Cheguei em casa e me deparei com a moto de Andrew na frente do portão. Ri para mim mesmo e estacionei o Maverick na rua, junto à moto da minha ninfa do mal. Desci do carro e dei a volta, entrando pelo portão meio enferrujado e passando pelo jardim. Quando abri a porta da sala, encontrei Andrew sentada na poltrona com uma expressão amoada.
Enquanto eu entrava na sala, ela nem sequer se mechia.
- Andrew? - eu disse, achando que ela não tinha percebido minha chegada.
- Reconheço o som do seu maverick à quilometros de distância. Já falei pra você levar num mecânico e dar uma checada no motor. Droga de carro velho! - murmurou ela, sem olhar para mim.
- Que bom que você está de bom humor - ironizei. - Precisamos conversar.
Andrew arfou e levantou da poltrona. Olhou para mim perplexa.
- Conversar? Já não basta a loucura que você fez hoje no colégio? - rugiu ela.
- Loucura? Andrew, Ashley nos delatou. Não compensava mentir. Chegou a hora de encarar a verdade! - rugi devolta.
- Brad, você tem idéia da extensão que vai ter o que você fez hoje? Agora todos sabem sobre a gente! Logo logo isso vai chegar aos ouvidos do meu pai e da sua mãe! - gritou ela, desesperada.
- É aí que eu queria chegar. Está na hora de contar para eles, Andrew. - eu disse.
O rosto de Andrew passou da habitual palidez pro vermelho. Ela ia explodir, mas respirou fundo e tentou me explicar com calma, falhando na voz trêmula.
- Brad... você não parou para pensar o que vai dar na cabeça dos nossos pais quando eles souberem? Nós moramos na mesma casa e sempre ficamos sozinhos na hora do almoço. Vão achar que estamos aprontando pelas costas deles. É o que toda a escola está pensando agora. Meu pai e sua mãe vão ficar desesperados com a idéia. Vão brigar tentando um colocar a culpa no filho do outro. E vão chegar a conclusão de que é melhor nos separar. E para nos separar, eles tem que se separar. Entendeu? Vamos acabar com o casamento deles!
Fiquei pensativo, digerindo o que minha ninfa estava dizendo.
- Andrew, você tá viajando. Estamos no século XXI. E mesmo que tivesse acontecido algo entre a gente, que de mal haveria nisso? - perguntei.
- O mal é que se trata dos nossos pais. Para eles, é um absurdo um casal de jovens morarem sob o mesmo teto. - ela argumentou.
- E qual era o seu plano então? Me namorar escondido pro resto da vida? - fiquei irritado.
- Meu plano era levar essa situação até que fôssemos para a faculdade e estivessemos livres da mão de nossos pais, podendo tomar nossas próprias decisões sem que eles achassem que somos jovens demais para decidir coisas importantes como nosso relacionamento. - desabafou Andrew.
Eu sorri com isso. Meio infantil, mas sorri.
- Então você não pensou em nenhum momento em me usar e depois me jogar fora e fazer de conta que nunca tivemos nada? - perguntei, tímido.
Agora Andrew riu também.
- É claro que não, seu bobo. Quem faz isso é o velho e garanhão Brad. Conhece?
- Conheço... e você matou ele. Eu gostava daquele cara. - ri de novo.
- Claro, um galinha sem futuro. Quem não gostava dele? - ela continuou rindo.
- Você amava... e ainda ama. - eu sorri, me aproximando dela.
- Você é um cachorro. - ela murmurou, sem resistir a minha aproximação.
- Au au. - eu brinquei, e ela riu mais uma vez.
Encostei os lábios nos dela, e meu mundo ficou colorido outra vez. Meu anjo sombrio envolveu meu pescoço com os braços finos e eu suspirei, abraçando-a pela cintura perfeita. Enquanto me deleitava de seu beijo, ouvi um arfar vindo atrás de mim. Soltei Andrew bruscamente no susto, e me virei para ver quem era. Minha mãe estava parada na soleira da porta da sala com o rosto apavorado.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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Um comentário:
kkkkkkkkk
é, vai longe mesmo!
ja perdi o fio da meada.. nao lembro muito bem, nao prometo tambem que vou voltar a ler porque to muito sem tempo...
só acho que esse tempo todo ja dava pra ter restaurado esse maverick aí! heehe
ja disse ne? voce escreve muito bem, parabens.
fui
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