sábado, 31 de julho de 2010

Minha Mãe casou de Novo - Capítulo 82

- Opa! Reunião de família? - riu Jonathan ao entrar em casa e se deparar com todos nós na sala.

Ele fez piada, mas mal sabia que era quase verdade o que dissera.
- Jonathan, meu bem, acho melhor se sentar. - Janet miou, a voz triste.

Eu bufei e me joguei no sofá de quatro lugares. Dessa vez vi Andrew revirar os olhos.
- O que houve? - agora Jonathan estava preocupado.
- Brad e Andrew... estão dizendo que estão apaixonados. - Janet falou pesarosamente.
- O que? - Jonathan ficou perplexo.
- Olha Jonathan, antes que você comece a viajar, só quero avisar que a única coisa que fiz foi beijar a sua filha. Mais nada! - discursei e minha mãe me olhou apreensiva.
- Espera, espera. Filhinha, você odeia o Brad, não odeia? - Jonathan estava meio sem acreditar ainda na história.
- Ah... bem... o ódio é bem próximo do amor, não acha? - Andrew respondeu. Que bela forma de dizer "eu amo o Brad".
- Cheguei em casa e vi Brad beijando Andrew. Querido, eles juram que não passaram de beijos, mas estou atormentada. Eles ficam muito tempo sozinhos aqui em casa. - Janet explicou.
- Calma... espera um pouco. - Jonathan pediu.

O homem calmo e risonho agora estava perturbado também. Vi ele se apoiar no braço da poltrona de minha mãe e respirar fundo. Colocou os dedos indicador e polegar direito na base do nariz e fechou os olhos, tentando engolir o que ouviu. Quando abriu os olhos, me fitou confuso.

- Está namorando Andrew escondido? - ele perguntou, a voz falhando.
- Namorar é uma palavra bonita, não? Dá a idéia de seriedade. Gostei. Acho que você entendeu que estou falando a verdade quando digo que a amo. - respondi, mais calmo.
- Desde quando estão namorando escondido? - Jonathan parecia sério agora.
- Não sou muito bom com datas. - confessei.
- Isso está errado. Vocês são como irmãos. - Jonathan disse isso pra si mesmo.
- Epa, não vem com essa de irmãos, pai. - pediu Andrew.

Janet suspirou:
- Não entendem? Estamos numa crise aqui. Se permitimos que isso continue, com vocês assim, tendo tão fácil acesso um ao outro, pode imaginar o que vão dizer de nós? É negligência paternal. Vocês são muito jovens ainda.
- Mãe, temos mais seis meses de colegial. Estamos nos formando e iremos para a faculdade. Logo seremos maiores de idade e estaremos fora do controle de vocês. Podemos fingir que não temos nada até lá. - sugeri, e Andrew fez uma careta.
- Não se trata disso. Se trata que é estranho e nada natural. Se estão apaixonados, não vão resistir um ao outro enquanto estiverem morando juntos. Podem acabar fazendo alguma besteira e acabando com a juventude de vocês. - explicou Jonathan.
- Não vamos fazer besteira. - Andrew reclamou.
- Andrew, dia após dia juntos, sozinhos nessa casa. Não subestime seus hormônios, querida. E se você sair dessa grávida? - Janet foi direta.
- É uma possibilidade... e talvez uma fatalidade. - concordou Jonathan.

Revirei os olhos. Aquilo era um absurdo. Eu não ia engravidar Andrew. Pra que existiam contraceptivos? Além disso, não ficávamos tanto tempo sozinhos assim. E Andrew era meio durona na queda. Não ia conseguir levar ela pra cama tão fácil.
- Jonathan, meu bem. Só há uma solução para isso. - Janet disse, decidida.
- O que vai fazer, amor? - vacilou Jonathan.
- Venha comigo, quero conversar com você a sós lá no quarto. - ela pediu, e Jonathan a seguiu pela escada.

Suspirei. Iam falar da gente sem a nossa presença. Quando escutei a porta do quarto lá de cima se fechar, olhei para Andrew completamente perdido.
- O que acham que eles vão fazer? - sussurrei, tenso.
- O que você acha? - Andrew respondeu, ríspida.
- Há tantas coisas para se fazer trancado no quarto. - eu ri, mas minha piada era tão ruim que meu riso foi desafinado e desanimado.
- Aff, Brad. É óbvio que eles não vão namorar agora! - Andrew achava que eu estava falando sério?
- Eu estava brincando... - avisei, só por precaução.
- Brad, sua mãe é durona. Ela vai propor separação ao meu pai, certeza. - Andrew sussurrou, tensa também.
- O que? Mas... mas eles se amam. - fiquei horrorizado com a idéia.
- Como você disse, temos mais 6 meses nessa casa. Isso se formos aceitos na faculdade. Eles vão tentar nos manter afastados até lá. E o unico jeito de nos separar, é eles se separando também. - Andrew tentou me fazer raciocinar.
- Não... - eu arfei, pasmo.

Não era isso o que eu queria confessando nosso amor. Queria que minha mãe entendesse. Eu juraria de joelhos se ela me pedisse. Eu assinaria um contrato com meu sangue prometendo não passar dos limites com Andrew Marew. Eu ficaria na rua até que ela e Jonathan estivessem em casa. Mas não queria que minha mãe se separasse do pai de Andrew. Não queria vê-la triste longe do único cara com quem ela conseguiu construir uma vida. E também não queria ficar longe da minha ninfa das sombras.

sábado, 24 de julho de 2010

Minha Mãe casou de Novo - Capítulo 81

- Mas o que... o que.... ah... Brad?... Andrew??? Vocês.... - minha mãe gaguejava em choque.
- Mãe, não é nada do que a senhora está pensando! - foi a primeira coisa que veio à minha mente.

Mas que coisa inteligente a se dizer. Claaaaro. "Não é nada do que você está pensando". Andrew teria revirado os olhos e me dado um chute se não estivesse em choque também ao meu lado. Eu era o único que ainda conseguia se mecher, então tinha a obrigação de dar um desfecho a essa história.

- Mãe, pode soltar a maçaneta da porta? Vai quebrá-la torcendo-a dessa forma. - Janet piscou soltando a maçaneta e flexionando os dedos, saindo do estado de choque. - Sente-se mãe, precisamos conversar.

Minha mãe, Janet, engoliu seco, mas saiu da posição que estava, fechando a porta atrás de si e cambaleando para a poltrona onde Andrew estivera sentada quando cheguei. Ao ver Janet se mechendo, Andrew ofegou e estremeceu, saindo do choque e me olhando desesperada. Olhei de volta para ela meio envergonhado, meio que me desculpando e meio que alertando que ia contar tudo.

Não era a hora perfeita. Eu não tive tempo de escolher as palavras certas. Como foi que não ouvi a mini van de minha mãe entrando no jardim? A presença de Andrew me atormentava mesmo. Eu tinha ficado surdo, bobo e burro desde que me apaixonara por ela. E agora a senhorita Dona-da-Verdade estava em pânico e eu é que tinha que dar um jeito na situação? Era mais fácil quando Andrew tomava a dianteira. Ela era tão melhor com as palavras do que eu. Mas a garota da pele de porcelana com os olhos perdidos ao meu lado agora não parecia nem sombra da moça metaleira de atitude que fazia meu peito acelerar de paixão. Mesmo assim, meu coração acelerou e senti uma enorme vontade de reconfortá-la. Mas a mulher sentada na poltrona respirando fundo e contando as batidas do próprio coração estava esperando uma explicação. E eu tinha que ser homem agora.

- Mãe, eu e Andrew estamos apaixonados. - essa era a melhor maneira de começar.
- Brad! Você enlouqueceu? Você e Andrew... se odeiam! - Janet arfou.

Por que todo mundo dizia isso? Argh!
- Talvez nosso ódio fosse medo de admitir uma atração tão forte. - suspirei, e Andrew vacilou atrás de mim, caminhando até o sofá ao lado.
- Não, não, não querido. Você puxou isso do seu pai. Tão volúvel. Você só acha que está atraído por Andrew porque ela é uma garota diferente. Não faça isso com ela. - Janet choramingou, mas eu grunhi com a comparação.
- Pelo amor de Deus, mãe! Já disse pra não me comparar com meu pai! Não é nada disso. Não é ilusão. Eu a amo mesmo. - refleti.
- Disse que amava a moça loira também. - tuchê! Eu sabia que cedo ou tarde minha mãe ia jogar Ashley Hanners na minha cara.
- Mãe, por favor. Acredite em mim. Estou apaixonado. - disse, e olhei para Andrew. Ela fitava o chão.
- Desde quando estão fazendo isso? - Janet perguntou, ofegando, se referindo ao beijo que presenciou.
- A algum tempo. - eu respondi.
- Droga... droga. - Janet lamuriou.
- O que foi, mãe? - fiquei tenso.
- Eu nunca considerei um perigo deixar voces dois sozinhos nessa casa antes. Vocês eram incompatíveis, viviam brigando. Eu achei que essa implicância vinha porque vocês se viam como irmãos mesmo. Nunca achei que... que iriam ceder a tentações. Ah! Não confie em adolescentes, mesmo que se odeiem. - Janet choramingou para si mesma.

Dessa vez, Andrew falou:
- Não, Janet! Nós não fazíamos nada demais pelas costas de você e do papai. Não pense besteira. Apenas aconteceu um beijo ou outro. Eu não sou... assim. - ela se defendeu.
- O que eu posso pensar, Andrew? Chego em casa e vejo você e Brad se beijando! - Janet gritou.
- Mãe! Está fazendo tempestade em copo d'agua! - gritei também.
- Vocês moram na mesma casa! - Janet devolveu o argumento.

Andrew lançou as mãos para cima, exasperada:
- Eu te disse, Brad! Eu te disse que eles iam pensar isso. - ela arfou.
- "Eu te disse" não ajuda muito agora. - murmurei.
- Vocês dois ficaram sem supervisão. É o que acontece. Mas como, como eu podia imaginar... - Janet falava consigo mesma, pesarosa.

Nesse instante, ouvimos o sedan de Jonathan entrando no jardim. Ah, ótimo! Agora o circo tava completo. Com Jonathan em casa, minha mãe ia piorar na palhaçada. Respirei fundo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 80

Cheguei em casa e me deparei com a moto de Andrew na frente do portão. Ri para mim mesmo e estacionei o Maverick na rua, junto à moto da minha ninfa do mal. Desci do carro e dei a volta, entrando pelo portão meio enferrujado e passando pelo jardim. Quando abri a porta da sala, encontrei Andrew sentada na poltrona com uma expressão amoada.

Enquanto eu entrava na sala, ela nem sequer se mechia.
- Andrew? - eu disse, achando que ela não tinha percebido minha chegada.
- Reconheço o som do seu maverick à quilometros de distância. Já falei pra você levar num mecânico e dar uma checada no motor. Droga de carro velho! - murmurou ela, sem olhar para mim.
- Que bom que você está de bom humor - ironizei. - Precisamos conversar.

Andrew arfou e levantou da poltrona. Olhou para mim perplexa.
- Conversar? Já não basta a loucura que você fez hoje no colégio? - rugiu ela.
- Loucura? Andrew, Ashley nos delatou. Não compensava mentir. Chegou a hora de encarar a verdade! - rugi devolta.
- Brad, você tem idéia da extensão que vai ter o que você fez hoje? Agora todos sabem sobre a gente! Logo logo isso vai chegar aos ouvidos do meu pai e da sua mãe! - gritou ela, desesperada.
- É aí que eu queria chegar. Está na hora de contar para eles, Andrew. - eu disse.

O rosto de Andrew passou da habitual palidez pro vermelho. Ela ia explodir, mas respirou fundo e tentou me explicar com calma, falhando na voz trêmula.
- Brad... você não parou para pensar o que vai dar na cabeça dos nossos pais quando eles souberem? Nós moramos na mesma casa e sempre ficamos sozinhos na hora do almoço. Vão achar que estamos aprontando pelas costas deles. É o que toda a escola está pensando agora. Meu pai e sua mãe vão ficar desesperados com a idéia. Vão brigar tentando um colocar a culpa no filho do outro. E vão chegar a conclusão de que é melhor nos separar. E para nos separar, eles tem que se separar. Entendeu? Vamos acabar com o casamento deles!

Fiquei pensativo, digerindo o que minha ninfa estava dizendo.
- Andrew, você tá viajando. Estamos no século XXI. E mesmo que tivesse acontecido algo entre a gente, que de mal haveria nisso? - perguntei.
- O mal é que se trata dos nossos pais. Para eles, é um absurdo um casal de jovens morarem sob o mesmo teto. - ela argumentou.
- E qual era o seu plano então? Me namorar escondido pro resto da vida? - fiquei irritado.
- Meu plano era levar essa situação até que fôssemos para a faculdade e estivessemos livres da mão de nossos pais, podendo tomar nossas próprias decisões sem que eles achassem que somos jovens demais para decidir coisas importantes como nosso relacionamento. - desabafou Andrew.

Eu sorri com isso. Meio infantil, mas sorri.
- Então você não pensou em nenhum momento em me usar e depois me jogar fora e fazer de conta que nunca tivemos nada? - perguntei, tímido.

Agora Andrew riu também.
- É claro que não, seu bobo. Quem faz isso é o velho e garanhão Brad. Conhece?
- Conheço... e você matou ele. Eu gostava daquele cara. - ri de novo.
- Claro, um galinha sem futuro. Quem não gostava dele? - ela continuou rindo.
- Você amava... e ainda ama. - eu sorri, me aproximando dela.
- Você é um cachorro. - ela murmurou, sem resistir a minha aproximação.
- Au au. - eu brinquei, e ela riu mais uma vez.

Encostei os lábios nos dela, e meu mundo ficou colorido outra vez. Meu anjo sombrio envolveu meu pescoço com os braços finos e eu suspirei, abraçando-a pela cintura perfeita. Enquanto me deleitava de seu beijo, ouvi um arfar vindo atrás de mim. Soltei Andrew bruscamente no susto, e me virei para ver quem era. Minha mãe estava parada na soleira da porta da sala com o rosto apavorado.

domingo, 18 de julho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 79

- Senhorita Hanners, desça imediatamente de cima dessa mesa! - ordenou a voz imperativa da diretora Rosalie.

Todo mundo estremeceu com o rugir da mulher idosa e baixinha. Ashley desceu trêmula da mesa, enquanto eu fitava Andrew, que estava ainda paralisada. Assim que Ash estava no chão, a diretora Rosalie continuou.

- Senhorita Hanners, me acompanhe até a diretoria. Já sabe que vai ficar de detenção, não sabe? Onde já se viu, uma mocinha tão bem-parecida fazendo parafernalha na hora do intervalo! - ralhou ela, e depois se voltou para a multidão - E vocês? O que estão fazendo aí parados? Todos para a sala, imediatamente! Vocês tem cinco minutos pra sair da minha vista, ou irão para a diretoria também!

A multidão se dissipou rapidamente, e meu olhar correu para encontrar Andrew novamente, mas ela não estava mais alí.
- Algum problema, senhor Stanley? - perguntou a diretora, me fitando amargamente.
- Nã-não, diretora Rosalie. - gaguejei.
- Então vá para a sala! - gritou ela.
- Sim senhora! - eu corri, olhando para Ashley uma última vez.

Ashley estava com uma expressão desolada. O rosto confuso com minha declaração a Andrew, o semblante baixo e o ar de derrota por todo o corpo. Não gostei de vê-la assim. Uma pontada doeu fundo no meu coração.

Quando cheguei na sala de aula, percebi logo que Andrew não estava lá. A bolsa grande de preta não estava mais na carteira dela, então supus logo que ela havia fugido da escola. Medo dos alunos, ou medo de me encarar? A incerteza martelou em minha mente, enquanto me dirigia até minha carteira. O professor de Biologia ainda não havia chegado, e eu tinha poucos segundos. Na carteira da frente, Liz me olhava desconfiada:

- Vai atrás dela?
- Não sei... - suspirei.
- Ela não te apoiou lá no refeitório, na frente de todo mundo, Brad. Se a diretora Rosalie não chegasse, você ia pagar de tonto. - refletiu Liz.
- Andrew tem os motivos dela. - tentei ser compreensivo.
- Claro. Ela te ama, mas ainda quer que você pague pelos erros do passado. Quer saber, Brad? Ela é uma metaleira grossa que se acha dona da verdade. Uma idiota que se acha superior só porque tem coragem de bater de frente com os populares. Ela não é ninguém pra te julgar. Eu, que tenho o dever de te julgar, que sofri na sua mão, nunca te julguei. E no entanto você fez a coisa mais linda que eu já vi um cara fazer por uma garota, e ela foge? Qual é, Brad? Tá na hora de você ser homem! - Liz me deu um sermão.

Refleti um pouco. O ponteiro do relógio batia dez horas da manhã. Respirei fundo, e olhei nos olhos da minha amiga:
- Você tem razão, Liz. Eu tenho que ser homem. Mas... vou ser muleque uma última vez, ok? - eu ri, enquanto tacava a mochila nas costas e saia correndo da sala de aula.

Antes de sair pela porta, ouvi Liz bufar. Eu sabia que ela tinha razão. Andrew deu uma mancada feia. Mas eu não ia deixar isso barato. Só que, antes de tirar satisfação por isso, eu precisava saber onde Andrew estava. Avancei pelo corredor comprido, ainda com alunos se direcionando para as salas. Virei a direita e dei a volta para que o inspector não me visse fugindo da aula. Atingi o estacionamento e pulei para dentro do Maverick preto e antigo. Liguei o carro de primeira e dei ré até o portão aberto. Vazei pela rua, o motor roncando para combinar com a emoção da fuga. É claro que amanhã eu levaria uma advertência. E é claro que minha mãe ia arrancar minha orelha fora por causa disso. Mas naquele momento, isso não importava. Estava indo atrás da minha ninfa da escuridão. E eu tinha certeza que meu anjo sombrio estava em casa, com medo de encarar os outros alunos. Meu Maverick acelerou e roncou alto, no ritmo do meu coração.

domingo, 11 de julho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 78

O sinal tocou. Debandei da sala, arrastando Liz e Andrew comigo, segurando ambas pelo braço. Parei perto da entrada do refeitório.

- O que é Brad? Está me deixando apavorada! - gemeu Liz.
- Dá pra soltar meu braço? Está me machucando. - reclamou Andrew.

Eu as soltei.
- Ashley veio falar comigo. - arfei.
- O que ela queria? - perguntou Liz.
- Me ameaçou. - gemi.
- Larga a mão de ser frouxo, Brad. - zombou Andrew.
- É sério, Andrew. A última vez que Ash me ameaçou, ela me tirou do posto de capitão. - ofeguei.
- O que ela disse exatamente? - insistiu Liz, enquanto Andrew revirava os olhos.
- Disse que minha glória ia acabar hoje, no intervalo. - expliquei.
- Então vamos ver o que ela vai fazer. - concluiu Andrew, indo para a porta do refeitório.
- Andrew! - chamei.
- Eu não tenho medo de Ashley Hanners, Brad. - informou Andrew, abrindo a porta com tudo.

O clarão do reflexo do sol matinal sobre o piso branco do refeitório me cegou por dois segundos. Quando minha visão estabilizou, vi Andrew paralisada na porta. Liz, com boca escancara, entrava no refeitório. Eu entrei, e vi Ashley em cima da mesa central chamando a maior platéia possível. Minha boca se escancarou também.

- O que essa louca vai fazer? - sussurrou Andrew, um pouco menos confiante agora.
- Dar algum anúncio importante? - sugeriu Liz, palpitante.
- Ou contar algum escândalo. - supus.
- Caramba! Ash pirou de vez. A diretora baixotinha já foi chamada. Hoje a loirinha fica de detenção. - contou Matt, chegando de repente perto de nós.
- Você sabe o que ela quer com isso, Matt? - Liz perguntou, suplicante.
- Eu suspeito. Acho que tem a ver com Brad. E... fui eu quem chamou a diretora. Espero que ela chegue antes de Ash abrir a boca. - Matt explicou, e eu olhei tenso para ele.

Nesse momento, li nos olhos de Matt o que ele achava que Ashley ia fazer. Ele havia tentado me salvar chamando a diretora. Mas era tarde demais. Ela ia contar. A multidão de alunos circulava a mesa central, curiosa. Entre os alunos, estava Jonny, o olhar tenso. Ofeguei. Ao meu lado, Andrew ofegou também. Ashley abriu a boca.

- Temos um escâdalo nessa escola! E eu vou contar a vocês do que se trata! - gritou ela, decidida.

Sussurros e cochichos chiaram da platéia confusa. Ashley respirou fundo, e continuou:
- Conhecem Bradley Tommas, o ex e agora atual novamente capitão do time de basquete? Ele está apaixonado... e namorando escondido uma garota!

Quando ela disse isso, os alunos começaram a rir.
- Brad está sempre namorando alguém! Ele é um galinha! - gritou Selena, bufando.

- Dessa vez é diferente! - redarguiu Ashley. - Não é uma garota comum. Brad está namorando Andrew Marew, a irmã dele! - gritou ela, apontando para nós.

A multidão que fitava Ashley parou de rir, e voltou os olhos assustados e surpresos para trás, onde estavamos eu e Andrew. Meu coração vacilou e voltou a bater acelerado, e senti como se pudesse ouvir o coração de Andrew fazendo o mesmo. Liz e Matt congelaram, enquanto o cochicho entre os alunos recomeçavam.

- Andrew Marew? - ouvi Nicolle, uma das ex-líderes de torcida ofegar.
- Eles não são irmãos? - um cochichava para o outro.
- Acho que não... eles não tem laços sanguíneos. Parece que o pai dela casou com a mãe dele, uma coisa assim. - outros supunham.
- Mesmo assim, eles moram juntos. É estranho... - sussurravam alguns.

Nesse momento, meu coração se acalmou e reclamou uma atitude minha. O sangue em minhas veias ficaram mais quentes, e eu respirei fundo antes de falar alto e claro.
- Primeira coisa: ANDREW MAREW NÃO É MINHA IRMÃ! - gritei, e todos se calaram.

Ashley olhou para mim inquisitiva, mas eu continuei.
- Segunda coisa: Ashley... foi legal enquanto durou, mas não rola mais. Por que você não tenta viver? Você é linda, e muitas caras dariam tudo para estar com você agora. Está na hora de você seguir em frente e me deixar em paz. Eu tenho vida. Você tem? Então cuida da sua.

Nessa hora, Ashley vacilou, e tentou gaguejar algo como "não se trata de você..." mas todos sabiam que aquele escandalo era causa de uma amargura guardada por despeito. Eu a olhei, não com raiva, mas com pena. Ela estava desesperada. Havia perdido muita coisa nesses tempos, e só queria descontar sua dor em quem ela acreditava ser o culpado - eu.

Respirei fundo. Agora vinha a parte mais difícil.
- Terceira coisa: E se eu amar Andrew? Qual o problema? Ela é apenas filha do cara que se casou com a minha mãe, mas continua sendo uma garota dessa escola, disponível. Olhem para ela. Ela ... ela é incrível. Vocês podem dizer o que quiser sobre ela não combinar comigo, ou de sermos de mundos diferentes. Eu estou cansado das regras dessa sociedade que se desata desde o colegial, onde olhamos uns para os outros como inimigos. Onde estamos? Numa escola, não é? Eu sou um adolescente, e tenho direito de me apaixonar. E estou perdidamente apaixonado por Andrew Marew, uma metaleir... é... uma headbanger. Tantas líderes de torcida, e nenhuma delas despertou em mim metade do que Andrew desperta. E se isso for além do colegial... e se isso atravessar a faculdade... eu sei que vou ser feliz. Porque me sinto completamente feliz quando estou com ela. Ela... a garota rebelde meio maluca que senta no fundo da sala e escuta Stratovarius. A banda é uma droga, mas... eu te amo, Andrew.

Todos me observavam chocados. Andrew possuia a mesma expressão pasma. Eu a fitei, esperando uma reação. Afinal, havia acabado de me declarar para ela na frente da escola toda. De relance, vi Andrew vacilar para trás. Não, não, não, não... ela não ia fazer isso comigo, ia? Fugir e me deixar como um paspalho declarante plantado sem resposta alguma na frente de todos. Tudo bem. Se ela fizesse, eu entenderia. Eu era um cretino, e merecia isso por ter magoado metade de todas as garotas presentes. Eu era uma frustração feminina, e estava na hora de pagar meus pecados.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 77

Era para ser uma manhã normal. Era pra ser um dia normal. O domingo passou tranquilo, sem altos e baixos, no sabado meu time ganhou o jogo, Liz derrotou Ashley na competição... tudo na boa.

Segunda feira. Desde que nasci nunca gostei de segunda feira. Dia idiota. Maaaas, se não existisse segunda feira, a terça seria uma segunda, e eu ia odiar um dia na semana do mesmo jeito. Acordei sorridente. Afinal, hoje depois da aula Andrew tinha topado contar sobre nosso namoro a nossos pais. Ela meio que desconversou isso o fim de semana todo, mas sabia que ela tinha palavra e não ia voltar atrás. Tomei uma ducha que combinava com minha energia no momento. Vesti minha camisa xadrez favorita e meus jeans surrados, além do all star preto. Coloquei o estiloso ray-ban na bolsa, e joguei a mochila nas costas. Passei por Andrew na cozinha e lhe dei um beijo, visto que minha mãe e Jonathan já haviam ido trabalhar. Peguei uma maçã e me direcionei para sair de casa, lançando um charme para minha ninfa do mal.

Entrei no maverick, e liguei o motor. Legal! Pegou de primeira. Bom humor é contagiante. Até o carro curtiu a onda. Acelerei, deixando o vidro aberto, que lançava uma brisa ligeira mas leve em meu topete preto. Parei no estacionamento, do lado do carro feio de Matt. Addam não roubava mais meu lugar entre os carros dos populares, e Jonny me abrira uma brecha. Isso era bom. Significava que ele não me odiava porque Ashley havia jogado na cara dele que me amava...

Andei pelo corredor do colegio radiante, me posicionei em frente ao armário, pegando os livros sorridente. Sentia que podia até dançar. Dei um giro "estilo Michael Jackson" e então parei bruscamente paralisado. Ashley Hanners... olhando para mim, sem expressão.

- A-a-ash? - gaguejei. Não esperava que chegasse perto de mim... não hoje.
- Olá, Bradley Tommas. Deve estar muito feliz, não é? É bom ver que está curtindo a sua vitória e a vitória de Liz, sua nova amiguinha. Eu só vim te avisar que hoje seu dia de glória acaba. E no intervalo você vai descobrir por que. - Ashley cuspiu as palavras para mim, e eu ouvia pasmo.

Ela se virou e foi para a sala de aula. O sinal tocou e Andrew ainda não havia chegado. Eu estava inquieto na minha carteira, louco para que ela chegasse. Eu precisava contar a ela o que Ashley tinha me dito. Aquilo era uma ameaça fria. Ela tinha um As na manga... algo que eu não esperava. Nisso, Liz entrou soberba na sala, e veio sorridente até mim. Eu a fitei agoniado, e ela percebeu meu estado de espírito. Se sentou na minha frente, e se virou para me perguntar o que acontecera. Antes que eu pudesse abrir a boca, o professor de Matemática entrou e exigiu silêncio da sala. Minha agonia inflamou. Então Andrew chegou e se sentou ao meu lado.

Eu queria falar com ela, mas se abrisse a boca, o professor me daria uma bronca. Passei a aula toda batendo o lápis na carteira de nervoso. Não consegui prestar atenção. Não consegui resolver nem um único mero exercício. Andrew me fitava, muda, mas inquisitiva. Ela sentia minha agonia. Liz, à minha frente, também parecia atormentada.

O que Ashley tinha em mente? O que ela faria no intervalo que ia acabar com minha vida? Ela já não tinha me prejudicado o bastante? O que mais ela poderia querer de mim? Que amor doentio era esse? O lápis quicava na minha mão. Fitei o outro lado da sala. Ashley sentiu meu olhar, e virou para mim com um sorriso maléfico. Eu estremeci.