amiga dela. Jonny apenas suspirou. Nessa hora pensei se Jonny ainda ficaria com Ashley. Era algo que ainda estava mal resolvido. Eu não sabia se Ashley ainda ia querer Jonny, visto que agora ele não era mais o capitão do time de basquete. Suspirei também. Foi quando o som estrindente quebrou o silêncio e motivou admiração.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 70

Entrei pelo corredor claro, deixando todo o zumbido alegre da torcida para trás. Corri até o vestiário, e passei pelos armários rapidamente. Encontrei Jonny sentado no chão, perto dos chuveiros, os joelhos dobrados e o rosto apoiado nas pernas, coberto pelos braços longos, o cabelo ruivo molhado pelo suor de um jogo intenso. Andei devagar até quando o vi, mas Jonny escutou meus passos. Sem levantar o rosto, murmurou amargurado:
- Vá embora!
- Jonny, eu só quero conversar... - miei.

Assim que reconheceu minha voz, Jonny ergueu a cabeça. Me olhou com raiva, os olhos vermelhos e derrotados.
- Veio zombar de mim? Já não tem tudo o que quer, Brad? É o capitão de novo! Venceu o jogo! Me deixe em paz!
- Não, Jonny. Só estou cansado de toda essa inimizade. Que droga de jogo foi esse? Nós nunca jogamos assim. Sempre fizemos tudo por diversão, no entanto o jogo hoje foi o mais cansativo e sem gosto que já enfrentamos. Não tem valor vencer sem meus amigos para comemorar comigo. - eu expliquei, compassivo.
- Matt e Freud estão lá fora! Vá comemorar com eles! - respondeu Jonny, àspero.
- Tanto para mim quanto para eles, a vitória não vale a pena sem você. Não somos apenas um time... somos irmãos. - continuei, me sentando em frente à ele.
- Devia ter lembrado disso quando namorou Ashley Hanners e então a chutou sem motivo algum, como todas as outras garotas para quem não deu valor! - lembrou Jonny.
- Tudo se resume à Ashley. - perguntei.
- Você sabia que eu gostava dela.
- Mas ela só usa você!
- Vá embora, Brad!!!
- Desculpe, está bem? Eu errei! Eu sou um imbecil, Jonny. Nunca dei valor para as pessoas, nem para as coisas que eu tinha. Usei Ashley, usei Liz, e todas as outras garotas que feri. Não me importei com seus sentimentos como meu amigo, nem para o meu posto de responsabilidade no time de basquete. Mas eu perdi tudo, Jonny... e caí em mim! Hoje eu sei o quanto os sentimentos das garotas importam, o quanto meus amigos importam e quanto o time importa. Ashley não é um anjo, mas não sou ninguém para falar dela, e ninguém pra te dar conselhos sobre ela. Mas quero meu amigo de volta... - fui sincero.

Jonny fitou o chão por alguns instantes, e então me olhou de volta.
- O que te fez mudar foi ter perdido sua amada faixa de capitão? - zombou Jonny.
- Não... eu perdi um irmão... e me apaixonei pela única pessoa que sempre falou a verdade na minha cara. - confessei.
- Liz está com Matt. - se confundiu Jonny.
- Liz brigou muito comigo, mas não é dela que eu estou falando. - expliquei.
- Quem então?
- Andrew Marew.
- Sua irmã?
- Ela... aff... ela não é minha irmã. - bufei.
- Isso é estranho. Vocês se odeiam...
- O ódio é bem próximo do amor. - filosofei.
- O ódio é um amor reprimido. - riu Jonny, filosofando também.
- Quando você vai me perdoar? - apelei.

Jonny sorriu para mim e estendeu a mão.
- Se Andrew Marew, que não é nada altruísta, é capaz de te aturar na vida dela, acho que posso te deixar voltar pra minha vida. Você, aquele loiro babaca do Matt e o maluco do Freud. Toca aqui, brother!

Eu peguei a mão de Jonny, puxei e abracei meu amigo. Nisso, escutei um som facilmente reconhecível vindo de trás de nós:
- Irgh! Que boiolisse! - exclamou Matt, encostado no armário.
- Vai ver se eu to na cama da sua mãe, Matt! - riu Jonny.
- Ha, ha! Se fosse na cama da mãe do Freud eu até iria ver. As mariquinhas voltaram as pazes? - riu Matt de novo.
- Claro, não posso negar amizade a um cara que se apaixona por uma noiva cadáver. Coisas sobrenaturais podem acontecer. - Jonny começou com as piadinhas.
- Engraçadinho. Regra número 1 para convivência com Bradley Tommas: NÃO FAZER PIADAS SOBRE ANDREW!!!- fiquei bravo.
- Iiiih Jonny, tu pega o jeito com o tempo. Ainda dou umas escorregadas nessas regras de convivência de vez em quando. - Matt riu, e Jonny riu com ele.
- Vou começar a apelar. Exemplo da minha apelação. Já peguei a namorada de vocês dois! - eu disse, e Matt parou de rir imediatamente.
- Tudo bem, nada de brigas agora. A pombrinha branca ainda está sobrevoando nossas cabeças, então sem apelações. Vim chamar vocês porque a competição das líderes de torcida vai começar. Liz está nervosa pra caramba. - avisou Matt.
- Então vamos lá torcer por ela! - exclamei.
- E mais uma vez não estou na mesma sintonia que vocês. - lamentou Jonny.

Coloquei a mão no ombro dele.
- Relaxa Jonny. Ninguém aqui exige que você fique contra Ashley. Hoje irá vencer a melhor. E nossa amizade não depende disso. - eu disse.

Jonny assentiu, e nós três nos dirigimos ao ginásio para ver Ashley versus Liz mais uma vez. Suspirei. Parecia que eu já conhecia essa história.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 69

Faltavam 5 minutos para o final do jogo. Nós estavamos perdendo por 2 pontos, e tanto Matt quanto eu estavamos cansados. Gerard, o ruivo mais alto do time que era nosso pivô, estava visivelmente desanimado e demonstrava que sentia que não havia mais motivo para lutar por uma vitória perdida. Jonny havia afundado o time. No desespero de se destacar entre todos, ele monopolizava a bola. Como armardor, ele deveria bolar as jogadas para serem executadas em conjunto, mas ele tentava executar sozinho. A divisão que isso causava entre nós deu a chance para o time de Washington avançar e furar nossa cesta. Minha vontade era me jogar no chão e pedir para ficar no banco.

Enquanto Matt tentava roubar a bola do negro alto, tudo ficou em câmera lenta. Meu olhar vacilou, e focou a assistência. Na terceira fileira estava Andrew, roendo as unhas, e eu conhecia bem aquele olhar preocupado. Ela percebeu que eu estava parado no meio da quadra como um "dois de paus", e arregalou os olhos para mim. Li seus lábios se movendo tentando me avisar algo do tipo "acorda Brad, seu idiota". Foi quando senti uma bolada na cabeça, e um jogador do time adversário se chocando contra meu dorso.

Matt tinha conseguido roubar a bola, e a lançou para mim, mas eu estava fora de sintonia, e acabei levando a bolada na cabeça. O jogador que havia perdido a bola avançou para mim, se chocando corpo a corpo, caindo sobre mim na queda. O arbitro apitou a falta.
- Mas que droga, Brad! Você estava na reta da cesta! - gritou Jonny, enquanto Matt me ajudava a levantar.
- Está tudo bem, Jonny. Ganhamos uma falta! - gritou Matt de volta.
- Me dá essa bola, eu cobro a falta. - cuspiu Jonny, me empurrando.
- Não! O Brad cobra. - ordenou o treinador David, tirando a bola das mãos de Jonny.
- Mas treinador... Brad está completamente fora de sintonia. Ele vai errar essa cesta. - insistiu Jonny.
- Está se sentindo bem para cobrar essa falta? - perguntou David, me segurando pelo ombro.

Era minha chance de cair fora daquela quadra. Vacilei outra vez, e vi Andrew me fitando preocupada. Do outro lado, Liz também me fitava. Visualizei o ângulo em que estava, e senti nas minhas veias que poderia fazer aquela cesta. De repente, uma chama antiga fervilhou em minha alma. A faixa de capitão brilhava no braço de Jonny, mas senti como se ela me pertencesse outra vez. Olhei fixamente para o treinador:
- Eu posso fazer esses três pontos agora. - disse, confiante.
- Se Brad fizer essa cesta, Jonny não será mais o capitão. - afirmou David, e Jonny engasgou.

Me posicionei diante da cesta. Não era uma posição muito vantajosa, pois a falta cometida não nos deu um lance livre. O tempo era curto, e eu deveria fazer uma cesta com 6,25 m de distância para conseguir três pontos. Corri diminuindo a distância, me impulsionei e lancei a bola. Enquanto meus pés voltavam a tocar o chão, a bola voou estatelando suavemente nas pontas dos dedos dos adversários, sem perder a direção. Assim que meu calcanhar tocou o chão da quadra, a bola bateu no aro, girando sobre ele, arrancando silvos baixos dos torcedores. Em um "plac" profundo, a bola deslizou pela rede, marcando três pontos no placar final. O silêncio foi quebrado com o apito, que indicava fim de jogo.

O gritos que se seguiram de comemoração se misturaram com o xingamento cheio de palavrões dos jogadores de Washington. Matt correu para mim, junto com os outros 2 jogadores na quadra, seguidos dos 7 que estavam no banco. Jonny arrancou a faixa do braço, jogou no chão e correu para o vestiário. Engoli seco, sentindo uma pontada no coração por ver um de meus melhores amigos triste mesmo vencendo um jogo. Essa vitória não tinha sabor algum para mim.

Me desviei da comemoração e me deparei com Andrew, sorridente:
- Parabéns, ala! - festejou ela.
- Já volto, Andrew. - eu avisei, passando por ela.
- Onde vai? - perguntou ela, com tom amargo.
- Falar com o Jonny. - expliquei.
- Ah... - ela compreendeu. - Boa sorte então, garotão.

Andrew sorriu para mim, um sorriso compassivo, e eu sorri de volta. Antes de passar pela porta que dava para o corredor do vestiário, vi de relance Ashley Hanners, parada como pedra me fitando. O ódio em seu olhar estava mais carmim que seu conjuntinho novo. Ignorei, e saí da quadra.

domingo, 16 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 68

No corredor iluminado o único som que se ouvia além da multidão no ginásio atrás da porta eram as batidas fortes do meu coração. Eu nunca havia ficado nervoso por causa de um jogo de basquete. Mas hoje era diferente. Eu estava me sentindo como o Homem-Aranha acorrentado até o pescoço observando um bandido enforcar a Mary Jane. A Mary Jane era o jogo, e o bandido era o Jonny. Nos treinos ele tinha se mostrado completamente egoísta, gritando com todo mundo e impondo sua vontade sem o menor espírito de equipe. E eu sabia no meu íntimo, em cada veia pulsante do meu corpo que eu era muito mais capaz do que Jonny. E eu queria mais do que nunca estar com aquela faixa amarela de capitão no braço. Era a minha faixa. Mas eu a havia perdido. O Homem-Aranha não sabia como se libertar das correntes, e Mary Jane continuava em perigo.

Ri de mim mesmo nesse instante me sentindo um muleque por me comparar ao Homem-Aranha. Putz, Homem-Aranha? O herói mais nerd e mais froxo dos quadrinhos. Eu tava mais pra super-man, ou talvez o Batman. Pronto! Já estava misturando Marvel com DC, e isso era meio absurdo. De repente senti uma mão gelada pousar no meu ombro:
- E aí cara? - perguntou Matt, sussurrando. - Sou só eu, ou o clima tá tenso hoje?
- Tá ligado que o time todo tá nervoso. Ninguém aqui confia no Jonny como capitão. Estou me sentindo como se estivesse ajoelhado numa guilhotina. - respondi, sussurrando também.
- Faltam 3 minutos! - avisou o treinador David.
- Agora meu estomago apertou. - gemeu Matt.
- Larga a mão de ser florzinha! - reclamou Jonny, passando por nós.
- A única florzinha aqui é quem tá com a faixa amarela no braço. - murmurou Matt.
- Fica na tua, loirinha aguado, se não tu fica no banco! - ameaçou Jonny.
- No fiasco que provavelmente será esse jogo, até eu quero ficar no banco. - reclamei.
- Não peça duas vezes, Brad. - Jonny encrespou pro meu lado.
- Meninos! Aqui não é lugar e nem hora para birrinhas. Não existe mais Matt, Brad ou Jonny. Agora vocês são um só, um time, e é bom que joguem com esse pensamento! - ordenou o treinador David.

Suspirei. Os risinhos que vinham do fundo do corredor silenciaram os murmúrios do time. Lá vinham as beldades que animavam os intervalos. Sim, as líderes de torcida. Ashley, na frente de todas, estava deslumbrante no novo conjuntinho carmim, o cabelo louro perfeitamente liso no rabo de cavalo. Ela andou pelo corredor me olhando no fundo dos olhos, e então passou por mim e beijou Jonny nos lábios, enquanto Matt revirava os olhos.
- Boa sorte, meu amor. Sei que você é um excelente capitão. - ela disse, enfaticamente.
- Obrigado, amor. - respondeu Jonny.
- Ah, Brad. Boa sorte em sua primeira atuação como aaala. - Ashley riu.
- Vai se... - comecei a dizer, mas o treinador me cortou.
- Parem de desconcentrar meus garotos e vão fazer a sua parte! - odernou David.

Outros risos femininos vindo do corredor chamou a atenção de todos. Sainhas pregadas azuis claras desfilavam desafiadoramente, e eu ouvi Matt ao meu lado rir e murmurar algo como "essa é a minha garota". Liz, perfeita com ponpons nas mãos caminhava desafiando Ashley com os olhos. O queixo de Ashley caiu.
- Mas que palhaçada é essa? - exclamou Ash.
- Achei que estava sabendo que hoje teríamos uma competição para a decisão do grupo final das líderes de torcida. - respondeu Liz, superiormente.
- Treinador? - engasgou Ash.
- Ao final do jogo, teremos um jurado decidindo sobre as líderes de torcida. Não é minha àrea, mas parece que o colégio de Washington também tem meninas competindo. Então, sendo este um evento caro de programar, escolhemos agregar as coisas. Espero que tenha preparado uma boa coreografia, mocinha. - David explicou.
- Droga! - gemeu Ashley.
- Por essa você não esperava. - eu ri.
- Você nunca vai me superar, Liz! - ameaçou Ashley.
- Prove isso pra mim no ginásio! - respondeu Liz.
- É, prove isso no ginásio, sua loirinha aguada! - riu Matt.
- Veja como fala com minha namorada! - se intrometeu Jonny.
- Só falta Andrew para completar essa festa. - Matt soltou sem querer.
- Andrew? A bruxa de blair? - se confundiu Ashley.
- Obrigado, Matt. - reclamei.
- O que sua irmã tem a ver com o jogo de basquete? - perguntou Jonny.
- NADA! - enfatizei.
- FRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!! - apitou o treinador. - Meninas, é a deixa de vocês. Entrem!

E as líderes de torcidas trajadas de vermelho carmim entraram no ginásio. Liz e suas discípulas foram por outro caminho, pois ficariam no banco até o fim do jogo. Eu me virei para Matt, fuzilando-o com os olhos.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 67

Por algum motivo eu não queria acordar. Enquanto o sol matinal iluminava o quarto, minha consciência ia clareando meu raciocínio, embora eu não quisesse lembrar o "por que" de eu não querer acordar. Mas a mente humana é bem adepta à lei de Murphy - quanto menos você quer lembrar de uma coisa, mais você acaba pensando naquilo.

Era sábado. Dia do grande jogo de basquete entre minha escola New York High School e Washington High School. Esses campeonatos entre cidades já é um clássico. Durante os últimos 20 anos, New York High School venceu Washington, mas sempre com muito esforço e garra. Afinal, nunca subestimei meus adversários. E enquanto eu, Bradley Tommas Stanley, fui o capitão do time de basquete nos últimos 3 anos, me dediquei e venci com honra, em pleno trabalho de equipe. Mas agora Jonny estava no comando. Com seu jeito orgulhoso, temia que afundasse o time. Matt também concordava comigo nesse sentido.

Abri os olhos vagarosamente, e o dia claro feriu minha visão sonolenta. Enquanto as coisas ao meu redor ficavam nítidas, uma figura peculiar tomava forma à minha frente. Arfei e levantei o tronco bruscamente do colchão.

- AAAAARGH! Andrew!!! Que susto!!! O que está fazendo aqui?
- Eeeeeeeeeeei! Não grita! Só vim te acordar. Sei lá, não queria que perdesse a hora. Hoje é o grande dia. - ela respondeu.
- Sua doida! Ainda é cedo! - reclamei.
- Cedo? São 8 e meia. Você deveria ter acordado à 20 minutos, como planejado. - ela me corrigiu.
- Por que meu relógio não despertou? - perguntei, confuso.
- Porque ele está atrasado. Sua mãe te avisou para trocar a bateria dele faz duas semanas. - me lembrou Andrew.
- Ah, maravilha! - esbravajei, pulando da cama direto pro guarda-roupa.

Tirei a camisa clara que usava para dormir, mas de repente me lembrei de Andrew alí, sentada na beira da minha cama. Olhei para ela com as sobrancelhas franzidas.
- Com licença?
- Hahahahaha, que gracinha, você tem vergonha de mim. - ela riu, se acomodando mais na cama.
- Não me tente, garota. Sei bem que você iria me xingar em dois ou três minutos quando eu chegasse na parte de tirar as calças, então eu seria o culpado de toda a situação. - respondi.
- Você está esperto. Parece que está aprendendo a raciocinar. Vou me retirar, mister músculos. - ela riu ainda mais, se levantando e se dirigindo para a porta. - A propósito... - ela hesitou - beeeelo peitoral.
- Eu sempre soube que sua implicância com minha perfeita forma física era atração retraída. - eu ri dessa vez.
- Atração retraída? Está até inventando expressões irônicas agora. Andar comigo está te fazendo bem. - Andrew respondeu, superiormente.
- É, "misturar minha língua com a sua" está melhorando meu vocabulário. - eu enfatizei as aspas, e ela capitou minha ironia.
- Palhaço! - resmungou ela.
- Faz tempo que você não me chama assim. Me bateu até saudade daquela época do pacto agora. - eu ri de novo.
- Vou jogar um sapato na sua cabeça, e você vai matar saudades rapidinho daquela época. - esbravejou Andrew.
- Tenho uma idéia melhor. - decidi.

Avancei para ela e passei meu longo braço por sua cintura fina. A puxei para dentro do quarto outra vez, e recostei a porta, enquanto o corpo magro de Andrew se colava ao meu peito nu. E eu a beijei numa intensidade que a desmontou completamente em meus braços, até que minha respiração ficasse tão irregular quanto a dela. Quando afrouxei meu abraço, ela me afastou com empurrões fracos, e eu ri da reação dela.
- Seu maluco, sua mãe e meu pai estão em casa ainda! - ela ralhou.
- Como se você ligasse... - eu ainda ria.
- Além disso, você acabou de acordar. Escove os dentes antes da próxima vez! - ela parecia realmente brava agora.
- Quando estiver casada comigo, e eu acordar abraçadinho com você, não vai querer que eu te largue apenas para escovar os dentes, não é? - brinquei.
- Você está engraçadinho demais hoje! - ela quase riu, mas saiu e bateu a porta com força.

Suspirei. A doçura da presença amavelmente sombria de Andrew quase anestesiava minha ansiedade em relação ao grande jogo de hoje. Mas a realidade estava a poucos minutos de mim, e eu já estava atrasado para encará-la. Corri para o guarda-roupa outra vez, para me preparar enfim.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 66

Cheguei em casa pensativo e me deparei com meu anjo sombrio pousado sobre a poltrona da sala lendo o livro do mal, Crepúsculo. Revirei os olhos, e ela sorriu para mim como se achasse graça do fato de eu odiar o péssimo gosto literário que ela tinha.
- Está lendo essa merda de novo? - perguntei, azedo.
- Terminei o Amanhecer antes de ontem. To começando a série de novo. Tava com saudades do Crepúsculo... ele é tão mais doce. - Andrew suspirou.
- Andrew, precisamos conversar. - disse, me sentando no sofá ao lado.
- Adooooro quando você fica sério! É tão sexy! - ela riu, e eu revirei os olhos de novo.
- Engraçadinha. - murmurei
- Então... o que seus amigos acharam? - ela foi direto ao ponto.
- Eles são meus amigos. Acham loucura, mas me apoiam em tudo. E agora sabem que eu amo você. - eu expliquei.
- Você disse isso na cara da Liz? Que me ama? - Andrew sorriu maldosamente.
- Por favor, Andrew! Liz está com Matt agora. - defendi.
- Claro, claro. Mas ela olha pra você de um jeito... que me irrita. - Andrew murmurou.

Eu ri:
- Você morre de ciumes da Liz! - acusei, agora sorrindo.
- Acorda, Brad. Não tenho ciumes de você! - Andrew ficou brava.
- Hahahaha! Isso que você está sentindo, meu amor, é ciume. É algo normal quando se está apaixonado por alguém. Fique tranquila. - brinquei.
- Vai pro inferno! - ela riu

Suspirei por um segundo, então voltei meus olhos aos dela. Ela me fitava com um sorriso sincero no rosto e um olhar doce. Minha Andrew! Um anjo sombrio que havia entrado nos portões abertos do meu coração e então selado este para sempre. Não havia solução. Minha alma era somente dela, e a alma dela também era minha.
- O que pretende fazer? - me perguntou Andrew.
- Arranjar um jeito de assumir tudo o que somos um para o outro. - expliquei.
- Isso vai ser complicado. - ela disse.
- Você concorda em contar?
- Sim Brad. Está na hora de Ashley Hanners saber que você é meu! - ela sorriu com aquele olhar do mal que me assustava.
- Falando em Ashley, me lembrei que amanhã é o grande jogo.
- Seu primeiro jogo tendo Jonny como capitão do time de basquete. - suspirou Andrew.
- Sim. Amanhã vai ser o pior dia da minha vida. - mergulhei o rosto nas mãos.
- Eu vou estar na arquibancada torcendo por você. - ela afagou meu cabelo.
- Topa contar depois do jogo? - propus.
- Na segunda feira depois da aula. Assim teremos domingo para pensar em como dizer. - ela raciocionou.
- Boa idéia.
- Agora relaxe. Você precisa estar em forma para o jogo. - ela afagou meu cabelo outra vez.
- Você nem liga pro basquete. - eu ri.
- Mas você liga. Se é importante pra você, é pra mim também. - ela sorriu.
- Não espere que eu me importe com Crepúsculo, só porque é importante pra você. - eu franzi o cenho.
- Já te mandei pro inferno hoje? - ela franziu o cenho também.
- Já, umas cinco vezes. - eu ri.

Subi para meu quarto no intuito de descansar. Com meus pais em casa, essa sexta feira parecia perdida. Estiquei o corpo sobre a cama e olhei para o teto, mas não foi o iminente jogo de basquete que me veio a mente. O único ser que dominava meus sonhos, agora, era minha Andrew.