Alison abriu os olhos, um pouco atordoada. Estava zonza, e sua cabeça estava pesada. Olhou em volta de si. No escuro, podia ver um quarto antigo, empuerado e um certo tanto assustador. A jovem avistou então um espelho. Levantou-se e foi até ele.
Quando ergueu os olhos, não acreditava no que estava vendo. Seus cabelos, que eram claros como um raio de sol, agora estavam negros como a rajada da noite. Seus olhos azuis como o céu, eram vermelhos agora. Sua pele estava pálida como porcelana fria. Ela havia se transformado numa criatura monstruosa como o assassino de sua mãe.
Mas o que mais atormentava sua mente era não saber onde estava. Perguntas, idéias confusas. Onde estaria o ser que a trouxe a tal lugar? O que queria ele com ela? Todas as pessoas que eles capturam se tornam ladrões de vidas como eles? Estaria sua mãe viva? Seria ela também um monstro?A porta de madeira se abriu, rasgando as teias de aranha que a celavam. Entrou no quarto o rei Harrison, desaparecido há 50 anos atrás. Em seu rosto havia duas rajadas negras que iam desde o cílio até a extremidade inferior da face, e seus olhos eram vermelhos como sangue.
Alison disse:-Então é real?
-Sim pequena... somos reais.
-O que fez comigo?
-Não deveria me olhar com tanto ódio e medo assim. Agora você é igual a mim!
-Faz isso com todas as pessoas que ataca?
Harrison se aproximou de Alison. Ela deu um passo para trás. Ele olhou atentamente para ela, e sorriu sarcasticamente.
-Não... só com pessoas especiais...
-Minha mãe... foi você que eu vi anos atrás em minha casa... onde ela está? Está aqui?
-Eu tenho observado você todos esses anos... ficou bela como sua mãe. A diferença entre vocês é que você tem uma coisa que me fascina. Não pequena, sua mãe não está viva. Não dei a ela essa chance. O fôlego de vida dela me deu mais uns 5 anos de juventude...
Alison sentou-se na cama, com os olhos cheios de àgua.
-Eu não posso matar você. Eu a quero comigo. Você agora também pode roubar vidas. Será bela e jovem para sempre, ao meu lado- disse Harrison
-NÃO! Nunca! Eu não sou um monstro... não quero ser isso que você me transformou!
-É sempre assim no começo, "não sou um monstro", "não quero ser assim", "isso não tem volta", "prefiro morrer"... ATÉ VOCÊ PROVAR A PRIMEIRA VEZ O QUE É POSSUIR A VIDA DE ALGUÉM EM SEU CORPO... o doce sabor de se sentir mais forte... se sentir poderoso... mais jovem... acredite pequena, você vai se acostumar, e vai até gostar!
-Espere... há... há outros como você? Aqui?
-Sim. Há outros como NÓS! Como eu disse, pessoas especiais.
Harrison se dirigiu à porta e saiu. Com passos suaves, Alison foi atrás dele.
Deu-se então em um saguão, uma sala escura. Nela, havia seres muito estranhos.
-Seja bem vinda aos ladrões de vidas. Meu nome é Meloddy. Tome um gole! -disse uma das moças, dando a Alison um cálice com um líquido negro.
-O que é isso? - retrucou Alison
Harrison foi até diante de Alison. Aproximando-se, disse:
-É lítio! Nossa única refeição, além das vidas, é claro!
-Por que bebem isso?
-O lítio é o que corre em nossas veias pequena. Não precisamos de mais nada. É o licor dos deuses. Beba! Vai se sentir melhor.
-Eu não quero isso. Eu quero ir embora! - disse Alison, jogando o cálice no chão.
Alison correu para o quarto. Madison olhou para Harrison ironicamente e disse:
-Essa vai ser mais difícil de aceitar...
-Ela vai se acostumar Madison. Sabemos que vai.
Alicia, o ser mais sedutor da sala se aproximou de Harrison. Com seus negros cabelos curto, e sua marca que parecia um raio e envolvia o olho esquerdo, encostou-se no rei e disse:
-E então queridinho, quando vamos levá-la à caça?
-Daqui uns dias... quero que ela se acostume a sua nova forma primeiro. Não quero perdê-la...
-Disse que só a transformou porque precisáva-mos de mais gente conosco. Mas me parece que tem outros interesses sobre ela!
-Não tenhas ciumes Alicia. Sou seu líder, não seu marido. E não me encha de perguntas, não te dei esse direito. Cala-te e deixe-me.
Alicia saiu do saguão com raios saindo dos olhos. Madison se sentou ao lado de Harrison:
-Não te apegues a novata. Ela se demonstrou mais dura que os outros. Pode ser a nossa derrocada. Se ela oferecer perigo, já sabe o que fazer...
-Não te preocupes meu súdito. Se ela se rebelar, tirarei dela todo o fôlego, como fiz com a anterior!
-Ótimo. Quanto a Alicia, também é perigosa. É praticamente o senhor no sexo feminino. Não a provoques tanto, mulher ferida é pior que uma serpente enrolada ao pescoço. O senhor a tratava como rainha. Não a desprezes por causa da pequena.
-Quando foi que te nomeei conselheiro seu imprestável? Faço o que bem entender quanto a Alicia e a novata. Se Alicia me amofinar, mato-a também. E se não te calares, vai-te junto com ela!
Madison se retirou do saguão, preocupado...

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