segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Palco de Agatha - Parte 1

*Nova História

Os pequenos pés eram tão delicados ao tocar suavemente o chão com apenas a ponta. Os giros, a destreza dos passos, e o belíssimo e perfeito espacarte no final. Agatha dançava ballet como ninguém.


No teatro "Del Bellis", a cada mês um novo espetáculo era preparado. Agatha Numier Cortês, uma mulher de 23 anos, linda em seus cabelos negros e pele branca destacando ilustremente seus olhos auis, era sempre a protagonista.
Logicamente, todos a respeitavam e admiravam. O tetro tinha cerca de 25 atores-balarinos, todos graciosos como cisneis. E o enorme teatro "Del Bellis" lotava todo sábado à noite.




-Já vai Agatha? - disse Andrew, o parceiro de dança de Agatha.
-Já sim, Tomas está aí na frente. Vamos jantar fora hoje. Amanhã treinamos uma hora a mais pra te recompensar ok?
-Certo Agatha. Manda um abração pro Tomas, o maridão. Fala pra ele que amanhã você será minha por longas horas, ahhahahahaha
-Vai brincando Andrew... bobo... vou indo, até!

No carro prateado na rua, aguardava Tomas, o marido de Agatha, que era um famoso empresário. Ele era um homem alto, cabelos escuros e pele branca, olhos castanhos e um sorriso exuberante, de temperamento calmo. Tomas amava muito sua esposa Agatha, e se orgulhava da forma graciosa como ela dançava ballet.
-Oi amor, parece cansada - disse Tomas, afagando o cabelo de Agatha carinhosamente como sempre costumava fazer.
-Sim Tom. Hoje foi um dia cansativo. O diretor dos espetaculos passou os novos passos. Muito difícil de pegar. Mas foi muito bom. Amanhã terei que ficar uma hora a mais, já que saí mais cedo hoje. Afinal de contas, onde vamos?
-Agui, meu bem. Lembra da sua grande amiga Antonella?
-Antonella? Como poderia esquecer... ela me odeia.
-Vocês eram tão amigas... não acho que ela te odeie...
-Eu simplesmente estou casada com o cara por quem ela foi louca durante toda a adolescência. Antonella acha que eu te roubei dela Tom. Desde que a gente se casou, nunca mais falei com ela.
-Ficaria surpresa se eu dissesse que ela me ligou hoje?
-Ligou? O quê? Pra que?
-HAHAHAHAHA... sem ciumes Agui. Ela nos convidou para um churrasco na casa dela hoje a noite. Não custa ir amor. É uma boa chance de vocês voltarem as pazes.
-Não sei... tá bem Tom, você já aceitou o convite mesmo. Vou aproveitar e convidá-la para o grande espetáculo semana que vem. O teatro vai bombar!
-E você vai arrasar Agatha... como sempre!

Na casa de Antonella, Agatha e Tom permaneciam calmos e contentes, conversando com os amigos presentes de outra época; amigos de escola. Antonella, uma loira belíssima com rostinho de boneca de porcelana, sentou-se ao lado de Agatha com uma travessa na mão:
-Agui, aceita um pedaço de contra-filé?
-Não Antonella, comi demais já. Vou guardar espaço para a sobremesa.
-Agui... Agatha... queria falar com você amiga. Eu sei que a gente brigou feio por uma infantilidade. Sei que você não teve culpa, amor acontece. Gosto muito de você, e do Tom também. 3 anos sem se falar já é o bastante. Me perdoa amiga?
-Te perdoar? Antonella, não há nada que perdoar. Você estava magoada. Mas eu nunca odiei você. Sempre fomos amigas, mesmo que você tenha virado a cara comigo por esses anos.

Antonella abraçou Agatha, mas quando as duas se soltaram, ela olhou ternamente para Tom, que comia despreocupado seu prato cheio de carnes assadas. Agatha viu que Antonella nunca esqueceu Tomas, e que talvez aquela aproximação fosse uma tentativa idiota de roubá-lo dela. Mas Agatha era confiante, sabia o quanto Tom a amava; Antonella não teria chance. Então fingir ser amável não seria difícil naquela noite.

-Antonella, trouxe pra você um convite do espetáculo da nova peça "Trevas" do teatro "Del Bellis". Eu vou protagonizar. Você sabe que eu ainda danço ballet né? Vai ser demais. No sábado semana que vem, você vai? - disse animada Agatha
-Agui querida, fiquei sabendo do seu sucesso naquele teatro enorme "Del Bellis". Lógico que eu vou. Enquanto você dança lá no palco, eu farei companhia para seu marido Tom - disse maliciosamente Antonella.

Agatha assentiu com um sorriso murcho. Não gostou nada do jeito como Antonella havia falado. Mas não importava. Durante todo o espetáculo, os olhos de Tom seriam de Agatha. Ela era o cisne, o palco o lago e Tomas a lua que observava imóvel do céu. Esse espetáculo prometia realmente ser inesquecível.

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