terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 35

Eu estava quase terminando os detalhes que faltavam na roda do meu desenho no caderno, quando um som agudo me puxou para a realidade. Era o sinal que dava início à aula que estava tocando. Quando dei por mim, percebi que a sala estava cheia e logo vi as sombras negras entrando pela porta.

Andrew, quando viu onde eu estava sentado, bateu com a mão na testa e Nadine, que com certeza já sabia do meu não-quase-eu-acho-que-era-um-caso com a minha não-irmã, juntou as sobrancelhas enfurecidas e veio para cima de mim com a bolsa em punho.

- Saia já do meu lugar! - ordenou ela.
- Tá escrito seu nome na carteira? - desafiei.
- Está! - apontou ela para a pixação no canto esquerdo numa letra gótica escrito "Nadine". Droga! Tudo bem, essa não funcionou. Revirei os olhos.
- Não existe um mapa de sala. Então eu sento onde eu quiser. - resmunguei, cruzando os braços.
- Vai pro inferno, Brad! Você nunca se sentou aí! - gritou Nadine.
- O que pensa que está fazendo, Bradley Tommas? - perguntou Andrew, frustrada.
- Você vive na mesma casa que eu. Vai doer sentar do meu lado só hoje? - respondi, sorrindo para ela. Nesse momento eu estava em dúvida se amava mesmo Andrew, ou se o que me fascinava era irritá-la. Pensei um pouco, olhando o rosto de porcelana da minha bonequinha das sombras. É, eu gostava era dela mesmo.
- Eu vou quebrar seus dent... - Andrew começava a me ameaçar, quando a professora Gertrudes de biologia entrou na sala.
- Muito bem classe, todos sentados! - ordenou ela.

Andrew olhou desesperada para Nadine, que colocou a mão no ombro dela.
- Fique tranquila. Lembra dos rituais de magia negra que eu disse que estava fazendo? Então... vou tirar o Brad da sua vida rapidinho, amiga. - ameaçou Nadine, indo se sentar no meu lugar mais a frente. Revirei os olhos. Era óbvio que aquilo era um blefe para me assustar. Nadine era uma bruxa, mas só de aparência.
- Brad... - falou Andrew, se sentando ao meu lado. - Está vendo a enorme régua de madeira alí no canto da sala? - apontou ela, para a régua atrás de nós encostada na parede empoeirada de giz.
- Sim, o que tem ela? - respondi, confuso.
- Não dirija a palavra a mim durante a aula toda, ou senão eu te faço engolir a régua... e não vai ser pela boca! - ameaçou Andrew, sussurrando maquiavelicamente.

Eu estremeci. Nunca desconfiei das ameaças de Andrew Marew. Então, decidi ficar na minha durante a aula.

O sinal tocou e Andrew fugiu do meu lado como um vampiro fugindo do sol. Suspirei e guardei minhas coisas, pensando em como seria meu intervalo. Eu ainda teria a mesa no centro do refeitório? Estariam pelo menos Matt e Freud esperando por mim, como sempre? Caminhei para fora da sala sem vontade.

Meu peito relaxou e eu sorri satisfeito ao ver minha mesa de sempre com Matt e Freud sentados conversando alegremente. Fiquei mais aliviado ainda quando meus bons amigos me viram de longe e sorriram para mim.
- E aí, irmão? Tudo na paz? - perguntou Matt, batendo a mão na minha.
- Por enquanto, nenhum ataque de líderes de torcida. - eu ri.
- Isso é bom. Com as acrobacias que elas sabem fazer, você não aguentava dez minutos de porrada com elas. - zombou Freud.
- Falando em ataque, já deu uma olhada na nova mesa do Jonny? - perguntou Matt, sutilmente.

Olhei pelo refeitório e vi, à três mesas, Jonny sentado no meio das líderes de torcida. Revirei os olhos. Ashley Hanners, minha ex namorada, pendurada no braço daquele ruivo sem graça como uma bolsa, rindo pelas orelhas.
- Ele nem tentou sentar com vocês? - perguntei, amargo.
- Não... está desfazendo de nós achando que logo seremos tão reclusos quanto você, por prefirirmos andar com Bradley Tommas, o ex-capitão. - respondeu Matt.
- E agora ele está lá, abarrotado de líder de torcida até o pescoço. Essas líderes de torcida. Só porque andam de sainha rodada pela escola, acham que são as melhores. Mas não passam de umas volúveis. É por isso que eu sempre prefiri Andrew Marew. Bonita, sim... mas não fútil. - refletiu Freud.

Quando Freud falou de Andrew daquela maneira carinhosa, fiquei mais amargo ainda. Tinha me esquecido de que Freud sempre foi apaixonado por Andrew, e achei que seu quase-encontro com a Liz tinha tirado Andrew da reta dele. Revirei os olhos, e retruquei.
- Andrew tem namorado! Ainda não desistiu dela? - olha só quem fala... o cara que a beija pelas costas do Stuart. Eu era um cara de pau mesmo.
- Eu sei. Stuart Kennesty! - soletrou Freud.

Pensei um instante no sobrenome. Kennesty... era o sobrenome do próprio Freud. Será que eles eram parentes?
- Stuart Kennesty? Conhece ele? - perguntei, abobado.
- Claro, ele é meu irmão. Morou fora uns tempos, fez faculdade, mas não terminou. Foi a anta aqui que apresentou o loirão grandão pra mulher da minha vida. - se lamentou Freud.
- Seu irmão? - eu fiquei pasmo, até sabia que Freud tinha um irmão, mas nunca o conheci, nem sabia o nome dele. Além disso, Freud nunca falou muito dele.
- É. Foi mês retrasado, eu acho. Fui com o Stuart no show do Metallica, já que fazia tempo que não fazíamos um programa juntos, e lá encontrei a Andrew, obviamente. Aí eu apresentei ele para ela. Andrew caçoou de mim, como sempre faz, mas ficou conversando com o Stuart o show todo. Quando descobri que os dois estavam juntos, fiquei em dúvida se me suicidava ou se estrangulava aquele traíra. Fui burro, mas ele sabia que eu gostava dela... disse isso quando a apresentei a ele. - contou Freud, traumatizado.
- Você é bem burro mesmo. - soltei sem querer.
- Bota burro nisso. - ajudou Matt.
- Obrigado, amigos. Me sinto muito melhor agora. - disse Freud, sarcástico.

Freud suspirou. Olhei para ele pensando em Stuart. Se ele havia roubado a garota do próprio irmão, então eu não era tão mau em roubar a garota de um cara que não era nada meu. Me senti mais animado em conquistar Andrew Marew. Mas Freud cortou meus devaneios. Ele olhou para frente, atrás de mim, com os olhos arregalados de repente.
- Alerta vermelho, alerta vermelho! Líder de torcida à vista! - avisou ele.
- O quê? - me apavorei.
- Ela está vindo em direção à nossa mesa. Merda! - reclamou Matt.

Engoli seco. Líder de torcida, para mim, agora era sinal de confusão. O que ela queria comigo a essa altura?

3 comentários:

Anônimo disse...

legal esse capitulo.

dia 30 tem Metallica no morumbi heim! quem for me conta, eu nao vou nao..
hehe

JeSs disse...

ahsuhaushau
to sabeeeendo
mas tb num vou :(

Anônimo disse...

Sad but True...