quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O Palco de Agatha - Parte 15

O carro de Tomas derrapava pela esquina esfolando os pneus num aperto frenético do freio para parar o carro na estrada molhada. Tomas ainda estava trêmulo ao volante, e quando desligou o motor do carro ouviu um grito agudo vindo das ruínas do teatro Del Bellis. Era Antonella.

Saiu do carro correndo, com os olhos arregalados e o rosto pálido suado. Parou trêmulo em frente aos escombros. Como ele entraria naquelas ruínas? Começou a vasculhar irracionalmente passando à mão pelos pedaços de cimentos e concreto quebrado, quando achou uma pequena entrada para o interior das ruínas enormes.

Era estranho o que havia alí. Não era um monte de escombros quebrados irregulares. Parecia que alguém tinha construído um corredor tenebroso com os pedaços de concreto. Musgos cresciam em todo canto, e longos cipós envolviam todas as paredes. Havia uma ligação estranha em todo aquele local. Em meio à escuridão, pontos florescentes esverdiados brilhavam - era restos de líquido tóxico.

A comprida entrada deu diretamente para o palco, onde Agatha dançava. Tomas passou como um robô por entre todos aqueles zumbis que a fitavam. Cipós envolviam os pés da bailarina, ligando ela à todo local. Tomas andava em direção ao palco, quando Agatha parou e o fitou:
- Já era tempo. Bem vindo meu amor. - expressou a bailarina.
- Onde.. está.. Antonella?
- Quem?
- ANTONELLA!!! - gritou Tomas, transtornado.
- Ela não é mais problema.
- O que fez com ela?

E um grito agudo outra vez tomou os ouvidos dos seres naquele lugar. Ele vinha debaixo do chão. Era Antonella correndo ainda no labirinto.
- Você a enterrou?
- A por favor, sou mais criativa que isso.
- O grito... vem debaixo do solo...
- Coloquei Antonella pra brincar com meus pupilos. Logo ela vai virar bigato!
- NÃO! - Tomas se ajoelhou no chão e começou a cavar com as mãos. - Vou te tirar daí Antonella!
- Levante-se Tom, você... você está maluco. - olhou indignada Agatha.

Ele não ouviu. Cavava obstinadamente gritando o nome de Antonella. Um cipó circulou os pulsos de Tomas, e outro circulou seu abdômen. Agatha o pôs de pé:
- Tom... você ama essa... idiota?
- Eu não posso deixar que ela morra assim Agui... não por minha causa...
- Achei que se ela morresse você ainda me amaria.
- Eu amo sua lembrança Agui... amo minha bailarina das bochechas avermelhadas, olhos azuis e vestido branco... você está morta, e é um monstro agora!

Então Agatha o jogou no chão, histérica. O chão começou a se abrir debaixo de Tomas, que olhava paralisado.
- DE UM JEITO OU DE OUTRO, VOCÊ E ELA VÃO MORRER! E DEPOIS DA MORTE, VOCÊ VAI ABRIR SEUS OLHOS E VAI SER IGUAL A MIM! E ENTÃO VAI ME AMAR OUTRA VEZ!!! - gritou Agatha, enquanto Tomas caía.

Tomas levantou, o braço dolorido pela queda. Olhou pra cima, e o chão se fechava debaixo do ódio de Agatha. Um grito ecoava das curvas escuras. Tomas estava no labirinto.

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