Um mensageiro entrou correndo pelo saguão. Era um rapaz novo, de estatura baixa e magra, roupas sujas e rasgadas e uma sacola de pano atravessada no dorso. Ele correu e se ajoelhou perante o rei Marshall:
- Majestade, trago uma carta urgente do exército! - disse o rapaz.
- Oh Deus, o que será? Me entregue! - respondeu Marshall.
Lira, ouvindo isso, sentiu o coração disparar. Os olhos de Irian se iluminaram e sua boca se contorceu num sorriso maléfico, o que apavorou ainda mais Lira. Ela correu até perto de onde seu pai estava junto com o mensageiro. Desesperada, ela balançava as mãos:
- Anda pai, abra essa carta logo! Por Deus!- reclamou Lira.
- Se acalme Lira, por favor! - disse Marshall, afastando Lira de si.
Ele abriu a carta que dizia:
"Ao rei do Sul, Marshall Antonny Amasis.
Vossa majestade, quem vos escreve é o 2° oficial do exército, Leonidas Trunker. É com muita tristeza que lhe comunico o desaparecimento do príncipe do Norte e 1° oficial do exército real do Sul, Simon Castella. Na noite de quarta feira, dois corpos de soldados que usavam a armadura real foram encontrados na floresta próxima de nosso acampamento. Os corpos estavam perfurados à espada. Não identificamos ainda os nomes dos soldados. As espadas caídas no chão estavam ensaguentadas. Há suspeita de que o reino do Leste desconfie de nossas intenções e tenha mandado espiões. Assim, acreditamos que foram soldados do Leste que mataram os soldados e talvez também Simon Castella. Não encontramos o corpo do príncipe, mas há vestígios de passos na floresta. Continuaremos a procurar pelo corpo dele, mas a suspeita de que também esteja morto é evidente. Esperamos a resposta de vossa majestade para que possamos retornar ao Sul. Não podemos avançar sem um 1° oficial.
Assinado: 2° oficial do exército do Reino do Sul Leonidas Trunker."
Vossa majestade, quem vos escreve é o 2° oficial do exército, Leonidas Trunker. É com muita tristeza que lhe comunico o desaparecimento do príncipe do Norte e 1° oficial do exército real do Sul, Simon Castella. Na noite de quarta feira, dois corpos de soldados que usavam a armadura real foram encontrados na floresta próxima de nosso acampamento. Os corpos estavam perfurados à espada. Não identificamos ainda os nomes dos soldados. As espadas caídas no chão estavam ensaguentadas. Há suspeita de que o reino do Leste desconfie de nossas intenções e tenha mandado espiões. Assim, acreditamos que foram soldados do Leste que mataram os soldados e talvez também Simon Castella. Não encontramos o corpo do príncipe, mas há vestígios de passos na floresta. Continuaremos a procurar pelo corpo dele, mas a suspeita de que também esteja morto é evidente. Esperamos a resposta de vossa majestade para que possamos retornar ao Sul. Não podemos avançar sem um 1° oficial.
Assinado: 2° oficial do exército do Reino do Sul Leonidas Trunker."
Ao ler a carta o rosto do rei Marshall se congelou. A expressão de Marshall fez Lira colocar as mãos no rosto de tanto desespero. Com um olhar de agonia, ela cobrou o pai do que a carta dizia:
- O 2° oficial, Leonidas... ele pede para retornar ao sul... - murmurou doloridamente Marshall.
- Sem terminar a expedição ao Leste? - perguntou Naim, escudeiro do rei.
- Quem liderava era Simon. Sem ele, não podem continuar. - falou Marshall, com uma pontada de agonia.
- Sem... Simon...? - falou Lira, com a voz distorcida e em pranto.
- Simon desapareceu. Foram encontrados sangue, espadas, corpos de dois soldado e vestígios de espiões pela floresta. Evidências fortes de que Simon está morto. Eu sinto... muito Lira... - falou Marshall, enfim, doloridamente.
Irian estava triunfante, mas não podia demonstrar. Se retirou da sala antes que vissem seu rosto em festa, enquanto Lira se contorcia e ajoelhava no chão. Seu rosto de boneca se distorceu na expressão agoniada mais cheia de dor que Marshall já tnha visto. As lágrimas turvaram seus olhos redondos, e um grito agudo escapou de sua garganta. Marshall correu até Lira e a puxou nos braços. Enquanto ela chorava, ele se virou ao escrivão:
- Escreva uma carta para Leonidas dizendo que eles tem permissão para retornar. Comunique o 3° oficial, Morrison, que ele deve separar um pequeno batalhão para levar a carta até a extremidade do leste, onde meu exército está. Escreva um comunicado com meus sentimentos ao rei do Norte, pai de Simon. Ah, e assim que souber o nome dos dois soldados que apareceram mortos, comunique a família deles com meus pêsames... NADINE! - gritou Marshall
- Sim majestade! - falou Nadine, a costureira, aparecendo na entrada do saguão.
- Prepare tudo e providencie um vestido negro para Lira. - respondeu Marshall, passando a mão nos cabelos de Lira, ainda em pranto.
Marshall virou-se para Jequibeth, que espiava no canto da entrada do saguão:
- Você! Serva! Peque o rapazinho que trouxe a carta e dê a ele algo para comer. Vá com ela rapaz. - disse Marshall, olhando para o mensageiro.
E os servos, com suas ordens, deixaram o saguão, deixando, ajoelhados em sua dor, a realeza. A princesa viúva e seu pai cheio de culpa.
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