sexta-feira, 25 de junho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 76

Com um baque, saí do corredor para a quadra, lotada de gente gritando e pulando. Revirei os olhos. Eu deveria estar pulando com aquele povo, mas meu espírito não estava para festas hoje. Que sábado mais idiota. Que jogo idiota, que competição de líderes de torcida idiota! Podia ter morrido sem o dia de hoje. Hoje sim eu diria que era o pior dia da minha vida!

- Ah, aí está você! - a voz doce e sombria de Andrew cortou meus devaneios.
- Andrew... - suspirei, aliviado em vê-la, as mãos automaticamente se inclinando para abraçá-la.
- Brad! Ficou doido? - repreendeu ela, afastando meus braços. - Estamos diante da escola toda.
- Droga! Estou cansado de não poder abraçar você. - reclamei.
- Onde estava?
- Tentando ajudar Jonny. Mas acho que agora ele me odeia outra vez. - expliquei.
- O que você fez agora? - perguntou Andrew, repreensiva outra vez.

Antes que eu pudesse responder, Liz pulou em cima de mim, os braços em meu pescoço. Se eu não tivesse o dobro do tamanho e do peso dela, teria caído para trás. Mesmo assim, o golpe repentino me tirou o ar.
- Ah, Brad! Nem acredito! Estou tão feliz! - cantarolou ela, me beijando no rosto enquanto eu ofegava.

Ouvi duas pessoas bufando. Liz se afastou para olhar, mas ainda tinha os braços em volta do meu pescoço. Matt e Andrew nos olhavam amargamente.
- Qual é gente? Só estou festejando. - riu Liz.
- E precisa agarrar Brad desse jeito? - rosnou Andrew.
- Pode tirar as mãos da cintura de Liz, Brad? - pediu Matt, a voz afiada.
- Desculpe gente, foi automatico. Se eu não a segurasse, íamos cair os dois. - me desculpei.
- Não, a culpa foi minha. A felicidade me deixa idiota. - Liz ainda ria.
- Talvez então eu deva lhe deixar triste para que você volte a raciocinar. - ameaçou Andrew.
- Isso é um ataque de ciume? - um sorriso brincou nos meus lábios.
- Onde está Jonny? - perguntou Matt, de repente.

Suspirei:
- Está lá dentro, derrotado. Ashley deu o fora nele. - lamentei.
- Mas que desgraçada! O cara mal perdeu o posto de capitão, e ela já deu o fora nele? - Liz ficou pasma.
- Ela também perdeu uma coisa importante, Liz. - tentei ser compreensivo.
- Líderes de torcida... todas iguais. - murmurou Andrew, incoveniente.
- Hãrram, hãrram! - pigarreou Liz, pra Andrew se tocar.
- E cadê o Freud? - mudei de assunto.
- Viu Ellen nos fundos do ginásio e foi atrás dela. - explicou Matt.
- A baixinha de piercing no nariz? - perguntei.
- É... eles estão... apaixonados. Uma voltinha virou amor? Acho que os dois são emos, viu. - reclamou Andrew.
- Mas que coisa! Parece mesmo que você tem ciumes do Freud, Andrew! - reclamei, irritado.
- Eu acho que posso explicar. - Liz nos cortou, e se recostou em Matt.
- Filosofias de uma líder de torcida? Rá! Essa eu quero ouvir. - zombou Andrew.
- Vou ignorar seu comentário maldoso, Andrew. - avisou Liz. - Acho que Andrew estava tão acostumada a ser idolatrada por Freud que agora não se conforma em ser esquecida. Ela não está com ciumes. Só está estranhando não ser mais o centro da atenção dele.
- Uau! Você é telepata agora? - perguntou Andrew, mal humorada.
- Cheeega de encrenca. Vamos comer, o jogo de basquete me deixou com fome. Em qual lanchonete vamos? - salvou Matt.
- Que tal o Mc Donalds do centro? Vou comer uns dez lanches! - eu estava faminto.
- Que tal vocês tomarem um banho antes? - reclamou Andrew, torcendo o nariz para Matt e para mim.

Matt me olhou, a expressão malévola. Eu ri, porque já sabia o que ele ia fazer.
- Uau, Andrew. Você é única que não está suada aqui! - disse Matt, se inclinando para Andrew.
- Matt... - Andrew se inclinou automaticamente para trás, receiosa.
- Sabe, acho que como minoria, você devia ficar igual a gente. - ele se inclinou mais, e eu vi Liz rindo também.
- Droga. - foi só o que Andrew conseguiu dizer, antes que Matt a agarrasse.

Eu teria ficado bravo se fosse outro cara abraçando Andrew tão apertado, mas se tratando de Matt, o máximo que eu fiz foi quase rolar no chão de rir. E a cena era engraçada mesmo. Andrew se debatendo enquanto Matt encostava o peito suado em suas costas. Mas o melhor foi quando ela desistiu e ficou resmungando, e então Matt pegou mechas dos longo cabelos dela e começou a passar nas axilas. Andrew queria morrer. E eu e Liz quase choramos de tanto rir.

Matt e Liz foram no carro amarelo horroroso de Matt, enquanto Andrew ia na frente com sua halley, e eu acompanhava ambos com meu maverick. Me perguntei se Andrew estava brava com a brincadeira de Matt, ou se já tinha se acostumado com o jeito doidão do meu melhor amigo. Ela podia virar qualquer esquina e ir embora para casa a qualquer momento, mas foi conosco até o Mc Donalds. É, ela já estava se acostumando com Matt.

Na lanchonete, eu não devorei dez lanches, mas oito é um número bem próximo de dez. Andrew transparecia mau humor, mas eu via relances de sorrisos em seus lábios perfeitos. Ela ainda fez críticas ao nosso estado, todos suados, incluindo Liz. Mas quando Matt ameçou abraçá-la de novo, ela parou. E eu me senti tão bem naquele momento. Feliz, na verdade. Éramos dois casais. Mesmo que eu não estivesse abraçado com Andrew que nem Liz e Matt, ainda sim eu estava feliz por ela estar lá, comigo. Então eu aprendi nesse momento que o melhor da vida está nos fatos mais simples do cotidiano.

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