sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Última Traição - Parte 29

O vento soprava vindo do norte. Trazia consigo nuvens cinzas que não mais deixavam o sol espalhar seu calor e luz. Logo iria chover. Simon estava recostado perto da tenda observando o céu, com um olhar nostalgico.

- O que está te deixando triste, príncipe dos olhos cor de céu? - perguntou Taimí, se chegando a Simon.
- Saudades. Sente o vento úmido? Vem do norte, minha terra. - respondeu Simon carinhosamente.
- Norte? Achei que viesse do Sul...
- Sim, bela índia. Me casei com a princesa do Sul, e estava morando por lá por um tempo. Mas minha terra é o Norte. Foi onde nasci e para onde pretendia levar minha esposa. Até que enfim assumisse os dois reinos.
- Sente saudades... dela?
- Minha esposa?... Sim, não sabe o quanto a amo.
- Tenho inveja dela por isso - disse Taimí amargamente, baixando os olhos.
- Não tem porque ter inveja. És tão linda e tão doce. Irás achar um bom índio guerreiro que a ame tanto quanto amo minha Lira. - disse Simon, passando a mão no cabelo de Taimí.
- Não gosto de índio guerreiro. Índio Guerreiro não tem olhos cor do céu.
- Hoje meus olhos não estão da cor do céu, o céu está cinza...
- Hahahaha - riu Taimí - Olhos da cor do céu em dia de sol.
- Claro... agora sim! - disse Simon, ainda rindo, com a mão no rosto castanho de Taimí.

Por cima da cabeça de Taimí, Simon viu uma grande massa escura descer desde os montes. Quanto mais rápido a massa se aproximava, mais visível ficava para Simon. Estreitando os olhos, ele reconheceu o exército especial da princesa do Sul.
- Lira! - sussurrou Simon, tirando a mão do rosto de Taimí.

A índia olhou para trás e viu o exército se aproximando. Num surto, correu tocando um instrumento ensurdecedor de alerta para os guerreiros da tribo. Simon correu atrás de Taimí, gritando:
- Não! Não! É minha esposa, minha esposa... meu exército! Eles vem em paz!

Taimí se virou de frente para Simon:
- Sabemos disso, mas os homens brancos são traiçoeiros. Prefirimos ficar alertas! - falou Taimí ofegante, olhando Simon nos olhos. - Me perdoe por isso príncipe do Norte dos olhos cor de céu, mas tenho que fazer antes que tua dona tome posse de ti outra vez!

Simon só compreendeu o que Taimí disse quando a índia se empuleirou em seus ombros largos e lhe roubou um beijo. Um beijo supresa, toque doce dos lábios carnudos indígenas de Taimí. Um toque quente que deixou Simon sem reação. Mas foi breve, e quando Simon voltou a si, deu-se com o exército Lira na reta com os indígenas, em posição de alerta.

Nenhum comentário: