quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Estrategista - Parte 16

Nicolas empurrou com cuidado a grande porta de madeira. Perante a janela, Micaili olhava o céu dispersa em pensamentos. A lua prateada jogava sua iluminação sobre o rosto de boneca da princesa, dando a alusão de que sua pela era de porcelana. O pano branco que rodeava o corpo magro da jovem destacava ainda mais o cabelo negro solto caindo aos ombros. Nicolas parou onde estava, extasiado pela imagem bela que via.

Nesse instante, Micaili virou o rosto para olhar para ele. O olhar dela era de vidro, frio e duro. O belo rosto continha uma expressão amargurada. Isso fez Nicolas acordar de seus devaneios.

- Boa noite, rainha de Mytrias! - disse Nicolas, num tom debochado.
- Rainha de terra maldita, é o que sou agora! - respondeu, rispidamente, Micaili.

Nicolas se aproximou de Micaili e a envolveu com os braços fortes. Ela ainda fitou duramente o rosto de Nicolas, enquanto ele a olhava como se estivesse com sede e ela fosse uma fonte de àgua no meio do deserto.

- Isso não muda nada Nicolas. Não pode mais me machucar! Já fez tudo o que podia fazer de mal à mim! - falou Micaili.
- E quem disse que ainda quero machucá-la. A única coisa que quero agora é lhe dar um bocadinho de felicidade! - respondeu Nicolas, com uma voz galanteadora.
- Felicidade? Com você? É completamente impossível! Estou morta para a felicidade no momento em que me tirou da minha tenda no ermo!
- Não pode se negar a mim, Micaili... agora é minha esposa!
- Não estou negando nada! Já teve tudo de mim, não teve? Pois desprezo meu próprio corpo por isso, e eis que sou uma estatua de mármore vazia em teus braços. Faze de mim o que quizer, e serei para sempre como uma defunta em tua cama.

Nicolas não se deixou abalar pelas duras palavras de Micaili. A tomou sem pensar em mais nada, em beijos ardentes que combinavam com o eterno verão do país de Mytrias. O calor do local, ou talvez as chamas dos braços de Nicolas, foram o suficiente para descongelar a armagurada Micaili. Embora o ódio deixasse seu coração num inverno severo, o seu corpo jovem lampejava no corpo de Nicolas fervia sem razão alguma. Talvez ela não compreendesse como sua tenacidade havia sido vencida, mas inconscientemente ela retribuia cada beijo de seu novo marido. Adormeceu em seus braços, embriagados em seus suspiros.

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