quinta-feira, 23 de julho de 2009

Os Ladrões de Vidas - Parte 5

O sol caia suavemente no horizonte. O frio seco não deixava que o calor do sol aquecesse a terra. Alison observava pela janela como a noite engolia o dia com a maior facilidade.

-A escuridão vence... - suspirou a jovem
-Mas toda manhã o sol consome a escuridão, e isso se torna um ciclo vicioso onde todos os dias o sol e a lua se combatem tentando dominar o céu - acudiu Mellody ao suspiro de Alison, que observava a jovem da porta do quarto.
-O que quer aqui?
-Caaaaalma Alison, você ainda não percebeu que eu sou legal! Vim avisar você que essa noite sairemos à caça.
-Essa não... não irei com vocês!
-Acho melhor ir, você deixou o chefão irado com a sua rebeldia. Escuta pequena, não precisa matar ninguém... só nos acompanhe, pra não despertar a ira de Harrison outra vez.
-Como se eu tivesse medo desse Harrison...
-Vai aprender a ter! ... enfim, toma, aqui está, vista isso... sairemos depois da meia noite.

Mellody deu a Alison uma capa negra com um capuz. Alison olhou para a capa. Foi até a frente do espelho e vestiu. Deixou-se observar por um momento:
-Eu sou um monstro...

Nesse momento escutou algo bater na vidraça da janela do quarto. Era uma pedra que havia sido jogada. Alison estranhou e foi até a janela ver quem havia feito isso. Pelas sombras viu Antonny com um sorriso bobo no rosto, meio nervoso, abanando a mão. Alison ficou em choque. O que aquele maluco estava fazendo alí de noite? E como ele sabia que aquele era o quarto de Alison? E se fosse o quarto de Harrison? E se os outros ladrões de vidas tivessem visto Antonny? Pegariam ele e o matariam... sentiriam seu cheiro de humano vivo e fresquinho...
Alison tinha certeza de uma coia ->ANTONNY ERA LOUCO!
Estava se arriscando. Quando viu Antonny chegando perto da parede para escalar até a janela, o coração de Alison se apertou em um desespero indescritível.
Alison falava desesperada da janela bem baixinho:
-Não, não... saia daqui... vai embora seu maluco!!!

E Antonny chegou até a janela de Alison. Ficou olhando pra ela apoiado na sacada do lado de fora, face a face, com um ar de vitória no olhar:
-O que está fazendo aqui Antonny? Vão pegar você... você tem...
-Ei Alison... para... eu sei dos perigos que eu corro, e não me importo. Precisava ver você!
-Antonny, não seja idiota. Eu sou um monstro. E se eu te atacar?
-Não vai me atacar. Acho que você nem sabe ainda como é roubar o fôlego de vida de alguém.
-Tenho instintos animalescos agora seu palhaço!
-Uuuuuh, ela tem garras
-Cala a boca! Como sabia que este era meu quarto? E se desse de cara com o Harrison?
-Eu segui vocês aquele dia que você estava tentando fugir. E hoje fiquei a tarde toda te vendo na janela alí de trás das pedras com um olhar triste olhando pro horizonte.
-Que história é essa de que "precisava me ver"?
-Alison... você é tão diferente de todas as mulheres que já conheci...
-Claro que sou diferente, tenho olhos vermelhos!
-Não é isso... eu não sei explicar... só sei que precisava ver você.
-Ótim0! Já viu né? Agora vai embora antes...

E ouvía-se passos no corredor. Alguém estava vindo ao quarto de Alison. A jovem olhou desesperada para Antonny, e com uma tentativa inútil empurrava o corpo dele para que saísse de lá o mais rápido possível. No entanto, Antonny olhou fixamente para os olhos de Alison, e antes de deixar que a força dela impulsionasse seu corpo para que descesse da sacada, beijou-a num ato tão terno que Alison ficou sem ação.


Então Antonny desceu e sumiu entre as sombras da floresta. Harrison entrou no quarto e viu Alison parada diante da janela paralisada:
-Estás com algum problema?
Alison despertou do choque, e disse:
-É... bem... na verdade estou preocupada.
-Com o que pequena?
-Com a noite da caça. O que eu vou fazer?
-Vai conosco observar como agimos. Seu instinto agirá por você. Quando tiver um humano em suas mãos, saberá o que é ter o poder de arrancar a vida de alguém e absorvê-la.

Alison olhava para o chão. Harrison pegou a capa e deu a volta por trás, e colocou o capuz em Alison.

-Perfeita. És a mais bela entre as mulheres a quem dei a eternidade...
-E o que aconteceu com elas?
-Não se adaptaram à nova vida, e eu tive que lhes matar.
-Como as matou?
-Tirei-lhes o fôlego de vida, como se faz com um humano...
-Nós podemos fazer isso com monstros como nós?
-Não! Só eu posso fazer isso... e o Madison, meu súdito. O líquido que dei aos outros subordinados é diferente do que eu e Madison tomamos. O deles não lhes dá poder um sobre o outro.
-Também não vou me adaptar a essa vida de assassina. Vai acabar me matando também, cedo ou tarde.
-Você é especial Alison. O líquido que dei a você também era especial.
-O que quer dizer com isso?
-Com o tempo descobrirá.

Então Harrison fez um gesto, se aproximando segurando o rosto de Alison, como se fosse beijá-la.

Mas Alicia apareceu na porta. Olhava para Alison como se quisesse arrancar-lhe a cabeça.


Harrison olhou repreensivamente para Alicia e andou em direção a ela. Da porta, voltou-se para trás e disse:
-Esteja na sala à meia noite em ponto. Assim, poderemos partir para o vilarejo. É noite de inverno. A névoa será nossa amiga.
E passou por Alicia olhando-a com desprezo. Alicia olhou novamente para Alison e saiu pelo corredor, com passos fortes no chão.

Alison sabia que teria sérios problemas com Alicia. Acabava de ganhar uma inimiga... uma mulher apaixonada, desprezada e ferida... uma inimiga realmente poderosa e com motivos para odiá-la...

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