quinta-feira, 20 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 69

Faltavam 5 minutos para o final do jogo. Nós estavamos perdendo por 2 pontos, e tanto Matt quanto eu estavamos cansados. Gerard, o ruivo mais alto do time que era nosso pivô, estava visivelmente desanimado e demonstrava que sentia que não havia mais motivo para lutar por uma vitória perdida. Jonny havia afundado o time. No desespero de se destacar entre todos, ele monopolizava a bola. Como armardor, ele deveria bolar as jogadas para serem executadas em conjunto, mas ele tentava executar sozinho. A divisão que isso causava entre nós deu a chance para o time de Washington avançar e furar nossa cesta. Minha vontade era me jogar no chão e pedir para ficar no banco.

Enquanto Matt tentava roubar a bola do negro alto, tudo ficou em câmera lenta. Meu olhar vacilou, e focou a assistência. Na terceira fileira estava Andrew, roendo as unhas, e eu conhecia bem aquele olhar preocupado. Ela percebeu que eu estava parado no meio da quadra como um "dois de paus", e arregalou os olhos para mim. Li seus lábios se movendo tentando me avisar algo do tipo "acorda Brad, seu idiota". Foi quando senti uma bolada na cabeça, e um jogador do time adversário se chocando contra meu dorso.

Matt tinha conseguido roubar a bola, e a lançou para mim, mas eu estava fora de sintonia, e acabei levando a bolada na cabeça. O jogador que havia perdido a bola avançou para mim, se chocando corpo a corpo, caindo sobre mim na queda. O arbitro apitou a falta.
- Mas que droga, Brad! Você estava na reta da cesta! - gritou Jonny, enquanto Matt me ajudava a levantar.
- Está tudo bem, Jonny. Ganhamos uma falta! - gritou Matt de volta.
- Me dá essa bola, eu cobro a falta. - cuspiu Jonny, me empurrando.
- Não! O Brad cobra. - ordenou o treinador David, tirando a bola das mãos de Jonny.
- Mas treinador... Brad está completamente fora de sintonia. Ele vai errar essa cesta. - insistiu Jonny.
- Está se sentindo bem para cobrar essa falta? - perguntou David, me segurando pelo ombro.

Era minha chance de cair fora daquela quadra. Vacilei outra vez, e vi Andrew me fitando preocupada. Do outro lado, Liz também me fitava. Visualizei o ângulo em que estava, e senti nas minhas veias que poderia fazer aquela cesta. De repente, uma chama antiga fervilhou em minha alma. A faixa de capitão brilhava no braço de Jonny, mas senti como se ela me pertencesse outra vez. Olhei fixamente para o treinador:
- Eu posso fazer esses três pontos agora. - disse, confiante.
- Se Brad fizer essa cesta, Jonny não será mais o capitão. - afirmou David, e Jonny engasgou.

Me posicionei diante da cesta. Não era uma posição muito vantajosa, pois a falta cometida não nos deu um lance livre. O tempo era curto, e eu deveria fazer uma cesta com 6,25 m de distância para conseguir três pontos. Corri diminuindo a distância, me impulsionei e lancei a bola. Enquanto meus pés voltavam a tocar o chão, a bola voou estatelando suavemente nas pontas dos dedos dos adversários, sem perder a direção. Assim que meu calcanhar tocou o chão da quadra, a bola bateu no aro, girando sobre ele, arrancando silvos baixos dos torcedores. Em um "plac" profundo, a bola deslizou pela rede, marcando três pontos no placar final. O silêncio foi quebrado com o apito, que indicava fim de jogo.

O gritos que se seguiram de comemoração se misturaram com o xingamento cheio de palavrões dos jogadores de Washington. Matt correu para mim, junto com os outros 2 jogadores na quadra, seguidos dos 7 que estavam no banco. Jonny arrancou a faixa do braço, jogou no chão e correu para o vestiário. Engoli seco, sentindo uma pontada no coração por ver um de meus melhores amigos triste mesmo vencendo um jogo. Essa vitória não tinha sabor algum para mim.

Me desviei da comemoração e me deparei com Andrew, sorridente:
- Parabéns, ala! - festejou ela.
- Já volto, Andrew. - eu avisei, passando por ela.
- Onde vai? - perguntou ela, com tom amargo.
- Falar com o Jonny. - expliquei.
- Ah... - ela compreendeu. - Boa sorte então, garotão.

Andrew sorriu para mim, um sorriso compassivo, e eu sorri de volta. Antes de passar pela porta que dava para o corredor do vestiário, vi de relance Ashley Hanners, parada como pedra me fitando. O ódio em seu olhar estava mais carmim que seu conjuntinho novo. Ignorei, e saí da quadra.

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