terça-feira, 13 de março de 2012

O Epílogo - Capítulo 11: Febre

A orgia entorpecente vinda da música alta e dos copos cheios de alcool que logo se esvaziavam era a energia mais forte dali. Sentada no sofá azul escuro extremamente macio, eu observava Anielle e Ember dançando animadamente. O corpo magro de Anielle, ainda pálido mesmo sobre o efeito de luzes, mexia-se lentamente em torno do corpo delineado e sensual de Ember. As duas estavam em plena sintonia, e as pessoas que dançavam à sua volta pareciam refletir seus movimentos. Elas eram o centro, o foco.

Eu estava hipnotizada pela beleza de sua dança. Na verdade, não sabia se meus olhos congelados se davam pela sensualidade delas, ou pelo copo quase vazio de vodka em minha mão direita. Foi quando vi a energia escura no fundo da sala: Louise. Seus olhos, também vidrados, acompanhavam os movimentos febris de Anielle e Ember. De repente, o lampejo que passou por seu rosto me deixou meio chocada. Ela estreitou seus olhos e fitou mais assiduamente minhas duas amigas. Olhei para Anielle e Ember, e depois voltei para Louise. De repente, me senti olhando para meu reflexo no espelho. Ambas olhávamos a dança com desejo. Ember roçou o rosto lentamente no pescoço de Anielle. Fechei meus olhos firmemente... maldita vodka.

Respirei fundo e joguei a cabeça para trás, fitando o teto. Senti o sofá se mexer e um cheiro conhecido, então fiquei com raiva. Estava bêbada, e vendo coisas demais... sentindo coisas demais. Mas, quando ouvi a voz dele, percebi que a bebida não poderia ter tamanho poder.

- Não está se sentindo bem, Kris? - disse preocupado Lerry, meu professor de Direito Civil.

Eu pulei de susto:
- LERRY?
- Desculpe, não queria assustar você. - ele se assustou também.
- Pro- pro- professor? O que faz aqui? - arregalei os olhos.
- Ah... alguns professores legais são convidados para festas universitárias. - ele riu.
- Nossa... eu não esperava mesmo ver você aqui. - eu estava ofegante.
- Não sou o único docente aqui. Veja ali na mesa de bebidas. - ele sorriu.

Trajada de um tubinho negro, Mabel estava sombriamente linda. Meus olhos pegaram fogo assim que a foquei, e percebi que a vodka libertava um lado meu que eu mesma desconhecia. Esperta como uma gata, Mabel sentiu meu olhar febril sobre ela, e me focou sorrindo. Senti meu rosto queimar, e resolvi virar o restante de vodka em meu copo.

- Está linda hoje. - disse Lerry.
- Mabel é sempre linda. - respondi.
- Não ela... você. - ele disse, meio confuso.
- Ah, eu? Nossa, obrigada. Desculpe, acho que bebi demais.
- Tudo bem, eu também bebi um pouco. - ele riu.

Notei que ele estava bem solto naquela noite. A camisa branca estava com os primeiros botões abertos, e ela descia por cima de um jeans claro. Nos pés, haviam tênis, e não os costumeiros sapatos sociais. Ele estava sexy... e eu estava bêbada... maldita vodka.

- Você está sexy hoje. - eu disse sem querer, e depois mordi a lingua.

Lerry riu alto:
- Acredito que todo mundo está sexy pra você hoje.

Eu sabia que devia estar vermelha, mas não conseguia encontrar minha vergonha.
- Provavelmente. Juro que senti a mesma coisa olhando você e Mabel. - disse, fechando os olhos.
- Agora estou ficando com medo. - Lerry riu novamente.
- Acho que vodka é a bebida do diabo. - eu ri.
- Bem vinda ao inferno. - Lerry colocou outro copo em minha mão.
- Oh não... - eu quis rejeitar.

Lerry apontou para Anielle e Ember.
- Ninguém está rejeitando nada esta noite.

Anielle estava dançando ainda mais febrilmente com um rapaz do segundo ano. Já Ember, estava entretida com uma garota que eu nunca tinha visto. Ambas pareciam completamente eufóricas e sem se importar com a manhã seguinte. Resolvi tomar mais um gole. Afinal, meu professor másculo, lindo e loiro estava me oferecendo. E o que eu mais queria era relaxar.


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