quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 50

- Hey, Brad! - chamou Liz, chegando na mesa do refeitório onde eu estava sentado.
- Oi Liz... - suspirei.
- Achei que não tinha vindo pra escola hoje. - disse ela, se sentando, enquanto o refeitório enchia de gente.
- É, eu me atrasei. E dá uma olhada. - respondei, gesticulando o papel na minha mão. - Vou ficar na detenção hoje.
- Ah, tá brincando? Só por causa do atraso?
- É a vida...
- Você está mesmo numa maré de azar. - disse Liz, pondo a mão no meu ombro.

Eu fiquei alí, com a cabeça apoiada nas mãos, enquanto Liz afagava meu braço. Matt nos encontrou assim, e sentou brusco na cadeira.
- Oi, Matt... - disse, me assustando e desencostando de Liz.
- Oi Brad! - respondeu Matt, dizendo meu nome como se fosse um palavrão.
- Você parece estressado, Matt. - comentou Liz.
- Estou bem. É que as vezes as pessoas são cegas e isso me irrita. - respondeu Matt.
- Nossa, que humor do cão, hein Matt. Brad... - disse Liz, se virando pra mim. - ... vou pegar uma bandeija. Quer que eu traga algo pra você?
- Não... - disse de imediato, enquanto Matt revirava os olhos. - obrigado, Liz. Já já eu vou pegar.

Liz se levantou da mesa sorrindo pra mim, enquanto Matt me fuzilava. Ah, mas que droga! O que eu podia fazer para ser legal com Liz sem despertar os ciumes de Matt.
- Ah, Matt. Eu não posso fazer nada. - cochichei.
- Eu sei, e é isso que me mata. Liz tem que olhar em volta, tirar um pouco você do foco.
- Se você for chato e mau humorado assim, ela nunca que vai te dar mole.
- Você poderia contar pra ela que tá apaixonado pela Andrew. - sugeriu Matt, e eu congelei.
- Cala a boca! Bebeu é?
- É sério Brad. Ela é mulher, poderia até de dar uns conselhos.
- Ela ia me odiar de novo e me bater.
- Não ia não. Brad, você não iludiu mais ela.
- Ah Matt. Quer uma garota? Ganhe ela por mérito próprio. Eu não vou jogar a Liz nos seus braços.
- Valeu amigão. - resmungou Matt.
- Você não é o loirão gostosão da escola? - eu ri.
- Sei lá... você me acha gostoso? - Matt aceitou a brincadeira. Era fácil descontraí-lo.
- Eu acho, que musculos! Jogando basquete você fica sexy. - ri mais ainda, enquanto Liz voltava pra mesa.
- Que nojo, se vão ficar de boiolisse, eu nem sento mais aqui. - disse ela, rindo também.
- Você não acho o Matt gostoso, Liz? - joguei esse verde. Matt me agradeceria mais tarde.
- Claro que o Matt é gostoso. - respondeu Liz, abrindo o refrigerante. - Mas você é muito mais, Brad. Tenho essa queda por morenos. - ela deu de ombros.

Matt bateu a mão na testa e eu ri sem graça. Dessa vez foi Freud quem salvou a pátria.
- E ae mulecada... e mocinha. - cumprimentou ele.
- Fala Freud! - respondi, nem tão animado assim.
- Eita, tah desanimado hoje, brother? - perguntou Freud, se sentando.
- Vou ficar de detenção por atraso.
- Tá me tirando? Que mancada, véio! - exclamou Matt.
- Sério, estou começando a achar que alguém fez macumba pra mim. - resmunguei, jogando um olhar furioso para Nadine, sentada ao lado de Andrew, na mesa do outro lado.
- Tá ligado que o povo que fica de detenção é barra pesada, né? Do tipo que foram pegos com facas, navalhas, canivetes e até drogas dentro da escola. - avisou Freud.
- E do tipo que pinta rosas de preto no meio do pátio do colégio também. - lembrou Matt, olhando sugestivamente para Freud.
- Ei! Eu só fui pra detenção uma vez. E, cara... foi um inferno. - se justificou Freud.
- Vocês estão me animando muito. - gemi.
- Calma, Brad. Se quiser eu apronto algo e fico de detenção com você hoje. - disse Liz, afagando meu braço de novo, enquanto Matt bufava.
- Imagina Liz... - retirei meu braço de novo - ... eu vou ficar bem. Sou um cara grandão, ninguém se mete comigo.
- Você que pensa. Sabe o grupinho dos maconheiros? - falou Freud.
- Eles não são maconheiros de verdade. São apenas desleixados. O povo que deu esse nome pra eles por causa da aparência. - interviu Matt.
- Dane-se! Eles odeiam vocês do time de basquete. E aviso, eles são a maioria na detenção. - continuou Freud.
- Por que eles nos odeiam? - perguntei, inocente.
- Vocês são gatos, estilosos e populares. Até eu odeio vocês. - riu Freud.
- Vocês sempre ficam com essa gaysisse? - se irritou Liz.
- É brincadeira. Mas, sim Brad, a inveja causa ódio. - terminou Freud.
- É só 1 hora, Brad. Você vai suportar isso. - disse Liz, tentando me ajudar.

Engoli seco, olhando pelo refeitório. Então vi no fundão, três mesas depois da de Andrew, o grupo dos marginais da escola, sentados no chão, completamente aéreos, como se estivessem mesmo maconhados, vestidos de camisas brancas e pretas muito largas e surradas, além dos jeans rasgados, bonés virados de lado e os tênis encardidos dez vezes maiores que o pé deles. Se eles me odiavam e eu era minoria na detenção, hoje sim seria o pior dia da minha vida. Gemi e me encolhi na cadeira, ao lado de Liz.

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