terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 41

- Pode me passar o sal? - perguntou Matt a Andrew na mesa da cozinha.
- De novo? Você colocou sal umas cinco vezes nesse seu prato gigantesco! - respondeu Andrew, de olhos arregalados.
- Andrew! Que grosseria, filha. Ele é nosso... convidado. - interviu Jonathan, amistoso como sempre.
- Convidado? Os amigos do Brad são estorvo, não convidados. E ele que se auto-convidou para almoçar! - falou Andrew, com aspereza.
- Andrew, Matt ajudou Brad. Seja legal com ele. - pediu Janet, minha mãe.
- Tudo bem mãe, em parte, tirando a grosseria, Andrew tem razão. Matt! Quer morrer de pressão alta, irmão? Achei que sua vontade de fazer medicina influenciaria no modo como leva sua vida. - falei, tentando acabar com a discussão.
- Uma vez na vida não vai me matar. - disse Matt, levantando, esticando o braço e pegando o sal do lado do prato de Andrew.
- Tomara que seu sangue empedre, estepe! - disse Andrew.
- Igualmente, rascunho da Trinity do Matrix. - respondeu Matt, sorrindo, colocando sal na comida... de novo.
- Mancadão idiota! - criticou Andrew.
- Opa! Minha querida amiga. Quer dizer então que você namora o irmão do Freud? Isso é o que eu chamo de mancada. - cortou Matt, de repente.

Eu arregalei os olhos quando ele disse aquilo.
- O irmão... do Freud? Freud não é aquele seu amigo cabeludo, Brad? - se lembrou minha mãe.
- É sim, mãe. E ele era apaixonado pela Andrew. Mas parece que o Stuart quebrou as pernas do irmão. - acusei, apoiando o Matt.

Era a minha chance de minar o terreno do meu rival nessa jogada. Afinal, se ele era fura-olho do próprio irmão, eu poderia ser fura-olho também.
- Freud sempre soube que não tinha a mínima chance comigo! - se justificou Andrew.
- Mas pegar o irmão dele? Nossa! O coitado vive em depressão agora. - disse Matt. Essa parte era exagero, mas eu ri mesmo assim.
- Acho que nem vocês dois e nem Freud tem nada a ver com a minha vida pessoal. Se eu quisesse namorar o pai dele, isso era problema meu! - gritou Andrew.
- Aí eu acho que ia ser problema seu e da mãe do Freud. - disse Matt, ficando vermelho de tanto rir.

Eu ria mais que ele, e Andrew viu a besteira que falou. Ela era muito boa em dar respostas, mas não podia contra mim e Matt juntos.
- Isso, dá bastante risada mesmo, senhor QI negativo! Eu não vou me estressar com essas suas piadinhas sem fundamento. - criticou Andrew, vendo que tinha perdido a batalha.
- Nah! Disfarça não, você disse que ia pegar o pai do Freud! Eu ouvi! - eu falei, já chorando de rir.

Minha mãe me jogou aquele olhar feio.
- Meu Deus! Andrew é ninja! Vai passar o rodo na família Kennesty inteira! - zombou Matt, e eu não aguentei. As piadas dele eram muito boas. Caí na risada de novo.
- Pai! - apelou Andrew.
- Já chega meninos! Ou vou pegar o chinelo pros dois! Ouviu bem! - ralhou minha mãe, passando a frente de Jonathan.
- Vai bater em mim, dona Janet? - brincou Matt. Ele nunca perdia aquela cara de zombador.
- Vou, porque te conheço a bastante tempo para ter autoridade de fazer isso. Te carreguei no colo, mocinho. E vocês dois estão exagerando na brincadeira. Será que não podemos almoçar em paz? - disse minha mãe, mais calma.

As piadas de Matt tinham nela o mesmo efeito que tinham em mim.
- Tá, parei! - disse Matt, baixando a cabeça de um jeito tão cômico que até Jonathan deu risada.

Tomei um gole do refrigerante para passar a crise de riso. Andrew e Matt nunca se bicaram, mas também nunca se confrontaram assim, diretamente. Não imaginei que Andrew soubesse tanto sobre Matt a ponto de chamá-lo de estepe meu, visto que ele ficava com as minhas ex-não-namoradas. Mas também não imaginei que os dois se odiassem tanto. Parecia que estava havendo um colapso de personalidades naquela mesa. Andrew, com seu jeito sombrio e suas ironias, e Matt, com seu sorriso caloroso e piadinhas que irritavam minha não-irmã.

Minha mãe, Janet, sempre amou o Matt. Ele é meu amigo desde a infância. Já fui muitas vezes brincar de carrinho na casa dele, e ele na minha. A diferença era que agora essa não era mais "minha" casa, e sim a casa do marido da minha mãe. Com o passar do tempo, Matt deixou de nos visitar, mas hoje parecia ser um rombo nesse muro imaginário que havia se formado sozinho entre nós. Matt estava muito a vontade sentado alí, do meu lado, enquanto minha mãe insistia em colocar mais espaguetti para ele e Andrew revirava os olhos, possessa. Jonathan parecia ter se identificado com Matt, afinal, os dois eram risonhos, amistosos e muito calmos. Ele não parava de rir das piadinhas que Matt fazia com as ironias maldosas de Andrew. Emburrada, ela saiu da mesa antes de todo mundo. Suspirei. Parecia que Matt viria muito em casa agora, e que Andrew iria me odiar muito mais do que já odiava.

Um comentário:

Anônimo disse...

esse capitulo foi legal
heheh
ri pra caramba!