quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 49

Acordei com uma rajada de luz intensa no rosto. Abri os olhos atordoado, enquanto a consciência dominava minha razão. Foi então que percebi que a luz era do sol que vinha de uma fresta na janela que eu havia deixada aberta. O sol estava um pouco forte demais para ser a hora de eu levantar, então meus olhos turvos de sono correram automaticamente para o rádio relógio na cômoda do lado da cama. Eram 8:15 da manhã.

Pulei da cama em um choque. Estava 1 hora e 15 minutos atrasado para a escola. Mas que droga! Por que o alarme não tocou? Eu sempre verificava o rádio relógio antes de dormir. Tomei um banho acelerado, vesti minha camiseta branca mais simples - porque era a única que não estava na gaveta - e uma calça jeans surrada jogada na cabeceira da cama. Joguei todos os cadernos à vista dentro da mochila e desci a escada rolando - sim, eu tropecei.

Entrei no Maverick, e enquanto o motor roncava, algo roncou junto. Meu estômago. Lógico que não tinha tempo para café da manhã. Já ia ganhar uma advertência pelo atraso, mas se atrasasse mais talvez teria de ficar em detenção depois da aula, junto com os marginais da escola que só aprontavam.

O portão principal da escola estava fechado, e o do estacionamento também. Suspirei - hoje meu querido carrinho teria de ficar na rua, com o risco de ser roubado. Parei o Maverick entre as duas casas que ficavam em frente da escola, e saí com o coração na mão, verificando a trava três vezes. Dei a volta pela escola até chegar ao portão da secretaria. A portinha de vidro estava aberta, e eu entrei com passos leves torcendo para que o inspector de alunos tivesse ido tomar um café e não me visse.
- Senhor Stanley? - chamou a voz rouca, e eu sabia que era o inspector Joe Durnst pelo arrepio que desceu pela minha coluna.
- Bom dia senhor Durnst! - disse, cordialmente sorrindo.
- Espero que tenha um atesdado médico ou algum bilhete da sua mãe aí com você para explicar seu atraso. - a voz dele era apavorante, visto que era um negro alto, cabelo raspado e cheio de massa corporal.

Todos os alunos tremiam só de pensar em cair nas garras do inspector Durnst. E que legal, olha na enrascada que eu tinha me metido. Com certeza eu ainda estava na minha maré de azar. Talvez hoje sim fosse o pior dia da minha vida.
- Na verdade, não... mas eu perdi hora, juro que não estava aprontando por aí...
- Bradley Tommas Stanley, você conhece as regras. Pra diretoria! - cortou ele, sem deixar que eu me explicasse.

Passei por ele de cabeça baixa, indo em direção a grande porta de madeira escura no fim do corredor - a sala da diretora Rosalie Scartt. O inspector Durnst bateu na porta duas vezes, antes que a mulher baixinha, com os cabelos brancos e óculos caídos no nariz abrisse a porta. A diretora Rosalie não era o que se chamaria de uma "mulher de presença", mas, apesar da estatura mínima e o corpo reconchudo, ela era temida na escola. Eu não tinha certeza se era porque ela nunca sorria, ou se era apenas o cargo de diretora que a colocava no topo dentre os mais apavorantes do colegio.
- Ora, ora, senhor Stanley. - disse ela, quando me viu. Droga, nunca tinha ido pra diretoria. Como ela sabia quem eu era?
- Bom dia, diretora. - suspirei.
- Ele chegou atrasado sem atestado nem aviso dos pais. - avisou o inspector na voz de trovão atrás de mim.
- Entre, Stanley. Obrigada inspector. - ordenou a diretora Rosalie, fechando a porta.

Me sentei na cadeira verde musgo, enquanto a diretora dava a volta na mesa escura.
- Vamos ver, Bradley Tommas Stanley... hmmm... - murmurou ela, mechendo nas fichas dos alunos da minha sala. - ... achei. Ex capitão do time de basquete, excelentes notas em matemáticas e notas médias em outras matérias. Nada de advertências, nem detenções. O senhor é um bom aluno, Bradley. Mas, por que não é mais capitão do time de basquete?
- Porque o treinador David achou que eu não estava me dedicando o bastante. - respondi, baixo.
- Ah, David! Ele é um obcecado. Mas enfim, chegou atrasado hoje então?
- Sim, meu relógio não despertou. Eu sinto muito.
- Claro, isso às vezes acontece. Pela sua ficha vejo bem que é um bom rapaz, senhor Stanley. Por mim, mandaria você para sala imediatamente. Mas veja meu lado, sim. Se eu te liberar, os outros alunos vão achar injusto, e vão querer chegar atrasados também. É difícil manter um colégio amplo como esse nas rédias. Por isso, vai ficar em detenção hoje. - explicou ela.
- Detenção? Mas diretora, é a primeira vez que chego atrasado, não deveria ser apenas uma advertência? - me assustei.
- Você não leu a listagem de regras que entregamos no começo do ano? Lá diz claramente que atraso gera de advertência a detenção de acordo com o tempo em que o aluno demorou para chegar. É uma questão de responsabilidade, Bradley. O aluno tem que aprender a acordar cedo e cumprir seus horários na escola. Agora são quase 9 e meia da manhã. Logo logo é o intervalo. Está mais de 2 horas atrasado. - respondeu a diretora Rosalie, enquanto eu engolia seco.
- Ok. - foi só o que consegu dizer.
- A detenção não é tão ruim, é apenas 1 hora depois da aula. Tenha um bom dia, senhor Stanley. - disse a diretora, séria, me entregando um papel com sua assinatura que eu teria de entregar na detenção.

Saí da sala querendo rasgar o papel e correr para fora da escola. Detenção? Mas o que é que estava acontecendo na minha vida? Estava começando a acreditar na ameaça de Nadine, amiga da Andrew, de que ela faria bruxaria para acabar comigo. Eu poderia ter ficado em casa para não passar pela diretoria, mas hoje tinha prova de história depois do treino de basquete. Não compensava ir para a aula de inglês que estava terminando agora, então fui ao refeitório e sentei na minha mesa de costume, esperando o sinal do intervalo bater.

Um comentário:

Anônimo disse...

eita que rolo!
prova de historia vai quando ele precisar explicar pra mae dele
hehe


ah Jess, viu as visitas? adivinha quem foi o visitando nº 1000..

hehehe

parabens pelo blog, sempree crescendo mais!
bjo