sábado, 10 de outubro de 2009

A Última Traição - Parte 30

O primeiro cavalo na frente de todo o exército com armaduras douradas que representavam o exército oficial da princesa do Sul era branco. A figura montada nele estava coberta por um manto negro, onde o grande capuz lhe fazia sombra, escondendo a face. Os índios relaxaram quando viram o índio "Pé de Vento" no cavalo marrom, ao lado do cavalo branco.

A figura com o manto negro desceu do cavalo andando em direção aos índios. Parou, retirando o capuz, revelando seu rosto de anjo. A expressão de todos à beleza de Lira foi de admiração. A princesa sorriu levantando as duas mãos com as palmas abertas:
- Viemos em paz! - exclamou Lira.
- Bem vinda, princesa do sul! - disse o pajé, se posicionando à frente da tribo.

Lira deu um sinal aos soldados para que relaxassem, e passou os olhos pelos índios procurando algo. No meio deles, a figura principesca era incomum. Ao lado de uma índia, Simon olhava ansioso. Os olhos de Lira deixaram as lágrimas caírem, e os de Simon estavam hipnotizados fitando o anjo que viera lhe buscar. Lira andou em direção à Simon esquecendo todos ao redor. Num movimento que parecia ter sido ensaiado várias vezes, Lira caiu nos braços de Simon, deixando seu rosto expor toda a dor que lhe causara a distância de seu grande amor. Taimí observava Lira dos pés à cabeça, e entendeu que jamais poderia roubar Simon dela. Pois para Taimí, Lira era realmente um anjo, mas um anjo perdido. Um anjo que se apossara de Simon e nunca o libertaria. E que chances tinha uma índia mortal contra um ser maligno e angelical?

Simon afogou suas dores nos longos cabelos da princesa. As lágrimas agora confundiam-se com as gotas que caiam do céu. Sim, começara a chover. O céu trovejava e cobria o manto de Lira com as lágrimas das nuvens, deixando ainda mais escuro molhado. Mas Lira não sentia nada, apenas o alívio de ter Simon consigo novamente. Simon pegou o rosto de Lira entre as mãos e beijou sua testa carinhosamente. Olhou em volta e disse:
- Não podemos partir imediatamente pois já vai anoitecer e está chovendo. Por favor, dê abrigo para meu povo!
- Disse a princesa que ela era bem vinda - falou o velho pajé - e repito! Fique quanto tempo quiser, vossa alteza, tua esposa e teus homens, pois minha tenda é tua tenda!
- Obrigado, senhor! Mas partiremos pela manhã. - disse Simon ao pajé
- HOMENS! Montar acampamento aqui por esta noite! - ordenou Lira.

Debaixo da chuva que começava a ficar severa, os soldados de Lira montaram seu acampamento. Simon levou Lira para a tenda que Taimí tinha disponibilizado à ele. Os índios receberam "Pé de Vento" com júbilo, dando-lhe honra por ter cumprido sua missão êxito. Entre as almas tranquilas e contentes, duas almas se destacavam pelo rosto amargurado. Taimí, que sentia uma pontada no coração toda vez que olhava para Lira, e Irian, o eunuco, que observava num ódio frio os fatos, tramando algo maligno em sua mente ambiciosa.

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