quinta-feira, 27 de maio de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 70

Entrei pelo corredor claro, deixando todo o zumbido alegre da torcida para trás. Corri até o vestiário, e passei pelos armários rapidamente. Encontrei Jonny sentado no chão, perto dos chuveiros, os joelhos dobrados e o rosto apoiado nas pernas, coberto pelos braços longos, o cabelo ruivo molhado pelo suor de um jogo intenso. Andei devagar até quando o vi, mas Jonny escutou meus passos. Sem levantar o rosto, murmurou amargurado:
- Vá embora!
- Jonny, eu só quero conversar... - miei.

Assim que reconheceu minha voz, Jonny ergueu a cabeça. Me olhou com raiva, os olhos vermelhos e derrotados.
- Veio zombar de mim? Já não tem tudo o que quer, Brad? É o capitão de novo! Venceu o jogo! Me deixe em paz!
- Não, Jonny. Só estou cansado de toda essa inimizade. Que droga de jogo foi esse? Nós nunca jogamos assim. Sempre fizemos tudo por diversão, no entanto o jogo hoje foi o mais cansativo e sem gosto que já enfrentamos. Não tem valor vencer sem meus amigos para comemorar comigo. - eu expliquei, compassivo.
- Matt e Freud estão lá fora! Vá comemorar com eles! - respondeu Jonny, àspero.
- Tanto para mim quanto para eles, a vitória não vale a pena sem você. Não somos apenas um time... somos irmãos. - continuei, me sentando em frente à ele.
- Devia ter lembrado disso quando namorou Ashley Hanners e então a chutou sem motivo algum, como todas as outras garotas para quem não deu valor! - lembrou Jonny.
- Tudo se resume à Ashley. - perguntei.
- Você sabia que eu gostava dela.
- Mas ela só usa você!
- Vá embora, Brad!!!
- Desculpe, está bem? Eu errei! Eu sou um imbecil, Jonny. Nunca dei valor para as pessoas, nem para as coisas que eu tinha. Usei Ashley, usei Liz, e todas as outras garotas que feri. Não me importei com seus sentimentos como meu amigo, nem para o meu posto de responsabilidade no time de basquete. Mas eu perdi tudo, Jonny... e caí em mim! Hoje eu sei o quanto os sentimentos das garotas importam, o quanto meus amigos importam e quanto o time importa. Ashley não é um anjo, mas não sou ninguém para falar dela, e ninguém pra te dar conselhos sobre ela. Mas quero meu amigo de volta... - fui sincero.

Jonny fitou o chão por alguns instantes, e então me olhou de volta.
- O que te fez mudar foi ter perdido sua amada faixa de capitão? - zombou Jonny.
- Não... eu perdi um irmão... e me apaixonei pela única pessoa que sempre falou a verdade na minha cara. - confessei.
- Liz está com Matt. - se confundiu Jonny.
- Liz brigou muito comigo, mas não é dela que eu estou falando. - expliquei.
- Quem então?
- Andrew Marew.
- Sua irmã?
- Ela... aff... ela não é minha irmã. - bufei.
- Isso é estranho. Vocês se odeiam...
- O ódio é bem próximo do amor. - filosofei.
- O ódio é um amor reprimido. - riu Jonny, filosofando também.
- Quando você vai me perdoar? - apelei.

Jonny sorriu para mim e estendeu a mão.
- Se Andrew Marew, que não é nada altruísta, é capaz de te aturar na vida dela, acho que posso te deixar voltar pra minha vida. Você, aquele loiro babaca do Matt e o maluco do Freud. Toca aqui, brother!

Eu peguei a mão de Jonny, puxei e abracei meu amigo. Nisso, escutei um som facilmente reconhecível vindo de trás de nós:
- Irgh! Que boiolisse! - exclamou Matt, encostado no armário.
- Vai ver se eu to na cama da sua mãe, Matt! - riu Jonny.
- Ha, ha! Se fosse na cama da mãe do Freud eu até iria ver. As mariquinhas voltaram as pazes? - riu Matt de novo.
- Claro, não posso negar amizade a um cara que se apaixona por uma noiva cadáver. Coisas sobrenaturais podem acontecer. - Jonny começou com as piadinhas.
- Engraçadinho. Regra número 1 para convivência com Bradley Tommas: NÃO FAZER PIADAS SOBRE ANDREW!!!- fiquei bravo.
- Iiiih Jonny, tu pega o jeito com o tempo. Ainda dou umas escorregadas nessas regras de convivência de vez em quando. - Matt riu, e Jonny riu com ele.
- Vou começar a apelar. Exemplo da minha apelação. Já peguei a namorada de vocês dois! - eu disse, e Matt parou de rir imediatamente.
- Tudo bem, nada de brigas agora. A pombrinha branca ainda está sobrevoando nossas cabeças, então sem apelações. Vim chamar vocês porque a competição das líderes de torcida vai começar. Liz está nervosa pra caramba. - avisou Matt.
- Então vamos lá torcer por ela! - exclamei.
- E mais uma vez não estou na mesma sintonia que vocês. - lamentou Jonny.

Coloquei a mão no ombro dele.
- Relaxa Jonny. Ninguém aqui exige que você fique contra Ashley. Hoje irá vencer a melhor. E nossa amizade não depende disso. - eu disse.

Jonny assentiu, e nós três nos dirigimos ao ginásio para ver Ashley versus Liz mais uma vez. Suspirei. Parecia que eu já conhecia essa história.

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