quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 89

Quando as coisas estão para acabar, sempre senti como se o tempo parasse de me tocar. É como se as coisas não se movessem mais, e no momento em que eu pisco os olhos, o tempo que me restava termina repentinamente.

O último semestre na New York High School não tinha nada de último. Continuei jogando os capeonatos de basket como capitão, junto com Matt e Jonny, numa sintonia perfeita. Treinei os reservas que eram garotos do segundo ano junto com o treinador David, venci jogos incríveis, e voltei a ser o garoto mais popular do colégio. Ao meu lado Andrew Marew também brilhava como a namorada do capitão do time de basket, embora vivesse reclamando disso. Durante algum tempo eu ouvia murmurinhos sobre isso ser esquisito e Andrew ser minha irmã, mas pararam de dizer isso quando colei um cartaz no corredor com letras vermelhas escrito: "ANDREW NÃO É MINHA IRMÃ!!!". É claro que peguei uma detenção por isso, mas foi bom ver minha colega vândala Genna outra vez, já que em horário normal de aula ela quase nunca aparecia.

Matt e Liz davam enjoo de tão apaixonados, Freud e Ellen não se largavam e Jonny e Ashley nunca mais brigaram. Adam Turnwell, o almofadinha britânico dono do porsche no qual meu maverick bateu, passava longe da minha turma, que era a mais popular do colégio. Liz e Ashley fizeram as pazes, já que agora amavam caras diferentes. Quando uma das novas líders de torcida desistiu, Ashley voltou para o grupo titular por indicação de Liz, a chefe.

Minhas notas variavam de 5 a 8, mas o 10 em matemática era impecável. Em casa, minha mãe, Janet, cantarolava o tempo todo, e então descobri que ela estava adorando essa fase de sua vida por se sentir outra vez namorada de Jonathan. Jonathan, pai de Andrew, mandava flores toda semana. Eu e minha mãe jantávamos toda segunda, quarta, sexta e domingo com Andrew e Jonathan, então ainda nos sentíamos uma família. Nos sábados, eu e Andrew saímos com meu maverick para uma sorveteria, cinema ou simplesmente para ficar dentro do meu carro conversando sobre tudo e nada... mesmo assim, era incrível. Incrível porque Andrew ficava linda só com o brilho da lua; incrível porque, não importasse o que ela dissesse, eu ficava todo bobo só de ouvir a sua voz, e incrível porque mesmo quando ela brigava comigo, eu via graça e adorava seus tapinhas ocasionais.

Sabe aquele momento da vida em que tudo está bem, e todos os dias tem um teor de rotina, mas você gosta tanto dela que não sente que os dias passam? Tudo que é bom dura pouco, já dizia o ditado. Pois bem, só me dei conta de que o tempo passou quando andava no corredor do colégio de mãos dadas com Andrew e me deparei com uma grande faixa cor-de-rosa com glitter escrito: "BAILE DE FORMATURA". A data no canto inferior esquerdo me congelou, e parei bruscamente fitando o nada fazendo contas mentalmente para justificar o tempo.

- O que foi, Brad? Você está bem? - Andrew se assustou.
- Faltam... faltam três semanas para o baile de formatura? - eu sussurrei, ainda paralisado.
- Sim, é por isso que estamos na semana das provas finais. - disse Andrew, num tom de obviedade.
- Mas... mas... mas como?
- Como o que, Brad? Você fala como se não tivesse visto o tempo passar. - reclamou Andrew.
- E não vi mesmo. - resmunguei, fechando os olhos.
- Ei, todo mundo tá em clima de fim de semestre. Você treinando meninos do segundo ano pra ficarem no seu lugar quando se formar, votações de rei e rainha do baile, Ashley e Liz discutindo vestidos mais bonitos, cartazes por todo lado, formulários de faculdade para preencher...

Quando Andrew falou dos formulários, meus olhos se arregalaram:
- Argh! Formulários! - quase gritei.
- O que tem?
- Eu não preenchi nenhum ainda! - me desesperei.
- Brad! Seu cabeça de vento!
- É que tudo estava tão bem, e eu estava tão feliz que nem me dei conta de que o tempo passa tão rápido quando a fase é boa...
- Brad! Essa é a última semana pra enviar os formulários! Você tem que se apressar, ou não irá comigo pra faculdade! - me alertou Andrew.
- Nossa... estou me sentindo tão velho...
- Brad, você tem 17 anos.
- Eu sei, mas logo terei 18. E vou pra faculdade. Serei um adulto, sem mamãe pra fazer meu almoço.
- É... 18 com mentalidade de 13. Anda, vamos embora. - riu Andrew.

Assim que cheguei no apartamento, me deparei com a pilha de formulários na mesinha de centro. Preenchi todos ansiosamente, e só lendo os nomes de Universidades como Darthmouth me dei conta de que aquilo tudo era real. Logo eu estaria fora de casa. É claro que não ia me candidatar a Princeton ou Harvard, porque não era tonto de sonhar com isso nem tinha dinheiro pra me manter lá. Eu e Andrew havíamos planejado ir para a UNC (Universidade da Carolina do Norte). Mas será que conseguiríamos ser aprovados na mesma faculdade?

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