quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Palco de Agatha - Parte 3

O teto se quebrou acima do palco, lançando fragmentos de cimento, telha e madeira em cima dos bailarinos. A platéia saiu do choque e começou a correr para sair de dentro do teatro que desmoronava. Em meio aos gritos, Tomas era o único que tentava ir em direção ao desastre. Ele berrava o nome de Agatha desesperado. Antonella agarrou o braço de Tomas para tentar alertá-lo:
-TOM!!! TOM!!! Precisamos sair daqui.. vai tudo desmoronar.. vamos morrer...
-Me solte Antonella... Agui está no palco, ela... ela pode morrer... preciso salvá-la!!!
-TOM ME ESCUTA!!! Você não pode mais salvá-la... o teto caiu em cima dela no palco... ela já deve estar morta...
-NÃO!!! - gritou Tomas empurrando Antonella e correndo ainda em direção ao palco.

Antonella ainda ficou parada um instante, e então pois-se a correr como os outros para fora do teatro. Mas os bombeiros e policiais já estavam alí. Antes que Tomas chegasse perto demais do teto desmoronando, dois bombeiros o seguraram para tirá-lo dalí. Tomas gritava:
-NÃO!!! AGATHAAA... ELA ESTÁ DEBAIXO DOS ESCOMBROS... VOCÊS PRECISAM TIRÁ-LA DALÍ!!!

Mas o esforço dos bombeiros venceu e eles tiraram Tomas do teatro segundos antes do teto acima dos bancos da platéia começar a cair também. Foi uma grande tragédia. Um helicóptero militar que transportava galões tóxicos sobrevoava o teatro indo em direção ao centro especialista que ficava à pouca distância dalí. O piloto perdeu o controle e o helicóptero caiu em cima do telhado do palco. Os escombros caíram sobre Agatha e Andrew primeiro, que dançavam no centro do palco. Depois, atrás deles haviam os camarins onde estavam os outros bailarinos, que também foram massacrados pelo desmoronamento. Então a parte da frente do palco, onde estava a orquestra, também cedeu, e alguns dos músicos morreram porque não conseguiram fugir a tempo. Da platéia, o único que quase morreu foi Tomas, que corria em direção ao desastre, mas foi salvo, contra vontade, pelos bombeiros, que saíram de lá antes que todo o edifício cedesse à destruição.

Então as ruínas do teatro brilhavam nos escombros abaixo. Era o líquido tóxico dos galões do helicóptero militar que havia colidido com o teatro. E o pó da queda ainda sobrevoava os escombros como uma sombra espessa e cinza da morte.

À pouca distância estavam os carros de polícia e as ambulâncias, além do grande carro dos bombeiros. Tomas estava sentado em uma das ambulâncias, fitando o vazio, tentando controlar a dor enorme que rasgava seu peito. Antonella se aproximou dele:
-Tomas... - disse a loira numa voz chorosa - eu... eu sinto muito...
-Não sinta nada agora... Agui... Agatha pode estar viva sabia? Ela pode estar debaixo dos escombros machucada esperando esses lerdos desses bombeiros tirá-la de lá. Por que eles não vão logo... ela está machucada, precisa de ajuda... - e Tomas começou a gritar - VOCÊS PRECISAM IR LÁ... VOCÊS TEM QUE TIRÁ-LA DE LÁ!!!

E dois policiais foram segurar Tomas e encostá-lo na ambulância para acalmá-lo. E começaram a dizer com voz suave:
- Calma senhor por favor. Não podemos vasculhar a àrea hoje. Tem um líquido tóxico abaixo dos escombros. Não sabemos com o que estamos lidando. Pode ser fatal para os bombeiros, ou até para as pessoas que estiverem próximas. Me disseram que sua esposa estava no palco. Se ela tivesse sobrevivido à queda do teto, com certeza não sobreviveria aos galões de líquido tóxico que agora devem estar cobrindo o corpo dela. Eu lamento...

E Tomas fitava o vazio balançando vagarosamente a cabeça. Foi quando seu rosto enrrugou e ele deixou as lágrimas caírem. Os policiais o soltaram, e ele caiu no chão em pranto, enquanto negava a si mesmo que Agatha estava morta. Antonella o abraçou, mas Tomas estava inconsolável.


Três dias depois a ordem veio diretamente do Exército Militar. O líquido tóxico só perdia efeito 5 anos depois. Então a àrea das ruínas ficaria isolada até que este recesso se passasse. A àrea arruinada era enorme, e uma floresta cercava a parte de trás. Morreram bailarinos, a orquestra, os professores e coordenadores do teatro, o piloto e os dois soldados que estavam no helicóptero. Os corpos não podiam ser resgatados. Tomas nem ao menos teria o consolo de enterrar Agatha e ve-la dormir em paz para sempre. Nem sabia como estava seu corpo debaixo dos escombros. Ele não comia, não bebia, não falava... estava morto por dentro. Mas Antonella nunca o deixava. Estava sempre tentando consolá-lo, tentando fazê-lo comer algo. Afinal, Agatha gostaria que seu amado marido reconstruísse sua vida. Mas Tomas, em sua estátua triste e congelada, só sentia uma coisa: uma dor enorme que rasgava seu coração...


*Continua

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