sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 53

Abri a porta de casa sentindo minha alma leve, e me deparei com Andrew Marew sentada apoiada na mesinha da sala lendo nada mais nada menos que um daqueles livros daquela série maldita de vampiros que brilham. Ela levantou a cabeça quando me ouviu entrar e, milagrosamente, sorriu para mim. Senti um reflexo do sorriso dela acelerar meu coração, e me senti um idiota por isso.
- Oi Brad! - disse ela, contentinha.
- Momento "Medo"! - ironizei. - Você, Andrew Marew, sendo gentil? Quem você quer que eu mate?
- Rá, rá, rá! Como você é engraçado. Só estou aliviada por ter voltado vivo para casa.
- Pensei que tivesse dito que queria que arrancassem meu coro.

Andrew se levantou e veio para perto de mim, sem tirar os olhos dos meus.
- Você sabe que eu estava brincando.
- É realmente difícil distinguir quando você fala sério, ou quando tá brincando.
- Bem, e você disse que se voltasse vivo, ia me pegar de jeito. - ela riu, como se interpretasse aquilo como uma brincadeira.
- Bom, mas eu também estava brincando. Lembra da promessa que te fiz? - eu ri também, e o riso dela ficou menos amistoso.
- Não... - respondeu Andrew, parando de rir por completo.
- Vai ter que implorar pelo meu beijo, se quiser. Caso contrario, vai ficar sem Bradley Tommas para sempre. - respondi, me sentindo, pela primeira vez, o dono da conversa.
- Por que você não vai pro inferno? - resmungou ela, brava.
- Porque o inferno não existe.
- Se existisse, teria um lugar reservado pra você.
- Não é a primeira vez que me dizem isso. Matt falou a mesma coisa. Rá, mas ele não queria um beijo meu, diferente de você, que está louquinha por mim. - eu ri.
- Vai sonhando!
- A realidade é mais interessante. - eu disse, olhando no fundo dos olhos dela, jogando todo o poder do meu antigo charme que eu acreditava ter perdido.

Andrew respirou fundo por um minuto e fechou os olhos com força. Eu mordi o lábio para não gargalhar. Eu tinha sobre Andrew o mesmo efeito que ela tinha sobre mim, mas a diferença era que eu era mais malicioso que ela nessa coisa toda de conquista. Sabia exatamente o que fazer, enquanto ela jogava como uma simples mortal.
- Eu odeio você. - suspirou ela.
- Quando você mudar essa frase pra "eu amo você", talvez entremos em um consenso.

Ela revirou os olhos - mal sinal, significava que estava recuperando o controle sobre si. Ataquei logo, antes que o meu poder sobre ela se esvaísse de vez. Peguei o braço fino dela e a puxei um pouco para perto, e os olhos de Andrew lampejaram para mim - ela achava que agora sim eu ia beijá-la. Mas ter lidado com tantas garotas servia para me dar força em resistir a dar a única que eu havia amado o que ela queria para continuar a me maltratar. Se eu beijasse Andrew agora, ela ainda se acharia superior nesse relacionamento, e eu perderia essa batalha. Com o cuidado de não cair na minha própria armadilha por estar tão inebriado quanto ela pelo o que a presença de um representava para o outro, aproximei meus lábios de leve à orelha dela.
- Sabe, você pode estar perdendo tempo. Eu não vou bater na mesma tecla para sempre. - ameacei, roçando os dentes devagar na parte inferior da orelhinha pequena de porcelana dela.

Senti Andrew estremecer e se arrepiar, e ri sussurrado no pescoço dela, o que só provocou outro arrepio. Como se não bastasse a reação dela que me implorava por mais, eu mesmo me sentia preso por um ímã que me puxava ainda mais para perto dela. Lutei contra meus instintos e me afastei, sem esquecer do meu sorriso cafajeste de meia boca. Andrew se apoiou no sofá enquanto me fitava.
- Boa leitura, irmãzinha! - disse, pegando a mochila e me dirigindo para as escadas.

Antes de começar a subir, ouvi minha não-irmã ofegar. Hoje a batalha era minha.

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