quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Palco de Agatha - Parte 20

O piano ainda tocava. Agatha ainda dançava. No chão, Gerard ainda ofegava. E os zumbis continuavam ajoelhados fitando o palco.

Tomas e Antonella entraram de mãos dadas no ambiente macabro onde o centro era o palco de Agatha. Andaram em direção ao palco, com os olhos fixos na bailarina. Ela rodopiou, e parou numa posição elegante de ballet. Na ponta dos pés, se indireitou, estendeu a mão em direção ao piano, e Andrew, seu fiel amigo, que tocava, parou e olhou para ela. Agatha olhou Tomas e Antonella, e sorriu:
- Bem vindos ao meu palco! - saudou gentilmente a bailarina com os lábios de boneca de porcelana.
- Ora, ora, estão vivos. E não perderam nenhum braço e nenhuma perna. O dano máximo foram apenas arranhões. - disse despreocupadamente Andrew, ainda sentado ao piano.

Tomas passou o olhar e viu Gerard caído no chão, ofegante.
- O que? Gerard... mas... o que está...?
- Ele veio salvar vocês. Que gracinha né? - zombou Agatha.
- O que fez com ele sua bruxa! - gritou Antonella, largando a mão de Tomas e correndo em direção a Gerard.
- Eu estou bem. Ela quase me estrangulou, mas me deixou vivo porque acho que tem planos mais horripilantes pra nós três. - respondeu Gerard, se levantando com a ajuda de Antonella.

Antonella e Gerard se aproximaram de Tomas. Tom no meio, Antonella do lado direito e Gerard do esquerdo. Juntos, fixaram o olhar na bela bailarina dos olhos verdes cintilantes, como se esperassem um veredicto. Ela sorriu sarcasticamente:
- Então é isso. Querem saber o que tenho guardado para vocês?
- Não. Quero que libere Gerard e Antonella e faça comigo o que quiser. - respondeu Tomas calmamente.
- Ah... abnegação. Claro! - respondeu asperadamente Agatha, andando na ponta dos pés ainda no palco. - Não... não estou a fim de deixar a loirinha vagabunda viva e muito menos o palerma cientista. Os dois tem um lugar especial em meu ódio!

Dois grandes cipós circularam a cintura e o pescoço de Antonella e Gerard, pronto para quebrar-lhes o pescoço e a costela à vontade de Agatha. Tomas olhou desesperado e apelou:
- Agui... por favor. É seu amor por mim que te faz ter raiva deles dois. É a mim que você quer! Pare, deixe-os ir... mate a mim e me transforme no que você quiser.
- Meu amor, eu sei o quanto você me ama. Sempre soube. Mas essa loira maldita e esse cientista bocó realmente me irritaram. Não vou deixa-los viver, mesmo que mate a você depois deles. Só um minuto e tudo estará acabado. - respondeu Agatha.

Tomas olhou para seus pés. Quanto mais ele implorasse pela vida de Antonella e Gerard, mais ódio incitaria em Agatha. Não poderia usar psicologia reversa, porque Agatha também se sentiria incitada a acabar com a vida dos dois. Tinha que ser objetivo, tinha que tocar na maior fraqueza de Agatha. Tinha que tocar seu coração. Rasgando o coração de Agatha, ele também machucaria o seu. Mas era a única forma. Arriscado, porém. Ou Agatha desistiria e sofreria, ou borbulharia em ódio e acabaria com os três, dispensando a idéia de ressussitar Tomas com o líquido tóxico depois. Não importava. Ele tinha que tentar.

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