quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 83

- Está decidido! Brad, vá arrumar suas coisas! - ordenou Janet, minha mãe, pela quarta vez.
- Mas mãe... - tentei argumentar de novo, sendo cruelmente cortado.
- Brad! Será que dá pra me obedecer? - gritou ela.

Eu grunhi. Estava contrariado, magoado, estressado e mais mil "ados" negativos diferentes compondo uma sensação de nostalgia que me dava um nó na garganta. Minha mãe saiu do quarto decidida a sair da casa de Jonathan e me levar junto com ela. "Não estamos nos separando", garantiu ela ao ver minha cara de desespero junto com a cara pasma de Andrew, "é apenas por alguns meses, enquanto vocês terminam o colegial". Ela não estava feliz. Seu semblante derrotado entregava isso. Jonathan também estava arrasado. Por que eles estavam fazendo aquilo?

- Você sabe que assim é melhor. As coisas vão se ajeitar, Brad. - Jonathan tentou sorrir.

O combinado era: Janet voltar comigo a morar no nosso antigo apartamento no subúrbio de Nova York enquanto Andrew e Jonathan ficavam na casa grande dele no centro. Eu e Andrew poderíamos namorar, eles disseram que nem sequer pensaram em nos proibir disso. Mas não podiam permitir que dois adolescentes morassem juntos tendo fácil acesso um ao outro durante a noite toda. "Uma tentação que pode levar a um grande problema" foi a expressão que minha mãe usou. Ela e Jonathan ficariam separados até o fim do ano. "É como se voltássemos a namorar", disse Jonathan, sorrindo um pouco com a brincadeira melancólica. Eles se veriam sempre que pudessem. Minha mãe disse que iríamos sempre jantar na casa de Jonathan. Ainda conviveríamos juntos, mas não mais durmiríamos na mesma casa.

Dormir era todo o problema? Mas que droga! Propus que eles colocassem travas nas janelas e nas portas do meu quarto e me encarcerassem a noite pra que eu não pudesse sair e escapulir pro quarto de Andrew. Jonathan balançou a cabeça e minha mãe bufou. "Não vou proibir você de ser adolescente, meu filho" justificou ela. Então me mandou arrumar a mala uma quinta vez.

Eu obedeci, derrotado. Amassei minhas camisas xadrez na antiga mala com a qual eu me mudara para a casa de Jonathan. Parei enquanto colocava os livros na caixa de papelão. Olhei meu quarto singelo e suspirei. Talvez fosse a última vez que estava dentro dele. Eram mais alguns meses de colegial. Se eu conseguisse entrar na faculdade, iria ser independente. Pensei aliviado no fato de Andrew querer fazer a mesma faculdade que eu. Dalí a alguns meses, poderíamos ficar juntos sem que minha mãe e Jonathan se sentissem culpados. Mas a nostalgia composta de sentimentos ruins voltou no mesmo instante. Minha mãe teria que ficar meeeeses longe de seu marido por minha culpa. Ela se sacrificava demais.

Lembrei nesse momento que teria um problema maior pela manhã. Enfrentar os alunos no colégio. Meus colegas de escola agora sabiam de minha paixão pela rebelde metaleira metida a maluca. E eu ainda duvidava se Andrew ia assumir ser minha namorada na frente de todos. Se ela me desprezasse na escola, depois de tudo o que nossos pais estavam fazendo pra que pudessemos ter um relacionamento normal, ela me magoaria de verdade. Estava farto de passar por alto as grosserias de Andrew. Toda aquela nostalgia fez a certeza de que eu queria passar o resto da vida com Andrew ficar por um fio. Se ela me magoasse de tamanha forma, eu não iria mais correr atrás dela.

Levantei carregando a caixa de livros e cds num braço e a mala de roupas no outro. Desci as escadas onde esperavam minha mãe, Jonathan e Andrew.
- Querido, já liguei para o prédio onde morávamos. Estão nos esperando. Minha malas estão na minha mini van. Você vai levar o maverick? - perguntou minha mãe.
- É lógico! - falei, arregalando os olhos.
- Então vamos embora. Tchau Jonathan. Nós... vamos voltar. - Janet parecia que ia chorar.
- Claro meu amor. Qualquer problema me ligue. Eu te amo. - murmurou Jonathan.
- Ainda não acredito que estão fazendo isso. - Andrew praguejou.
- Vamos logo, mãe. - pedi, antes que eu chorasse também.

Joguei a mala e a caixa no banco de trás do maverick, entrei e acelerei. Minha mãe saiu com a mini van na frente e eu segui com o maverick atrás dela. Antes de sair do jardim, olhei pelo retrovisor. Andrew estava parada em frente da casa com uma expressão frustrada no rosto. Aquilo apertou ainda mais a nostalgia. Senti-me sufocado, mas a mini van já virava a esquina. Apertei os olhos e os abri novamente sem fitar o retrovisor. Saí pelo portão e segui para a esquina, deixando para trás a minha, agora, ex-casa.

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