segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 40

Liguei o chuveiro pensando no que Matt havia dito. A àgua quente delizou pelos meus músculos rígidos relaxando completamente minha tensão física, mas o mesmo efeito não ocorreu com minha tensão mental e emocional. Quando a àgua atingiu o ferimento na cabeça, ardeu um pouco, mas ardeu muito mais quando eu decidi ensaboar. Acidente idiota! Eu podia ter batido em um Barracuda velho na ala dos nerds, ou até mesmo espatifado o Ford antigo do Matt. Eu ia me ferrar para pagar, claro, mas não ia ter que vender até as cuecas como no caso do Porsche de Adam.

Cuecas... esse pensamento repentino já me levou para a dimensão dentro de mim que eu mais odiava. A dimensão "Andrew". Nela não havia mais Maverick, nem acidente, nem Porsche, nem Adam, nem ferimento, nem nada. Só havia ela e o fato dela saber que eu uso cuecas da Red Nose. Engraçado! Não me lembrava em nenhum momento de ter aparecido só de cueca na frente dela. Logicamente, essa seria uma idéia muito estimulante, mas se ela ainda se recusava a admitir até mesmo a atração que sentia por mim, não ia ter a mínima graça se até nos meus pensamentos ela atirava o coturno em mim e saía correndo.

Saí do chuveiro meio tenso, lembrando do que Matt havia falado sobre trancar a porta do banheiro. Matt era um zombador. Lógico, ele era meu melhor amigo, um cara pacífico, risonho e muito paciente. Mas no quesito "zuação", ele não deixava barato. Aqueles olhos azuis peraltas não me enganavam. Não duvidava nada de que ele ia zuar Andrew pro resto da vida por causa dessa história das cuecas.

Desci as escadas desanimado, pois ouvi a voz da minha mãe lá embaixo. Quando cheguei na sala, ela olhou para mim como se já me esperasse, com as mãos na cintura e o pé batendo no assoalho.
- Ah, droga! Matt! Eu falei que eu ia contar do meu jeito! - arfei, olhando para Matt, ainda assistindo TV.
- Epa! Eu não abri minha boca. Quem te dedurou foi a Mortícia. - respondeu Matt, sem tirar os olhos da TV.

Revirei os olhos. Andrew estava alí, sentada no sofá também. Claro que ela ia abrir aquela boca grande e perfeitamente desenhada com gostinho de hortelã... argh! Afastei esse pensamento idiota, me focalizei em ter raiva dela por me dedurar mais uma vez. Ela olhou para mim com aquele jeito maquiavélico de antigamente. Tudo bem, Andrew Marew, vamos nos entender mais tarde, pensei comigo mesmo.
- Bradley Tommas Stanley! - rugiu minha mãe.
- Mãe, eu vou pagar! - já me justifiquei.
- Pagar? Filho, é um Porsche! Você teria que vender até suas cuecas para pagar! - ralhou Janet.

De rabo de olho, vi Matt se tremer todo no sofá de tanto rir. Até minha mãe falando das cuecas. Legal, agora eu iria ter até pesadelos com isso.
- Foi um acidente, mãe. Eu sou cuidadoso dirigindo. Você sabe o quanto amo meu Maverick. Não sei como fui bater no Porsche. - me lamentei.
- Eu sei, Brad... ei, o que é esse talho na sua cabeça? - se assustou minha mãe, olhando meu ferimento. Talho? Aquilo era apenas um corte superficial.
- Não é nada mãe. Bati a cabeça no volante. Só isso. - tranquilizei ela.
- Nada? Brad, você foi no hospital? - insistiu Janet.
- Não é nada, olha! Nem tá mais sangrando! - insisti também.
- Brad, você pode ter uma hemorragia interna! Vamos pro hospital agora! - disse minha mãe, preocupada, pegando a bolsa na mesinha.
- Argh! Mãe, faz mais de meia hora que eu bati a cabeça. E se quer saber, seria melhor se eu morresse mesmo, aí Adam ficaria com remorso e não cobraria o conserto do carro! - dramatizei.
- Tudo bem, tudo bem. Acho que Brad está bem sim, querida. - disse Jonathan, vindo da cozinha. - Por que não conversamos com o dono do Porsche? Talvez cheguemos a um acordo. - propôs ele.
- É o que eu pretendia fazer. - respondi.

TRIM!!! O telefone tocou, fazendo Andrew e Matt pular do sofá. Andrew correu atender.
- Alô? Oi, Adam. É, eu fiquei sabendo. Brad é um babaca. Está bem sim, infelizmente o ferimento na cabeça não foi nada. Ah, claro. Só um instante. - Andrew tirou o telefone da orelha. - Pai, Adam Turnwell, o dono do Porsche, quer falar com você.

Eu gemi. Aquele idiota do Adam não sabia que eu não tinha pai? Jonathan era meu padrasto, mas eu julgava que ele não tinha nada a ver com meus problemas. Mesmo assim, Jonathan se dirigiu calmo ao telefone.
- Alô? Sou Jonathan Marew, pai de Andrew. Não, não sou pai do Brad, mas pode falar. Sim, eu sei do acidente. Estragou muito? Bom, acho que seria melhor se você pudesse vir aqui em casa para conversarmos pessoalmente sobre o pagamento dos estragos. Claro, anote o endereço.

Eu queria me enforcar. Olhei para minha mãe, Janet, e ela parecia ter a mesma expressão. Se Jonathan se propusesse a pagar pelo estrago do meu erro, eu ia brigar feio com ele. Achei que tínhamos um trato: ele era meu amigo, marido da minha mãe, mas nunca tentaria ser um pai.

Jonathan desligou o telefone e suspirou.
- Esse Adam é britânico? O sotaque dele é bem forte. - disse Jonathan.
- É sim, e muito rico. - respondeu Andrew.
- Percebi pela arrogância dele. Pela minha experiência, acho que Adam não está ligando para dinheiro. Ao que me pareceu, o orgulho dele está ferido pelo carro novo e já batido. Mas acho que ele só quer assustar Brad. Vai acabar não cobrando a dívida. - refletiu Jonathan.
- Não quero caridade desse riquinho! - fiquei emburrado.
- É um pouco cedo para suposições. Vamos conversar com esse Adam e ver se entramos num acordo. Relaxe Brad. - aconselhou Jonathan.
- Isso, querido. Vamos relaxar. O almoço deve estar esfriando. Vamos comer. - propôs minha mãe, Janet.
- Eba! Essa era a parte que eu tava esperando! - se animou Matt, levantando da poltrona.
- Ih! Nem se anime tanto, Matt. Pelo cheiro, é comida do restaurante da esquina de novo. Bela dona de casa a senhora é, hein dona Janet. - eu disse, reconhecendo o aroma de comida italiana embrulhada no alumínio.
- Tenho que trabalhar para pagar as contas do meu filho desastrado! - respondeu minha mãe, ríspida.

Baixei a cabeça e perdi a piada. Escutei Andrew zombando de mim com um "RÁ!". Suspirei e fui para a cozinha.

Um comentário:

Anônimo disse...

a cueca quase roubou a cena!
hehe

to ansioso pra ver a atitude do Adam.
no lugar dele, eu exigiria o pagamento total e depois quando ele pagasse venderia o porsche pra sucata, filmaria e mandaria o video pro Brad

kkkkkkkkkkk

brincadeira.
calma Jess, nao fica brava...

acho q o lado pessoal do Adam vai falar mais alto, do que a "importancia" que tem o carro dele batido ou nao.
veremos...