sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Última Traição - Parte 15

O sol ainda estava aparecendo no horizonte. Lira dormia na grande cama de seda rosa diante da grande janela por onde o sol ainda não raiava. O vento da primavera rondava o silêncio no castelo, até que o som de trombetas rasgou do alto das montanhas:
- Os exércitos estão voltando! - disse o escudeiro do rei.
- O som das trombetas! Sabe que som é esse meu caro Naim? É o som da vitória!!! - exultou Marshall.

O altos oficiais repentinamente guardaram a frente do castelo para a chegada dos exércitos que retornavam do Oeste sob a liderança de Simon Montreviere Castella, príncipe do Norte. A grande agitação no castelo e o som mais próximo das trombetas acordou Lira:
- Simon! - sussurrou Lira.

Num segundo Lira estava em sua longa camisola de cetim, no outro já estava apertando o espartilho verde claro na silhueta. Quando Irian entrou no quarto, Lira já estava amarrando com dificuldade o espartilho:
- Desde quando a senhorita se troca sozinha? - perguntou Irian enquanto fechava o espartilho para Lira.
- Desde hoje ué... - respondeu apressadamente Lira, enquanto penteava o longo cabelo.
- Quer ver Simon chegar?
- Pare com isso! - disse Lira, olhando furiosa para Irian - Sabe que meu pai ia acabar vindo exigir minha presença. Só quis evitar sermões.
- Lira, já te pedi para...
- E eu já mandei parar com isso! Já expliquei! - gritou Lira- Vou descer...
- Mas não vai arrumar o cabelo?
- Perdi a vontade, vou deixá-lo solto mesmo!

Lira saiu pela grande porta de madeira deixando Irian furioso. Era óbvio que a defensiva de Lira entregava seus sentimentos por Simon, o que enfurecia Irian. Ele estava decidido a atormentá-la.

Na frente do castelo podía-se ver os exércitos vindos do Oeste se aproximando. Era visível que o número que havia partido agora retornava bem menor. Muitos soldados haviam morrido. Mas enfim o Oeste estava dominado pelo Sul graças aos comandos militares de Simon Castella, que vinha na frente em sua roupa negra e capa vermelha. Lira postou-se ao lado do pai:
- Acordou cedo filha! - comentou Marshall
- É meio difícil dormir nesse barulho todo. - resmungou Lira
- Parece que perdemos muitos homens. Que Deus os tenha... agora é só aprontar tudo para a expedição ao Leste.
- Você não tem escrúpulos mesmo. Já não matou gente o bastante no Oeste?
- Lira, não me falte o respeito na frente dos oficiais.
- Vossa majestade enlouqueceu mesmo! Inocentes com seu sangue derramado por toda província, e você ainda tem sede de mais...
- Vou ter que manda-la entrar?
- Já me calei!

Simon desceu do cavalo negro e se ajoelhou perante Marshall. Ao se levantar da reverência, sorriu para Lira, que revirou os olhos.
- Bem vindo meu filho! - exultou Marshall
- Obrigado Majestade. Foi uma batalha àrdua. Estão todos cansados. Adoraria contar-lhe os detalhes, mas poderíamos deixar para o jantar?
- Claro, claro! Entrem e sejam todos bem vindos de volta... escrivão, escreva cartas às famílias dos mortos na batalha. - ordenou Marshall - Simon, antes de ir se lavar devo lhe comunicar que o casamento será daqui dois dias.
- Ora, ora! Sou recebido com tal excelente notícia! - disse Simon, lançando um olhar galante para Lira.- Já era tempo!
- Rápido demais no meu ponto de vista! - reclamou Lira
- Princesa Lira, a senhorita adora me contrariar não é?
- É que costumo ser sincera demais...
- Seus cabelos ficam lindos soltos caídos aos ombros. Vejo que a pressa em me ver foi tanta que nem tempo de prendê-los em seu costumeiro coque não deu não é? - riu Simon
- Ora... - resmungou Lira, ficando envergonhada - eu ... eu apenas tive vontade de deixá-los soltos hoje. Mas se eu tivesse pressa em lhe ver seria pelo fato de estar torcendo para que você voltasse sem um braço ou uma perna.
- LIRA! - falou Marshall ríspido
- Não pense que se eu voltasse sem um braço não conseguiria lhe beijar com a mesma intensidade dos dias passados. Deveria ter torcido para que eu perdesse minha lingua...
- Príncipe Simon! Mas... mas o que isso? Vocês dois ficam se engalfinhado agora? Por favor, estamos na frente dos subordinados!
- Eu não tenho que ficar aqui fora escutando isso! - disse Lira, entrando apressada e nervosa no castelo.
- Por favor príncipe Castella, deveria entrar para descansar também... - falou Marshall, mais calmo.
- Claro majestade. Tenho que descansar muito para ter forças porque em breve terei que domar uma fera, não é?
- Deus meu, o que foi que eu fiz para merecer um genro pior que a minha filha? - disse Marshall olhando para o céu.

Simon riu, e entrou no glorioso castelo.

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