terça-feira, 9 de março de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 59

- Ora, ora, temos visita? - perguntou Jonathan, sorrindo enquanto entrava em casa segurando desajeitado sacolas com marmitas do restaurante da esquina, sinal de que minha mãe não iria fazer almoço hoje... de novo.
- Senhor Marew? - perguntou Robert Turnwell, se levantando.
- Andrew, querida, pode levar essas sacolas para a cozinha? - pediu Jonathan, educado, passando as sacolas para Andrew e se virando para Robert. - Sim, sou eu mesmo. Prazer em conhecê-lo, senhor...?
- Robert Gilmore Endrick Turnwell, pai de Adam, dono do Porsche que seu filho destruiu. - reclamou Robert, apertando a mão de Jonathan, que mais parecia uma agressão do que um cumprimento.
- Ele não é meu pai... é marido da minha mãe, apenas... - argumentei, encostado na bancada perto da porta. - e o porsche não foi destruído. Aquilo foi só um amassadinho.
- Amassadinho? Quero ver você pagar o "amassadinho" então! - atacou Adam.
- Eu vou pagar, almofadinha britânico! - contra-ataquei.
- Troglodita americano! - xingou ele.
- Bixa européia! - xinguei também.
- Ei meninos! Parem com isso! Mas que absurdo! - gritou Jonathan, e eu bufei.

Jonathan fez um gesto para que Robert e Adam se sentassem. Eu fiquei alí, perto da porta, e Andrew veio para o meu lado, enquanto acompanhávamos a conversa.
- Acha que eles terão coragem mesmo de cobrar o carro? - cochichou Andrew.
- Obviamente. - respondi.
- Como vai pagar, Brad? Nem meu pai tem tanta grana assim. É um porsche! - avisou ela.
- Calma Andrew, vamos negociar.
- Negociar... - resmungou Andrew, balançando a cabeça.

Em dois minutos de conversa Jonathan estava sorrindo de novo, com seu jeito simples e pacífico. Adam e Robert agora falavam mais calmos. Era estranho como a aura superior de Jonathan derretia a raiva das pessoas.
- Senhor Marew, nossa intenção não é extorquir ninguém. Sabemos que vocês, americanos, tem um modo de vida mais "simples", mas o seu enteado tem que prestar mais atenção quando dirige. Só queríamos dar um alerta a ele. - disse Robert, e eu escancarei a boca.
- Bradley é um bom garoto e dirige muito bem, senhor Turnwell. Ele estava meio, distraído naquele dia. Mas nós fazemos questão de pagar o conserto. - respondeu Jonathan, e eu disse pra mim mesmo "não fazemos não".
- Senhor Marew, não me ofenda mais. O Porsche de Adam está belíssimo e inteiro outra vez. Mas deixamos para o senhor o conselho de treinar mais esse garoto no volante antes soltá-lo na rua. - disse Robert, e eu quis esganá-lo.

Entre gentilezas e despedidas, Adam e Robert resolveram tudo com Jonathan e ainda saíram de casa sorrindo. Antes de sair pela porta, Adam beijou a mão de Andrew novamente, e eu o fuzilei com os olhos, o que provocou o riso da minha bonequinha de porcelana gótica.
- Tchau Troglodita. Cuidado quando ver um carro que você nunca vai ter passando pela rua! - atacou Adam antes de entrar no carro grande e preto de seu pai.
- Por que não vai tomar no seu... - gritei, antes de Andrew me cortar.
- Brad! Não estrague tudo que meu pai consertou! - aconselhou ela, e eu fitei o carro preto virando a esquina com as mãos fechadas em punhos.

Como tudo podia ter se resolvido de uma forma tão simples? Nesse momento, senti inveja da calma e da simpatia de Jonathan. A vida era tão simples para ele. Não era por nada que minha mãe o amava. Ele me deu um tapinha caloroso nas costas antes de entrar para dentro, e Andrew sorriu para mim, também entrando. Respirei fundo, sentindo o alívio enchendo meus pulmões junto com o ar. Pelo jeito, não ia ter que vender até minhas cuecas boxer para pagar porcaria nenhuma. Ri de mim mesmo e entrei também.

Nenhum comentário: