quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A Estrategista - Parte 10

A manhã cavalgou pelo céu expulsando qualquer mancha de escuridão, impondo o azul do céu iluminado pelo sol ardente. Os raios fortes das manhãs quentes do país de Mytrias entrou pela janela do quarto do rei Nicolas, atravessando as pálpebras dos olhos de Micaili, que, pela iluminação, começou a despertar.

Micaili contorceu seu pequeno corpo num espreguiçar dolorido. Ao abrir os olhos, levou a mão à cabeça, pela tontura que isso lhe provocou. Um pouco atordoada, levantou a cabeça e esfregou as pálpebras para melhor distinguir as formas diante de si. Olhou em volta e deparou-se com um quarto luxuoso trabalhado a ouro perfeitamente iluminado pela posição das janelas.

Não que Micaili não estivesse acostumada com luxo. Mas aquele quarto era estranho para ela. No primeiro olhar já sabia que nunca havia estado alí, e pior, não se lembrava de como havia chegado até lá. Foi quando percebeu que a seu lado a luz do sol reluzia sobre uma superfície dourada. Os cabelos louros de Nicolas brilhavam nos raios de sol, e o rei ainda dormia recostado no travesseiro de plumas próximo à Micaili.

Num arfar confuso, Micaili percebeu que debaixo do lençol de seda ela estava nua. Assustada, levantou-se puxando o lençol consigo, cobrindo o corpo. A cama rangeu com o movimento de Micaili, o que acordou Nicolas.

Nicolas esfregou os olhos e ergueu o corpo da cama. Ele estava vestido com uma túnica cinza clara, própria para o sono. Levantou-se e jogou um sorriso irônico para Micaili:
- Por que está tão assustada? - perguntou Nicolas.
- O que... como ... onde... - arfou Micaili, respirando fundo para conseguir falar - Por que estou sem roupas? - finalmente perguntou, a voz aspera.
- Hahahahaha, você é mesmo incrível! - zombou Nicolas - Pra uma princesa que exagera no vinho, não consegue se controlar e seduz o rei do país inimigo, até que você parece bem envergonhada, não?
- Do que... do que está falando?
- Você não se lembra? - perguntou Nicolas, com uma inocência forçada.
- E-eu... - Micaili fitou Nicolas, sem palavras.
- Qual é a última coisa de que se lembra?
- Eu estava... - falou Micaili, colocando a mão na cabeça, que doía - ... na sala de jantar. Eu comi pouco, porque a preocupação me tirou a fome. E o... vinho. Você disse que era a melhor safra. Eu me lembro que tomei uma única taça. Na verdade, nem acabei de tomar a primeira taça e minha cabeça ficou zonza. Eu senti um sono enorme e minha cabeça pesou sobre as mãos. E eu lembro... da sua voz me perguntando se eu estava bem.. e ... algo tocou meu ombro mas então... tudo ficou... escuro.
- Eu vou lhe dizer o que aconteceu, já que não lembra. Se você é tão fraca para bebida, não devia ter tomado vinho. Já que diz que não se lembra de nada na primeira taça, é porque já havia sucumbido ao líquido inebriante. Eu me aproximei para ajudá-la, compassivo de minha hóspede de honra. Quando a toquei, você me olhou nos olhos e se lançou no meu pescoço. Começou a tentar me beijar, mas eu a tentei afastar. Mas, cá entre nós, princesa, és muito bonita e eu sou homem, e também havia bebido vinho, então minha tenacidade não estava nas mais perfeitas condições. Você insistiu em me seduzir em seus sussurros sórdidos e beijos com gosto da uva que dominava teus lábios. Fiquei tão perdido, e quando dei por mim estavamos entrelaçados em minha cama. Adormeci com seu gosto inebriante...
- É MENTIRA!!! - gritou Micaili - Você está mentindo... eu nunca faria isso!
- Já havia ficado bêbada antes?
- Não, mas...
- Mas nada! Não sabe o quanto fica desfrutável e pervertida sob o efeito do vinho. O pior está feito, princesa. Eu a possui... já não tens mais a tua valiosa virtude.

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