quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 29

Tropecei duas vezes pela pressão dos olhares em cima de mim. Sentei meio desajeitado na carteira, quase caindo da cadeira, o que provocou risadas dos outros alunos. Nesse meio tempo a professora Justine já estava em sua mesa, e achou que meu jeito atrapalhado fosse um tipo de afronta à sua presença:
- Está com algum problema, senhor Stanley? - perguntou ela naquele tom de repreensão.
- Não... desculpe... - murmurei, me ajeitando no lugar. Os outros alunos riram novamente.
- Chega, classe! Todos abram o livro na página 152! - ordenou a professora. - E você, senhor Stanley, sem piadinhas!

Seguiu-se uns murmúrios e enfim o silêncio. A professora começou a ler o texto do livro, enquanto eu queria morrer pelo acontecido. Fitei o livro sem realmente olhar para ele, e a voz da professora era apenas um zumbido irritante. Depois do intervalo teria treino de basquete. Isso era bom e ruim. Bom porque eu ia desestressar um pouco, visto que o basquete me desconectava de todos os problemas e me focava numa nova atmosfera. E ruim porque as líderes de torcida estariam treinando na quadra ao lado, e eu estava com um medo danado de encontrar Jolie e Rebecca, pois elas poderiam ter o mesmo ataque de Ashley, Liz e Selena.

Enquanto eu vagava nos meus problemas emocionais, o sinal tocou. Caramba! Como a aula passou tão rápido. Senti uma pancada brusca na nuca, e vi Andrew saindo da sala. Ela tinha batido com a bolsa na minha cabeça, e não foi sem querer. Hmmm. Espertinha ela, não? Na certa viu que eu estava vagueando e quis chamar a atenção. Talvez ela gostasse de mim, e ainda não soubesse. De repente, senti mais duas pancadas bruscas na cabeça e no ombro. Eram Liz e Ashley, que ainda ferviam de ódio de mim. Bom, isso era um sinal de que talvez Andrew não gostasse de mim tanto assim...

Andei me arrastando até o refeitório, onde estavam meus grandes amigos Matt Dagmore, Freud Kennesty e Jonny Henry Marshall. Quando cheguei, Jonny estava contando vantagem sobre alguma coisa que de início não captei o que era, enquanto Freud e Matt se entreolhavam meio chateados. Me sentei e Jonny tossiu e pigarreou quando me viu, o que "levantou minha lebre".

- Tavam falando de mim? - intimei, num tom grave e imperativo que usava no posto de capitão do time de basquete. Aquela pergunta parecia mais uma afirmação.
- Não, claro que não! E aí, cara, firmeza? - falou Jonny.
- Matt? - me virei para Matt, que era o amigo que eu mais confiava. Ele nunca escondia nada de mim.
- Ah, Brad, o treinador David ia te contar no treino hoje. - respondeu Matt, meio amargurado.
- Ótimo! Conheço essa sua cara Matt... lá vem bomba... - me adiantei.
- Olha Brad, você sabe que é o melhor capitão que essa escola já teve... - começou Jonny, num discurso solidário muito forçado.
- Eu rodei, não é? - eu disse, meu tom ficando meio desesperado.
- Rodou, cara! O Jonny robou seu lugar! - acusou Freud. Ele sempre era sincero demais.
- Cala a boca, não é assim... - Jonny falou asperadamente com Freud.
- Seu filho da... - eu queria quebrar a cara dele.
- Calma Brad, eu não tive culpa. Eu te avisei que você tava disperso demais, muito avoado. O treinador achou que seu desinteresse ia... ia prejudicar o time... - se explicou o desgraçado do Jonny.
- Eu vou quebrar a sua cara! - ameacei, me levantando da cadeira.
- Ei, ei, ei, Brad. Isso não resolve as coisas, amigão! - interviu Matt, me segurando. - Jonny foi influenciado pela Ashley! Sim, Ashley Hanners, aquela vadia! Ela veio toda doce pra cima dele e fez ele ir falar com o professor David. Os dois falaram com ele!
- Você... o que você tem a ver com Ashley? - perguntei a Jonny, atordoado.
- Ela veio falar comigo, Brad. Ela tinha razão. Você estava com muitos problemas emocionais e estava prejudicando o time. Eu só queria te ajudar, tirar esse peso das suas costas... - tagarelou Jonny.
- Você me ferrou pra se dar bem com a Ashley? - rugi, e Matt apertou a mão no meu braço.
- Desculpa, Brad. Você sabe que eu sempre gostei dela. - confessou Jonny.
- Que canalha! - resmungou Freud.
- O que aconteceu com "eu não pego ex de amigo meu"? - reclamei, ardendo de raiva.
- Droga, Brad! Não é só por ela. É por mim! Eu sou muito mais dedicado ao basquete do que você! Foi justo! - gritou Jonny.
- Justo? Você sempre teve inveja de mim, Jonny! Sempre! Eu vou acabar com você! - gritei, avançando pra cima dele. Ah, se Matt não estivesse me segurando...
- Calma, brother! - gritou Matt no meu ouvido. - Você é o melhor jogador de basquete dessa escola. O treinador David vai se arrepender de ter te tirado a liderança! O Jonny nunca vai te superar! Você só precisa provar que é melhor! E eu sei que você é melhor!

As palavras amistosas e fortes de Matt me acalmaram. Minha visão se suavizou e o refeitória a minha volta tomou forma. Vi como os outros alunos tinham se juntado para perto de nossa mesa para ver a briga entre mim e Jonny. De relance, vi Ashley Hanners com um sorriso deliciado no rosto e os olhos ansiosos. Do outro lado, mais ao fundo, Andrew observava com a expressão preocupada e os olhos doloridos. Ela nunca ficava no refeitório quando brigas começavam. Ela odiava essa infantilidade. No entanto, lá estava ela, olhando pra mim, com o coração na mão.

Respirei fundo. Matt afroxou as mãos que me seguravam. Olhei para Freud:
- Você é o melhor cara, sabe disso. - murmurou Freud, e eu sorri tristemente, mas agradecido pela força.

Coloquei a mão no ombro de Matt, dando a entender que já estava sobre controle. Olhei para Jonny colérico e ameacei:
- Aproveite sua estadia no meu trono, porque seu reinado é curto!
- É o que veremos, amigo. - zombou Jonny.
- Eu não sou seu amigo! E eu vou acabar com você... mas não aqui... não assim... mas lá na quadra! - me virei para Matt - O que eu sou agora?
- Você é small forward, um ala... - disse ele. - Jonny é o point guard, o armador agora...
- Tudo bem, não faz diferença para quem tem talento.

Jonny ainda me olhou zombador e desconfiado. Vi o rosto de Ashley se fechar pela briga ter parado por alí. Dei passos largos, esbarrando em alguns alunos para sair do refeitório. Todos me olhavam, uns com uma solidariedade irritante, outros com ar de zombaria mais irritante ainda. Agora todos sabiam que Bradley Tommas não era mais o capitão do time de basquete do colégio. Saí pela porta completamente atordoado.

Um comentário:

Anônimo disse...

eita Jess! ah mas se vc postou hj, entao ja tudo certo ne?


pois é Bradley Thommas...
vamos esperar novos capitulos pra saber como ele vai sair dessa.