segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Palco de Agatha - Parte 18

Os olhos verdes cintilavam, e o corpo frio se aproximava. Antonella estava caída no chão, encurralada num canto. Na escuridão, as mãos se esticavam para lhe tocar. Pensando que era o fim, Antonella cubriu o rosto com as mãos e soluçava. Nesse momento algo estalou.

A cabeça do zumbi rolou, e o corpo estribuchava enquanto esguixava o líquido tóxico. A barra de aço caiu no chão e um suspiro cortou o silêncio:
- Ah, Tomas...
- Acho que cheguei a tempo, né?
- Meu amor!

Antonella correu para os braços de Tomas. Sua saia rosa comprida estava desfiada e seu corpete branco sujo. Tomas também não estava em excelente estado; o líquido tóxico esguichou em sua camisa azul-bebê e na calça social. Ele afagou a cabeça de Antonella, tentando acalmá-la e disse:
- Agora está tudo bem, eu estou aqui. Não vou deixar que nada aconteça com você.
- Mas Tom... Agatha... aquela bruxa disse que a única saída do labirinto dá para o palco, e que se sairmos, ela nos mata!
- Agatha está perversamente ensandecida, mas ainda é Agatha. Sei como lidar com ela. Sei o que ela quer. Se for preciso, pra salvar você, eu darei a ela.
- Não Tom, o que está diz...
- Shhhhhh! Calma, agora temos que nos concentrar em sair desse labirinto.

Tomas pegou a barra de ferro no chão, que brilhava com os espirros do líquido tóxico. Sabia que ainda havia perigos no labirinto, e que ia ser difícil sair inteiro dalí. Os sussurros e ameças continuavam, mas corajosos, Antonella e Tomas seguiram adiante no labirinto, procurando a saída para o palco de Agatha.



A entrada era escura, mas Gerard sabia que não tinha muito tempo se quisesse realmente salvar Tomas e Antonella. A polícia talvez demorasse um pouco, e ele não podia esperar. As mãos trêmulas se arrastavam pela parede, e a faca estava empunhada em uma delas. Ele seguiu pela entrada, observando na escuridão as paredes irregulares, os musgos e os cipós que ligavam o local todo. Com a natureza de cientista, Gerard não pode deixar de comentar para si mesmo:
- Fascinante! A ruína toda está ligada a ela. Agatha tem um poder além do comum nesse lugar. Esse líquido é incrível demais.

Passou por umas pedras, e começou a ouvir uma música. A música lenta era de piano. Música de ballet. Mas naquele cenário, em vez de ser acalmante, era apavorante. Gerard parou e ficou pasmo com o grande saguão que Agatha havia construído entre as ruínas. O palco, bem no meio, com as cortinas vermelhas rasgadas; os outros zumbis como platéia ajoelhados no chão; o piano esfolado no canto do palco e a bela boneca de porcelana branca dos olhos verdes dançava em seu vestido desfiado. Naquele cenário, Agatha era uma bailarina muito mais graciosa do que era quando viva. As trevas lhe davam um toque de anjo-mau, e isso de certa forma era fascinante. A dança foi interrompida por um grito:
- CHEGAAAA!!! - correu Gerard com a faca em punho na direção do palco na tentativa desesperada de destruir Agatha.

Os olhos verdes cintilantes da bailarina se estreitaram:
- Idiota... - foi apenas o que ela sussurrou.

Um comentário:

FERNANDO MAGALDI disse...

Essa postagem não é a parte 18?
Favor corrigir o link, caso eu esteja certo.
Um abraço e sucesso! Você tem talento.