sexta-feira, 2 de abril de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 61

- Você... você enlouqueceu? E se minha mãe ver? - gemi, assustado, empurrando Andrew delicadamente, mas atordoado.
- Acorda Brad, não sou uma maluca imprudente. Sua mãe está lavando louça, numa boa, e meu pai está vendo TV na sala. - riu Andrew.
- Por que você faz isso comigo? - perguntei, meio bobo.
- Faço o que? - se surpreendeu ela.
- Me faz gostar de você, depois foge de mim que nem gato da àgua. - resmunguei.
- O impossível pode ser fascinante, mas não deixa de ser impossível. Eu não consigo ficar longe de você, mas sei que não é algo que pode durar. - respondeu Andrew, baixando os olhos.
- Ei, como não pode durar? Nos gostamos tanto por nada?
- Brad, nossos pais iam pirar se soubessem de nós dois!
- Não somos irmãos, e eles tem que aceitar isso!
- Não é tão simples. Como um casal de namorados vai viver sobre o mesmo teto sem os outros pensarem que nossa casa é um antro de perdição? - lembrou Andrew.
- Então é isso... é o que os outros vão pensar? - de repente me senti "a Andrew" da história, e vi ela como "o Brad".
- Você, se não fosse o protagonista do problema, veria a situação de uma forma ultrajante. - retrucou ela.
- Olhe pra nós. Estamos a mais de um mês apaixonados e não fizemos nada que decepcionasse nossos pais. - lembrei ela.
- Isso agora, né Brad. Mas e se oficializarmos? E se começarmos a ficar abraçadinhos na sala assistindo TV? E se bater a saudade no meio da noite enquanto nossos pais dormem? Nosso acesso de um ao outro é muito mais fácil do que qualquer casal normal.
- E qual seria o problema nisso? Se soubéssemos nos cuidar... - dei de ombros.
- Isso não seria natural. Seria como se já estivéssemos casados!
- Discutir isso me deixa confuso. Você pretende casar virgem? - eu ri.

Andrew mudou a expressão frustrada para o rosto cético que fazia quando me considerava infantil. Não sei por que, mas percebi que deveria ter mordido a língua.
- Existe uma coisa chamada princípio. Meus princípios não tem uma visão moderninha, Brad. - falou ela, amarga.
- Se namorasse comigo morando em outra casa... você nunca... nunca... me chamaria para "conhecer seu quarto"? - perguntei, ainda rindo, mais presunçoso.

Andrew revirou os olhos:
- Boa noite, Brad!
- Não, espera... eu estava brincando. - segurei o braço dela para que não fosse embora.
- Não estava não! - ressaltou ela.
- Qual é, Andrew. Eu entendo sua visão. Acredite, sempre respeitei minhas não-namoradas. Tenho 17 anos. Não tenho orgulho disso, mas ainda sou virgem. - falei, meio envergonhado.
- Ora, ora. Agora você me surpreendeu. - ela sorriu.
- Mas não pretendo ser por muito tempo... - soltei sem querer.
- Boa noite, Brad! - disse ela, novamente.
- Andrew, ninguém quer ir pra faculdade virgem! - resmunguei.
- Eu quero...
- Você é pirada mesmo.
- Não, eu tenho respeito pelo meu corpo.
- Eu também respeito seu corpo. E vou respeitar muito se você me deixar desfrutar dele. - eu ri, mas aquilo não era piada.
- Por que não volta com a Liz? Ele deve ser mais moderna que eu.
- Por que Liz não me deixa bobo como você deixa... - choraminguei.
- Nós dois, juntos, namorando, na mesma casa... não vai dar certo mesmo!
- Deixe para concluir algo quando acontecer. - ataquei.
- Meu pai vai matar você.
- Jonathan não mata nem barata.
- Sua mãe vai matar você. - se corrigiu Andrew.
- Aff...
- Hahahahaha! Você é terrível. Se um dia eu me casar com você, ou vou morrer de rir, ou de raiva.
- Casar? - engoli seco.
- O que você tem contra casamento? - Andrew olhou desconfiada.
- Você é uma metaleira. Tá muito antiquada pro seu estilo. Não consegui nem namorar você ainda, e você já quer me amarrar? - tentei consertar a situação.
- Homens! Agora me deixe dormir... - Andrew se virou para o corredor.
- Vai pensar no assunto? - perguntei, ansioso.
- Que assunto?
- Ah... deixa quieto...
- Argh Brad! - resmungou Andrew, saindo da minha visão dessa vez.

Eu ri comigo mesmo da conversa louca e liberal que tivemos. Andrew era contra sexo antes do casamento? Ela sempre me surpreendia mesmo. Mas ela estava certa. Morávamos na mesma casa. Mesmo que por amor eu me comportasse com ela, os outros sempre iriam falar de nós. Esse era o motivo pelo qual eu ainda não tinha gritado aos sete ventos que amava a filha do meu padrasto. Em um mundo moderno, o moralismo podia não comandar os atos das pessoas, mas comandavam a forma em como elas viam a vida dos outros. Me senti impotente nesse instante, enquanto fechava a porta do meu quarto.

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