domingo, 11 de julho de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 78

O sinal tocou. Debandei da sala, arrastando Liz e Andrew comigo, segurando ambas pelo braço. Parei perto da entrada do refeitório.

- O que é Brad? Está me deixando apavorada! - gemeu Liz.
- Dá pra soltar meu braço? Está me machucando. - reclamou Andrew.

Eu as soltei.
- Ashley veio falar comigo. - arfei.
- O que ela queria? - perguntou Liz.
- Me ameaçou. - gemi.
- Larga a mão de ser frouxo, Brad. - zombou Andrew.
- É sério, Andrew. A última vez que Ash me ameaçou, ela me tirou do posto de capitão. - ofeguei.
- O que ela disse exatamente? - insistiu Liz, enquanto Andrew revirava os olhos.
- Disse que minha glória ia acabar hoje, no intervalo. - expliquei.
- Então vamos ver o que ela vai fazer. - concluiu Andrew, indo para a porta do refeitório.
- Andrew! - chamei.
- Eu não tenho medo de Ashley Hanners, Brad. - informou Andrew, abrindo a porta com tudo.

O clarão do reflexo do sol matinal sobre o piso branco do refeitório me cegou por dois segundos. Quando minha visão estabilizou, vi Andrew paralisada na porta. Liz, com boca escancara, entrava no refeitório. Eu entrei, e vi Ashley em cima da mesa central chamando a maior platéia possível. Minha boca se escancarou também.

- O que essa louca vai fazer? - sussurrou Andrew, um pouco menos confiante agora.
- Dar algum anúncio importante? - sugeriu Liz, palpitante.
- Ou contar algum escândalo. - supus.
- Caramba! Ash pirou de vez. A diretora baixotinha já foi chamada. Hoje a loirinha fica de detenção. - contou Matt, chegando de repente perto de nós.
- Você sabe o que ela quer com isso, Matt? - Liz perguntou, suplicante.
- Eu suspeito. Acho que tem a ver com Brad. E... fui eu quem chamou a diretora. Espero que ela chegue antes de Ash abrir a boca. - Matt explicou, e eu olhei tenso para ele.

Nesse momento, li nos olhos de Matt o que ele achava que Ashley ia fazer. Ele havia tentado me salvar chamando a diretora. Mas era tarde demais. Ela ia contar. A multidão de alunos circulava a mesa central, curiosa. Entre os alunos, estava Jonny, o olhar tenso. Ofeguei. Ao meu lado, Andrew ofegou também. Ashley abriu a boca.

- Temos um escâdalo nessa escola! E eu vou contar a vocês do que se trata! - gritou ela, decidida.

Sussurros e cochichos chiaram da platéia confusa. Ashley respirou fundo, e continuou:
- Conhecem Bradley Tommas, o ex e agora atual novamente capitão do time de basquete? Ele está apaixonado... e namorando escondido uma garota!

Quando ela disse isso, os alunos começaram a rir.
- Brad está sempre namorando alguém! Ele é um galinha! - gritou Selena, bufando.

- Dessa vez é diferente! - redarguiu Ashley. - Não é uma garota comum. Brad está namorando Andrew Marew, a irmã dele! - gritou ela, apontando para nós.

A multidão que fitava Ashley parou de rir, e voltou os olhos assustados e surpresos para trás, onde estavamos eu e Andrew. Meu coração vacilou e voltou a bater acelerado, e senti como se pudesse ouvir o coração de Andrew fazendo o mesmo. Liz e Matt congelaram, enquanto o cochicho entre os alunos recomeçavam.

- Andrew Marew? - ouvi Nicolle, uma das ex-líderes de torcida ofegar.
- Eles não são irmãos? - um cochichava para o outro.
- Acho que não... eles não tem laços sanguíneos. Parece que o pai dela casou com a mãe dele, uma coisa assim. - outros supunham.
- Mesmo assim, eles moram juntos. É estranho... - sussurravam alguns.

Nesse momento, meu coração se acalmou e reclamou uma atitude minha. O sangue em minhas veias ficaram mais quentes, e eu respirei fundo antes de falar alto e claro.
- Primeira coisa: ANDREW MAREW NÃO É MINHA IRMÃ! - gritei, e todos se calaram.

Ashley olhou para mim inquisitiva, mas eu continuei.
- Segunda coisa: Ashley... foi legal enquanto durou, mas não rola mais. Por que você não tenta viver? Você é linda, e muitas caras dariam tudo para estar com você agora. Está na hora de você seguir em frente e me deixar em paz. Eu tenho vida. Você tem? Então cuida da sua.

Nessa hora, Ashley vacilou, e tentou gaguejar algo como "não se trata de você..." mas todos sabiam que aquele escandalo era causa de uma amargura guardada por despeito. Eu a olhei, não com raiva, mas com pena. Ela estava desesperada. Havia perdido muita coisa nesses tempos, e só queria descontar sua dor em quem ela acreditava ser o culpado - eu.

Respirei fundo. Agora vinha a parte mais difícil.
- Terceira coisa: E se eu amar Andrew? Qual o problema? Ela é apenas filha do cara que se casou com a minha mãe, mas continua sendo uma garota dessa escola, disponível. Olhem para ela. Ela ... ela é incrível. Vocês podem dizer o que quiser sobre ela não combinar comigo, ou de sermos de mundos diferentes. Eu estou cansado das regras dessa sociedade que se desata desde o colegial, onde olhamos uns para os outros como inimigos. Onde estamos? Numa escola, não é? Eu sou um adolescente, e tenho direito de me apaixonar. E estou perdidamente apaixonado por Andrew Marew, uma metaleir... é... uma headbanger. Tantas líderes de torcida, e nenhuma delas despertou em mim metade do que Andrew desperta. E se isso for além do colegial... e se isso atravessar a faculdade... eu sei que vou ser feliz. Porque me sinto completamente feliz quando estou com ela. Ela... a garota rebelde meio maluca que senta no fundo da sala e escuta Stratovarius. A banda é uma droga, mas... eu te amo, Andrew.

Todos me observavam chocados. Andrew possuia a mesma expressão pasma. Eu a fitei, esperando uma reação. Afinal, havia acabado de me declarar para ela na frente da escola toda. De relance, vi Andrew vacilar para trás. Não, não, não, não... ela não ia fazer isso comigo, ia? Fugir e me deixar como um paspalho declarante plantado sem resposta alguma na frente de todos. Tudo bem. Se ela fizesse, eu entenderia. Eu era um cretino, e merecia isso por ter magoado metade de todas as garotas presentes. Eu era uma frustração feminina, e estava na hora de pagar meus pecados.

Nenhum comentário: