terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Última Traição - Parte 39

O exército estava parado diante de Lira e Simon. A chuva ficava mais severa, enquanto o príncipe ainda chorava por sua morta. O rei Marshall mantinha a posição de estátua, os olhos vermelhos fitando a falecida filha. Irian, em suas correntes, caiu ajoelhado no chão - nada havia saído como ele planejou, e agora, o que aconteceria? Receberia o servo eunuco o perdão real depois de ter sido direta e indiretamente a causa da morte da princesa Lira? O coração de Irian, desta vez, estava desesperado. Desta vez ele não tinha nenhuma saída, nenhum plano B para escapar da punição.

- Minha menina... não! - suspirou Marshall, perdido em sua agonia.

Ao ouvir a voz do homem que matou Lira, Simon acordou de sua entorpecente dor, saindo da cúpula onde somente Lira e ele existiam em seu momento de adeus. Levantou a cabeça e olhou em volta, avistando o grande exército, o maldito servo Irian, e o assassino rei Marshall. A cabeça de Simon ferveu em fúria, e batendo a mão direta no chão diante de Marshall, fitando seus olhos, ainda com Lira nos braços, exclamou:

- O que você fez... seu assassino! - disse Simon.
- Não, não... eu não quis ... eu não... eu amo Lira, é minha filha. Eu amava Laura. Eu nunca machucaria as duas. Elas são minha família... - dizia Marshall, engasgado e completamente perturbado.
- Você matou Lira... você matou Laura. Que espécia de amor é esse. Você é um maldito!
- Eu... eu não matei, não pode ser... Lira, acorde, Liraaa! - falava Marshall, sem sentido, esticando o braço para tocar a filha morta.
- Não toque nela! - disse Simon, se levantando, deixando o corpo de Lira frio deitado no chão molhado pela chuva.
- Não, não, não... ela está... morta. Eu a matei! Eu a matei! Eu a matei! - falou Marshall, elouquecidamente, colocando as mãos no rosto chorando desesperado.

Simon empunhou a espada de sua bainha. Olhou enfurecido para Marshall, que sorriu ao ver a atitude se Simon.
- Isso! Me mate, por favor me mate! Eu quero morrer... eu quero me juntar a elas... - falou Marshall, enlouquecidamente.
- Não será tão fácil, rei Marshall. Não quero matar você. Quero lutar. Uma luta justa pela vingança pelo sangue de Lira, e pelo reino do sul.
- Não, eu não mais nada. Não quero ser rei, não quero terras, não quero joias... - disse Marshall, tirando de si os anéis de ouro e jogando no chão - é tudo seu, tudo, tudo seu... pegue, mas me mate, por favor, me mate!
- Não seja covarde! Levante e lute como um rei. Quero vingar com honra!

Era óbvio que tanto Simon como Marshall estavam completamente poerturbados. Marshall não tinha disposição para uma luta; sua consciência já definhada pela morte de sua esposa Laura o havia atormentado por anos. Agora a morte de Lira o havia enlouquecido completamente. Marshall queria morrer. Mas Simon sempre foi um homem de princípios. Nunca iria se aproveitar da insandescência de um homem para tirar-lhe o reino. Ele queria uma luta justa - uma luta que não ocorreria porque Marshall não estava disposto a lutar.

Leonidas e Naim, o oficial e o escudeiro, tão fiéis, se aproximaram do rei.
- Por favor senhor, foi uma fatalidade. Levante-se... - disse Leonidas.
- Escutem! - disse Marshall de repente, se levantando. - Há uma altercação entre mim e o príncipe Simon. Se eu morrer, o rei de direto é ele. Pois bem!
- O que está dizendo majestade.- falou Naim, preocupado.
- O reino do Sul para o herdeiro! - disse Marshall, engolido pelas trevas da loucura e da culpa em agonia. - Vida longa ao rei!

Ao dizer isso, Marshall, em sua loucura repentina, empunhou própria espada e a cravou em seu próprio peito. Como um último suspiro, Marshall morreu sentido alívio por se auto-punir pela morte de Lira e Laura. O choque que isso causou aos presentes foi tamanho que Leonidas e Naim caíram de joelhos.

- Quanta tragédia... tantas vidas perdidas por causa de poder! - exclamou Naim, o escudeiro, inconsolável.
- O rei Marshall está morto. Além de ser a última vontade do rei do Sul, também é o direito de herdeiro. Simon é o rei agora! - falou o oficial Leonidas.

Os olhos de todos se voltaram para Simon.

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