sábado, 26 de setembro de 2009

A Última Traição - Parte 16

Faltava apenas um dia para o casamento de Lira e Simon. O castelo já estava decorado, e as cartas aos convidados já haviam sido mandadas. Em todo o castelo víasse detalhes de enfeites brancos, flores claras e tapetes longos. O vestido de Lira, pronto, estava já dependurado em seu quarto.

Lira estava pensativa naquela tarde. Não quis a presença de Irian por perto o dia todo. Irian ficou preocupado pensando se ela realmente desistiria de cumprir a promessa. Mas por estar próximo o casamento, resolveu não atormentá-la, pois logo iria por em prática seu plano de ameaças e apelo emocional.

Lira estava encostada no parapeito da grande janela aberta da sala de música. Estava com um belo vestido vinho com detalhes de renda por toda saia, um espartilho delicado que terminava deixando que detalhes da roupa debaixo branca transparecesse aos ombros caídos. Simon passou pela entrada da sala em sua roupa real de príncipe preta e branca, e viu Lira recostada na janela iluminada pelo sol da primavera. Como ela era linda quando estava calma, quieta e com o rosto pensativo. Não mais bonita do que quando estava brava brigando com ele ou teimando com o pai. Mas de qualquer forma, ela parecia um anjo. Não resistindo à tentação, Simon entrou na sala de música, passando suavemente pelo piano indo em silêncio até perto da janela:
- Que belo fim de tarde de primavera!- disse Simon alegremente.
- Como consegue estar sempre alegre? - disse Lira, dessa vez sem se assustar com a presença repentina de Simon.
- Bom, ultimamente tenho estado sempre de bom humor. Desde que cheguei ao reino do sul.
- Por que vai herdar dois imperios?
- Também, mas principalmente porque ganhei de presente na sorte um dos anjos que roubaram do céu.
- De anjo não tenho nada!
- Concordo que a vida terrena tenha-lhe roubado o temperamento angelical sereno que deveria ter. Mas a aparência divina ainda lhe faz jus. Devo admitir que seus ataques de histeria me encantam mais do que qualquer serenidade que poderia compor sua personalidade.
- Então você é um babaca masoquista.
- Não, sou um domador de leões... hahahahahaha!
- Leão é a senhora sua mãe!
- Ei ei ei, uma menina que preza a imagem de mãe não deveria xingar a dos outros!
- Vai pro inferno Simon Castella!
- Terceira vez que me manda pro inferno. Se falar isso mais uma vez vou ser obrigado a lhe dar uma lição! - disse Simon sarcasticamente.
- VAI PRO INFERNO, VAI PRO INFERNO, VAI PRO... -os gritos de Lira foram interrompidos pelo beijo de Simon.

Foi imediato que pegou Lira de surpresa. A fúria ainda ardia em seu sangue fazendo com que ele desse soquinhos inúteis no peito largo do forte príncipe que a segurava com força em seus braços enquanto a beijava. Foi quando algo mudou em Lira. Aquilo que ardia no sangue dela não era fúria. Era paixão. Era amor, o mesmo amor que ardia em Simon. Nesse momento, Lira desistiu de se enganar com a raiva, e deixou os punhos se abrirem, retribuindo o beijo. Simon afastou o rosto de Lira, para olhá-la nos olhos, enquanto ainda a segurava nos braços:
- E você ainda vai negar que me ama? - disse Simon em seu tom grave de vitória.
- Se você já sabe a resposta, por que é tão cretino de me perguntar? - respondeu Lira, perdida entre a defensiva e a doçura.
- Você ainda tenta me contrariar mesmo quando é tão óbvia? Bom, princesa... eu confesso que te amo! - disse Simon finalmente, deixando Lira sem palavras. - E já que não tem o que me responder vou ser obrigado a lhe arrancar um "eu também te amo" com outro beijo!

E ele deitou o rosto novamente sobre o de Lira em seu doce beijo apaixonado. Mas algo atormentava Lira no fundo de sua consciência. Como poderia amá-lo se estava prestes a mandar matá-lo?

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