quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 51

Fiquei encostado no velho Maverick na rua esperando o estacionamento da escola esvaziar, enquanto meu coração se apertava ao ver todo mundo indo embora e só eu ficando. O treino de basquete tinha sido uma droga, com Jonny pagando de capitão. A prova de história era o meu desespero - eu tinha estudado praquela droga, mas jurava que tinha ido mal. Suspirei. Foi então que a figura incomum parou diante de mim. O ronco tão familiar da moto preta Halley 150 MVK de Andrew chamou minha atenção, e ela parou alí, com a moto ligada, tirando o capacete vermelho da cabeça, jogando o cabelo liso comprido e negro para trás. Eu olhei para ela e de repente me vi extasiado - a jaqueta de couro curta na cintura, mangas longas com botões prateados nas bordas, o shorts preto na altura da coxa que revelava a meia-calça arrastão descendo até o coturno grande e preto, embaixo o branco que só poderia ser uma regata caíam perfeitamente no corpo magro e delicado de Andrew. Inclinada sobre a moto ela ficava tão sexy. Mordi o lábio enquanto a fitava.

- Não vai pra casa não, palhaço? Tá parado aí que nem um "dois de paus". - perguntou ela, bruscamente.
- Ah... ah... - eu gaguejei, saindo do meu extase momentâneo - não, não... eu vou ficar na... na detenção.
- Tah brincando? - ela arregalou os olhos redondos pintados de um negro incomum.
- Não to não. Cheguei atrasado e me ferrei. - disse, dando de ombros e colocando as mãos nos bolsos da minha calça jeans.
- Puxa! Quando saí de casa você ainda estava dormindo, mas não achei que ia se atrasar tanto. - refletiu Andrew.
- Bem vinda à vida de Bradley Tommas! - fui sarcástico.
- O povo da detenção te odeia, sabia?
- Já me disseram isso.
- São maconheiros com canivetes.
- Eles não são maconheiros, e todo mundo sabe disso.
- Mas são marginais.
- Andrew! Está tentando me animar? Porque não parece. - eu disse, revirando os olhos.
- Desculpe. Boa sorte. Espero que volte vivo pra casa. - ela riu, ajeitando o capacete para por de novo.
- Se eu voltar vivo, vou te pegar de jeito! - ameacei.
- Rá! Retiro o que disse. Tomara que arranquem seu coro! - rugiu ela, arrancando com a moto.

Guardei o carro no estacionamento da escola, agora vazio. Andei pelo corredor acizentado até a grande sala da detenção. Quando abri a porta e entrei, cinco pares de olhos me fitaram arregalados. Um garota com o cabelo castanho todo espetado no fundo da sala arfou.
- Bradley Tommas Stanley! - sussurrou ela.

Estremeci ao ver de perto os tipos que estavam alí. Camisas abertas para fora da calça, bonés de lado, correntes enormes, os que tinham cabelo comprido eram despenteados, o olhar macabro e os pés com tênis encardidos colocados em cima da carteira. Me sentei no fundo, ao lado da garota do cabelo castanho espetado. Ela era a menos anormal alí. Tinha um rosto peculiar, sem maquiagem nem adorno, mas não diria que era feia. Ela era... simples. Usava um coletinho vermelho opaco com uma camiseta baby-look branca por baixo. Estava de calça jeans, mas estava rasgada nos joelhos. A orelha tinha um monte de brincos e as unhas estavam pintadas de um preto descascado mal feito. Nos pés, um all star vermelho como o colete. Pelo menos o tênis dela estava limpo. Ela não era metaleira, como Andrew - ela era rockeira, uma coisa próxima dos metaleiros, mas um pouco menos pesado.

- O que... como... você... - ela gaguejou, falando comigo, parecendo pasma.
- Que que é? - me incomodei.
- Bradley Tommas! O capitão do time de basquete na detenção? - falou um rapaz desmazelado sentado na frente dela.
- Não sou mais capitão do time de basquete... e como sabem meu nome? - eu fiquei assustado.
- Todo mundo sabe seu nome. Você é uma lenda nessa escola! - disse a mocinha do cabelo espetado.
- É... é um boyzinho nojento metido a pegador! - criticou o rapaz desmazelado olhando pra mim com um ódio sombrio.
- Eu não sou boyzinho. - murmurei, sem ter certeza do que estava dizendo.
- Sou Genna Louise. Prazer em conhecê-lo de perto... e... uau! Você é gato mesmo. - disse a moça do cabelo espetado, olhando pra mim com admiração.
- Obrigado... Genna. - resmunguei.
- Eu sou Patrick Topsom. E fica esperto, boyzinho. Se te pego, tá ferrado na minha mão. - ameaçou o rapaz desmazelado.
- Cala a boca, Patrick, e fica na sua! - xingou Genna, chutando a cadeira de Patrick. - Ei, Brad... posso te chamar de Brad, não é?
- Pode...
- Por que está aqui?
- Por atraso.
- Essa diretora Rosalie é uma velha múmia dos infernos mesmo!
- E você? - perguntei, curioso agora. Genna parecia uma garota do bem.
- Eu to sempre aqui. Por pixar o muro, irritar as patricinhas, dormir na sala de aula... coisas bobas assim.
- Ah...
- Virou festa agora??? - gritou Patrick de repente.

Olhei automaticamente para a porta. Liz entrava com o rosto emburrado e eu escancarei a boca. O que Liz estava fazendo na detenção?

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