terça-feira, 28 de julho de 2009

Os Ladrões de Vidas - Parte 8

A conversa na sala estava tão alta que se podia ouvir à plena distância. Eles pareciam ansiosos e exaltados como se estivessem prestes a enfrentar uma grande batalha. A conversa acalorada perturbou o sono de Alison, que acordou preocupada para saber o que tramavam no saguão.

Desceu então as escadas em passos leves, e encostou-se ao madeiro da parede da grande entrada para a sala principal. Olhou atentamente e percebeu que os ladrões de vidas conversavam em cima de um mapa. Ou não seria aquilo um mapa? Parecia mais a planta de uma casa. Uma grande casa. Talvez um palácio. Foi então que a pequena perdeu a paciência e questionou:

-Mas o que é que está acontecendo aqui?
-Alison - disse ironicamente Harrison - decidiu juntar-se à nós?
-Vocês estão falando tão alto... posso ouvir seus risos lá de cima. Que mapa é esse? -Alison aproximou-se para pegar o mapa.
-Epa, epa, epa - exclamou Harrison segurando as mãos de Alison - você vai saber o que é, calma minha linda. Madison!

Madison pegou Alison pelo braço e a recostou na poltrona antiga. Harrison puxou a mesinha do centro para a frente da poltrona e virou o mapa para que Alison o pudesse observar. Sentou-se no canto da mesinha, e com as mãos em cima do mapa, pôs-se a explicar:

-Vê este casarão? É o palácio real do Rei Rodney.
-O que pretende fazer no palácio?
-O palácio é meu de direito. Afinal de contas, eu não morri ainda e pelas leis, eu ainda sou o rei.
-Pretende tomar o reino?
-Não exatamente. Alison, minha pequena. Estou seriamente cansado desses anos e anos de isolamento, exilado nessa floresta maldita, sendo apenas uma lenda. - Harrison levantou-se e começou a andar em circulos pela sala - Vai haver um grande baile no palácio amanhã à noite. Todas as pessoas importantes, barões, condes e duques estarão nesse baile. E o principal, o REI! Nós iremos invadir o palácio, e tomar o fôlego de todas as pessoas naquele maldito baile. Mas quanto ao rei, o fôlego dele e daquele filhinho magrelo dele é meu! Tomarei o trono, e ninguém vai me questionar. E começará uma era de um governo sombrio onde meu triunfo será a eternidade.

Alison não tinha reação. Com os olhos arregalados, estava congelada. O próprio Harrison, que fugia da realidade, que tinha medo que descobrissem o que realmente aconteceu à ele, que amava a idéia de ser uma lenda, agora queria se mostrar a todos. Pior... queria ser rei outra vez. E ainda pior... queria matar Antonny, o príncipe.

Alison voltou a si e começou a dizer:
-Você não pode fazer isso, vocês são muito poucos... o rei... o rei tem um exército e vai .... vai impedir vocês!
-Impedir-nos? Não creio... somos muito poderosos. Estamos planejando bem. Temos força pra roubar o fôlego de muita gente. E quanto mais roubarmos, mais fortes ficamos. E você, Alison, vai junto conosco. E seu instinto finalmente dominará você. Quando eu tomar o reino, você será minha rainha.

Alicia se levantou do sofá furiosa e começou a gritar:
-Ela? EEEELA? Ela será sua rainha? Desde que me transformou, você me prometeu que EU seria sua eterna companheira. E agora coloca essa rebelde acima de mim, acima de mim que sempre fui fiel a você?
-Chega Alicia! Já te disse que não discutiria mais isso com você!
-Mas Harris...
-Cale a boca Alicia! Se não aceitar, vai-te embora. Não fará falta nenhuma. Agora, se quiser ter parte nos privilégios que os outros ladrões de vidas ganharem quando me tornar rei, é melhor não me desafiar mais!

Os olhos de Alicia eram duas fogueiras ardentes. Suas sombrancelhas quase se uniram de tanto ódio. Mas ela não odiava Harrison. Ela culpava Alison, e se pudesse encostar um só dedo na pequena, lhe arrancaria os cabelos efusivamente. Mas com Harrison por perto, não poderia nem ao menos olhar pra ela com o ódio que sentia. Então abaixou a cabeça, e uma lágrima de sangue correu desde seus olhos vermelhos até a mandíbula. Entre dentes, sussurrou humilhada:

-Me perdoe...

O clima na sala não era nada bom. Alison não gostava de ser a prefirida de Harrison, e muito menos de ganhar o ódio de Alicia sem intenção. Ela empurrou Harrison e correu até seu quarto. Da sala, Harrison rugia:

-Não adianta a rebeldia Alison! Amanhã a noite você irá conosco para o palácio. E vai ver a derrota do rei Rodney. E quando eu colocar a coroa, você será minha rainha, querendo ou não!

No quarto, Alison podia ouvir que o planejamento continuava. O palácio era bem guardado, então eles tinham que arranjar uma forma de entrar sem serem vistos. Mas na mente de Alison, só uma coisa a atormentava naquele momento. Antonny estava em perigo. Como ela poderia salvá-lo?

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