terça-feira, 21 de julho de 2009

Os Ladrões de Vidas - Parte 3

A chuva fina batia suavemente na janela. No relógio empuerado no criado mudo ao lado da cama, batiam 6 horas da manhã, mas por causa do tempo frio, ainda estava escuro.

Alison abriu os olhos, um pouco atordoada. Estava zonza, e sua cabeça estava pesada. Olhou em volta de si. No escuro, podia ver um quarto antigo, empuerado e um certo tanto assustador. A jovem avistou então um espelho. Levantou-se e foi até ele.

Quando ergueu os olhos, não acreditava no que estava vendo. Seus cabelos, que eram claros como um raio de sol, agora estavam negros como a rajada da noite. Seus olhos azuis como o céu, eram vermelhos agora. Sua pele estava pálida como porcelana fria. Ela havia se transformado numa criatura monstruosa como o assassino de sua mãe.
Mas o que mais atormentava sua mente era não saber onde estava. Perguntas, idéias confusas. Onde estaria o ser que a trouxe a tal lugar? O que queria ele com ela? Todas as pessoas que eles capturam se tornam ladrões de vidas como eles? Estaria sua mãe viva? Seria ela também um monstro?

A porta de madeira se abriu, rasgando as teias de aranha que a celavam. Entrou no quarto o rei Harrison, desaparecido há 50 anos atrás. Em seu rosto havia duas rajadas negras que iam desde o cílio até a extremidade inferior da face, e seus olhos eram vermelhos como sangue.

Alison disse:
-Então é real?
-Sim pequena... somos reais.
-O que fez comigo?
-Não deveria me olhar com tanto ódio e medo assim. Agora você é igual a mim!
-Faz isso com todas as pessoas que ataca?

Harrison se aproximou de Alison. Ela deu um passo para trás. Ele olhou atentamente para ela, e sorriu sarcasticamente.
-Não... só com pessoas especiais...
-Minha mãe... foi você que eu vi anos atrás em minha casa... onde ela está? Está aqui?
-Eu tenho observado você todos esses anos... ficou bela como sua mãe. A diferença entre vocês é que você tem uma coisa que me fascina. Não pequena, sua mãe não está viva. Não dei a ela essa chance. O fôlego de vida dela me deu mais uns 5 anos de juventude...

Alison sentou-se na cama, com os olhos cheios de àgua.

-Eu não posso matar você. Eu a quero comigo. Você agora também pode roubar vidas. Será bela e jovem para sempre, ao meu lado- disse Harrison
-NÃO! Nunca! Eu não sou um monstro... não quero ser isso que você me transformou!
-É sempre assim no começo, "não sou um monstro", "não quero ser assim", "isso não tem volta", "prefiro morrer"... ATÉ VOCÊ PROVAR A PRIMEIRA VEZ O QUE É POSSUIR A VIDA DE ALGUÉM EM SEU CORPO... o doce sabor de se sentir mais forte... se sentir poderoso... mais jovem... acredite pequena, você vai se acostumar, e vai até gostar!
-Espere... há... há outros como você? Aqui?
-Sim. Há outros como NÓS! Como eu disse, pessoas especiais.

Harrison se dirigiu à porta e saiu. Com passos suaves, Alison foi atrás dele.
Deu-se então em um saguão, uma sala escura. Nela, havia seres muito estranhos.

-Ooooolha a bela adormecida acordou é? - disse Madison, um dos seres que parecia ter uma espécie de coleira. Ele era o súdito de Harrison.
-Seja bem vinda aos ladrões de vidas. Meu nome é Meloddy. Tome um gole! -disse uma das moças, dando a Alison um cálice com um líquido negro.
-O que é isso? - retrucou Alison

Harrison foi até diante de Alison. Aproximando-se, disse:
-É lítio! Nossa única refeição, além das vidas, é claro!
-Por que bebem isso?
-O lítio é o que corre em nossas veias pequena. Não precisamos de mais nada. É o licor dos deuses. Beba! Vai se sentir melhor.
-Eu não quero isso. Eu quero ir embora! - disse Alison, jogando o cálice no chão.

Alison correu para o quarto. Madison olhou para Harrison ironicamente e disse:
-Essa vai ser mais difícil de aceitar...
-Ela vai se acostumar Madison. Sabemos que vai.

Alicia, o ser mais sedutor da sala se aproximou de Harrison. Com seus negros cabelos curto, e sua marca que parecia um raio e envolvia o olho esquerdo, encostou-se no rei e disse:
-E então queridinho, quando vamos levá-la à caça?
-Daqui uns dias... quero que ela se acostume a sua nova forma primeiro. Não quero perdê-la...
-Disse que só a transformou porque precisáva-mos de mais gente conosco. Mas me parece que tem outros interesses sobre ela!
-Não tenhas ciumes Alicia. Sou seu líder, não seu marido. E não me encha de perguntas, não te dei esse direito. Cala-te e deixe-me.

Alicia saiu do saguão com raios saindo dos olhos. Madison se sentou ao lado de Harrison:
-Não te apegues a novata. Ela se demonstrou mais dura que os outros. Pode ser a nossa derrocada. Se ela oferecer perigo, já sabe o que fazer...
-Não te preocupes meu súdito. Se ela se rebelar, tirarei dela todo o fôlego, como fiz com a anterior!
-Ótimo. Quanto a Alicia, também é perigosa. É praticamente o senhor no sexo feminino. Não a provoques tanto, mulher ferida é pior que uma serpente enrolada ao pescoço. O senhor a tratava como rainha. Não a desprezes por causa da pequena.
-Quando foi que te nomeei conselheiro seu imprestável? Faço o que bem entender quanto a Alicia e a novata. Se Alicia me amofinar, mato-a também. E se não te calares, vai-te junto com ela!

Madison se retirou do saguão, preocupado...

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