sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Palco de Agatha - Parte 4

Três anos se passaram. A àrea do desastre continuava isolada. Ruínas, poucas paredes de pé, cizas, e a luz verde do material tóxico debaixo dos escombros selavam uma sepultura eterna para os pobres dançarinos e músicos que perderam sua vida nessa tragédia. A floresta escura atrás das ruínas e as ruas desertas que espaçavam o teatro da cidade dava ao local um ar tenebroso. Durante os 3 anos que se seguiram, ninguém passou por perto do teatro destruído.

Um estalo foi ouvido do meio dos escombros. Outro estalo, e os pedaços de cimento e madeira tremiam. Foi quando uma mão surgiu do meio das ruínas. E um corpo forçava a liberdade do meio dos destroços. Se levantou do meio dos escombros uma criatura peculiar, que parecia um humano. Cabelos longos, negros, bagunçados, pele pálida e suja pelo pó das ruínas, olhos verdes reluzentes e uma respiração agitada. O corpo era coberto por um tutu-badeija curto, negro com detalhes vermelhos, rasgado e amassado, mas quem o via jurava que um dia tal vestido já havia sido belo. As sapatilhas estragadas e a meia calça desfiada davam ao ser uma aparência estranha. Agatha havia voltado dos mortos.

O ser pois-se a andar desengonçada pela rua deserta, cambaleando. Andava com fraqueza. O céu naquela noite estava nublado, o que tornava seu negro manto cinza e sem estrelas. Começou a chover. Era madrugada e não havia pessoas na rua naquela chuva. E Agatha cambaleva se esforçando para chegar em casa.

A casa em que Tomas e Agatha moravam permanecia intacta. Uma casa modesta, com um belo jardim, paredes brancas e telhado vermelho, a porta da frente de madeira e as janelas lustradas. Agatha entrou pelo pequeno portão, mas quando chegou à porta, ela estava trancada. Então se lembrou da chave debaixo do tapete, embora ainda estivesse se sentindo nauseada e confusa. Abriu a porta e andou pela sala. Estavam alí o mesmo sofá, os mesmos vasos com plantas, a pequena televisão e a estante com os retratos. Mas havia algo estranho entre os retratos. Antes, ficavam as fotos das famílias de ambos e amigos na parte de trás e bem à frente jazia o retrato de casamento de Agatha e Tomas. Mas agora, o retrato deles estava um pouco afastado para trás, e à frente, outro retrato maior tomava conta. Nele, uma bela noiva loira abraçava Tomas, e o sorriso de ambos demonstrava uma coisa que Agatha não compreendia. Tomas se casou com Antonella.

Como? Porque? Agatha completamente zonza pegou o retrato e o tacou com força no chão. O estalo da queda acordou Tomas, que dormia no quarto em cima junto com Antonella:
-Tomas... que barulho foi esse amor? - sussurrou Antonella
-Calma Antonella, vou descer e ver... fique aqui. - respondeu Tomas
-Não, pode ser perigoso. Leve a arma.
-Certo, espere aqui!

Tomas desceu pela escada e viu a sombra de uma mulher com vestido de bailarina na sala escura que reluzia pela claridade vindo da grande janela de vidro na extremidade. Ele parou por um instante, esfregando os olhos:
-Não, essas alucinações de novo não! Não é Agatha, ela está morta... agora vai lá! - falou Tomas para si mesmo.

O homem alto com a arma em punho andou levemente até o centro da sala e se deparou com a mulher vestida de bailarina, completamente bagunçada, respirando agitada e nervosa, de costas para ele, fitando o retrato quebrado no chão. Tomas não acreditava no que via, então conseguiu sussurrar:
-Mas... mas... o que... o que é você?

E a figura à sua frente se virou. Os olhos verdes brilhantes o fitavam com a expressão de alívio. Os lábios secos expressaram melancolicamente:
-Oh Tom... meu amor...

*Continua

Um comentário:

Deni Maciel disse...

tu tm futuro roteiristicamente falando
alias fikei imaginando a história no cenário q vc criou
putzzz q sensacional.
sombrio medo...e tal...
agatha é uma pátcha duma guerreira hahaha mto mto bom...
mas enfim
to aqui pra comentar como sempre.
e pedindo pra q vc de sua colaboração lá no primeiro post do blog...é um pedido muito especial e conto com sua ajuda.
ótimo fds.
nos falamos em breve....
e feliz dia do voto secreto...
abraço
www.bocadekabide.blogspot.com