terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Palco de Agatha - Parte 19

O cipó cortou o tempo e a gravidade em direção ao pescoço de Gerard. Circulou sua jugular e o levantou em meio a corrida. Os pés e as mãos se agitavam:

- HAHAHAHAHA!!! Gerard! Não acredito!! Grande cientista Gerard. Só faltava realmente você para completar a festa.
- O-o-on-de eles es-es-tão?
- Ah qual foi a última vez que nos vimos... ah sim, no jantar na casa de Antonella. Sabe Gerard, não tenho muitas boas lembranças de você. Sempre foi amigo de Tomas, sempre fiel e sempre ... INFLUENCIADOR. - ela se aproximou, ainda com o braço apontado em direção à Gerard - Adorava quando você dizia a Tomas como Antonella era bonita, e como gostava dela. Você sempre a mantinha na cabeça dele.
- A-a-agatha. E-eu nunca, nunca influ-fluenciei Tom a na-nada. E-e-ele sempre a-amou você. Mas, ago-go...
-AGORA NADA!

O cipó ainda apertou um pouco mais o pescoço de Gerard, impedindo que ele dissesse algo. Os olhos verdes cintilantes de Agatha fitavam os de Gerard no fundo. De repente, ela começou a sorrir outra vez:
- Que faquinha patética é essa? Não... não, você não estava achando que realmente ia me matar com esse lixo, não é?
- A-a-ag...
- Tudo bem Gerard, entendo que não esteja muito disposto a falar agora. Me perguntou de Tomas e Antonella. Bem, ainda não estão mortos, obviamente, senão eu já saberia. Pelas informações que tenho, estão correndo pelo subterrâneo insandecidos com os horrores de um labirinto que criei só para eles. Sabe... quando vi você entrar correndo com aquela faca na mão, seu idiota petulante, pensei seriamente em te jogar no labirinto também... maaas, como você sempre torceu pra que Tomas ficasse com Antonella, acho que será melhor deixar que você veja aquela loira vadia morta com uma expressão de pavor no rosto. E quanto a Tom... MEU Tom... vo amar ver a sua cara quando ver que ele se transformou num ser como eu.
- Nã-ã...
- Siiiim... um zumbi... é assim que tem me caracterizado não é... zumbi! Pois bem, sou um zumbi.-Agatha largou o pescoço de Gerard e ele caiu ao chão sufocado, puxando o ar de volta a seus pulmões. - Isso, respire meu amigo Gerard. Logo tudo estará acabado. E eu terei o prazer de matar você também.



O estalos eram apavorantes. Esguixos de líquido florescente por toda parte. Cabeças esmagadas, braços mutilados - zumbis caindo mortos no chão. Antonella não gritava mais, apenas olhava aquela cena sem acreditar que realmente estava passando por aquilo. Os olhos arregalados e a boca escancarada, na expressão aterrorizada. Tomas, tomado pela adrenalina, fervendo e perdendo a razão golpeava com a barra de ferro os zumbis que se aproximavam. Claramente, Tomas também estava machucado. Sua camisa azul-bebê estava toda suja pelo líquido florescente que jorrava dos corpos frios que ele golpeava. Um rasgo longo e desfiado na manga revelava um corte profundo que sangrava. A respiração ofegante e o suor no rosto demonstrava o quão cansado e atormentado Tomas estava.

Um último golpe - uma ultima criatura no chão. A ponta da barra de ferro agora parava de golpear e tocava o chão, apoiando o corpo cansado de Tomas. Ele, encurvado, respirava agitado. E Antonella continuava com os arregalados, agora ajoelhada no chão. De repente, uma música cortou o baque da luta. O som de piano que vinha suave fez Tomas abrir os olhos. A boca de Antonella se fechou, e ela conseguiu piscar os olhos, enquanto procurava a fonte da música. Um luz fraca jazia de uma fresta numa curva. Finalmente Tomas olhou para Antonella, os olhos perdidos e inseguros:
- Encontramos... a saída... a saída que dá para o palco.
- Ela vai nos matar.

Tomas largou a barra de ferro e se pois de pé. Agora Antonella sabia que ele não pretendia golpear Agatha. Por que? Ela não compreendia. Talvez ele soubesse que naquele palco, diante de uma platéia de mortos vivos, ele nunca conseguiria golpeá-la. Não... ele não podia ainda amar Agatha depois do que ela fez. Não estava largando a barra de aço porque não tinha coragem de ferir a falecida esposa. Isso era inconcebível. Não era hora para fazer suposições. Antonella confiava em Tomas. Ele estendeu a mão para ela, e ela segurou firme, sem pensar duas vezes. E então eles se dirigiram para a curva iluminada.

Um comentário:

Anônimo disse...

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