sábado, 19 de dezembro de 2009

Minha Mãe Casou De Novo - Capítulo 15

Cheguei na escola um pouco atrasado. Estacionei o Maverick na vaga de sempre, atrás do carro de Matt, um Ford LTD 1968 amarelo apagado horroroso. Assim que saí do meu carro Ashley voou pra cima de mim:
- Está atrasado! - exclamou ela, pendurada no meu pescoço.
- Desculpa... tive um... um... um imprevisto. - respondi, me lembrando do incidente com Andrew.
- Vamos juntos pra sala amor. Estava mesmo esperando você. - disse Ashley, pegando a minha mão. - Ei, o que deu na sua irmãzinha hoje?
- Andrew? Por que está perguntando? - me assustei.
- Eu fui levar minha bolsa na sala antes de vir te esperar aqui. A morta viva da sua irmã passou por mim carrancuda e jogou a mochila dela na carteira lá do fundo. Aí eu fui perguntar pra ela se você já tinha chegado... ela me ignorou completamente! Eu chamei ela de Zumbi do resident evil, esperando, como sempre, que ela revidasse, mas pelo menos respondesse. Ela continuou alí, de cabeça baixa olhando pro nada como se estivesse desligada.
- Esquece ela, Ash... - pedi.

Era pior do que eu previra. Andrew estava realmente magoada comigo. Será que eu bati forte demais? Não, não devia ser isso. Agora meu medo era que ela contasse para o Jonathan que eu dei palmadas nela. Não que eu tivesse medo do Jonathan em si, ele ia rir ou, na pior das hipóteses, me pedir pra usar o bastão de beisebol da próxima vez. Mas minha mãe certamente iria arrancar minha orelha e servir no jantar.

Enquanto andava pelo pátio que ficava depois do estacionamento na escola, os alunos passavam e olhavam para mim e Ashley boquiabertos. Claro, os cochichos começavam a rolar. Todo mundo sabia que Bradley Tommas, o capitão do time de basquete, o garanhão da escola, estava namorando sério. Hoje seria o terceiro pior dia da minha vida, com toda certeza.

Me lembrei nesse instante que depois do intervalo teria treino de basquete. Não estava afim de assistir às primeiras aulas, ainda mais com Andrew no mesmo ambiente que eu. Depois daquela vez na garagem que ela apareceu de repente, não descartava mais a hipótese de ela se envolver com magia negra. E se ela me jogasse uma maldição? Pelo menos depois do intervalo eu não teria que encará-la. Parei no meio do caminho bruscamente, brecando Ashley comigo:
- Ash, não vou pra aula. - falei de repente.
- O quê? - perguntou ela.
- Hoje não tem nada de muito importante na aula de inglês, e muito menos na de história... então, estou afim de matar aula.
- E o que vai fazer? Voltar pra casa?
- Não, depois do intervalo tem treino de basquete e eu tenho que estar, porque sou o capitão do time... esqueceu? E até onde eu sei, tem treino das líderes de torcida também.
- E vai fazer o que... vagar pelo pátio até um inspector te pegar? - riu Ashley.
- Tenho uma idéia melhor. Por que não ficamos nós dois no meu Maverick? - sugeri, galanteador.
- Está me convidando pra matar aula junto com você? - disse Ashley, sorrindo maliciosamente.
- Essa é a idéia! - confirmei.
- Tô dentro! - festejou ela.



Ficamos as primeiras aulas dentro do carro. Não conversamos muito, mas nos beijamos bastante. Quando faltava 5 minutos para o intervalo, olhei no espelho do Maverick e vi que minha boca estava muito avermelhada. Olhei para Ashley e vi que ela estava com uma marca debaixo da orelha, mas nada que o cabelo louro comprido e liso não pudesse disfarçar. Eu podia ter me aproveitado mais, só que eu ainda não havia passado filme nos vidros do meu amado carrinho, então se alguém passasse por alí, a situação ficaria tensa.

O sinal tocou e eu saí do Maverick. Ashley veio correndo para perto de mim e pegou minha mão:
- Vamos juntos pro intervalo! - impôs ela. Eu não ia me opor, porque não ia adiantar mesmo. Ashley parecia ter cola nas mãos.


Na mesa de sempre, Matt, Jonny e Freud esperavam. Quando cheguei estavam falando da mãe do Freud. A senhora Margarett Fracelli Kennesty, psicóloga e extremamente atraente em seu costumeiro vestido de couro, sempre vinha buscar Freud na escola, o único de nós que ainda não tinha carro. Nós amavamos suspirar pela senhora Fracelli Kennesty perto dele, não que ela não fosse uma mulher realmente "gostosa" no auge de seus 38 anos, mas nosso objetivo era irritá-lo. Mexer com a mãe dele era a única coisa que realmente o deixava bravo. Eu queria me sentar alí e rir com eles, mas com Ashley por perto não teria graça alguma. Quando me viram chegando com Ashley colada no meu braço esquerdo, reviraram os olhos.
- Não vai sentar com as líderes de torcida hoje, Ash? - perguntou Jonny, e eu podia ver nos olhos dele que ele queria que ela sumisse. O assunto sobre a mãe de Freud devia estar fervendo.
- Não, vou sentar com meu namorado. - respondeu Ashley, autoritária.
- Na-na-namorado? - gaguejou Freud.
- Brad não deu a notícia a vocês ainda? - perguntou Ashley.
- Ouvimos rumores, mas nada concreto. Agora podemos ver que é serio... - respondeu Matt, com o olhar zombador pra mim. Devia estar feliz, porque comigo fora da jogada, ele seria o novo garanhão da escola.
- Vou pegar uma bandeija... estou com fome... - respondi, com o olhar vazio.


Me virei e meus olhos cruzaram com os de Andrew, que me observava de sua mesa. Achei que ela viraria a cara, como sempre fazia, mas havia algo diferente. Algo no ar prendia nosso olhar. Eu não conseguia desviar, nem ao menos piscar. Andrew parecia tão absorta quanto eu, até que um estalo ardido queimou meu rosto. Quando consegui abrir os olhos percebi que havia levado um tapa na cara. Focalizei a origem dessa agressão na minha frente. Essa não...
- LIZ? - quase gritei, assustado.
- Como se atreve! Namorando minha melhor amiga! Eu te odeio Bradley Tommas!!! - gritava Liz, me dando tapas. Eu estava paralisado de surpresa, e nem me defendia, até Ashley entrar na parada.
- Para sua loca!!! Solta meu namorado!!! - gritou ela, empurrando Liz, que caiu no chão.

Agora ferrou, pensei comigo mesmo. Achei que Liz ia ficar o mais longe de mim até que a escola esquecesse o incidente na sala de aula. Mas não... aquilo era um amor doentio. A garota não me esquecia. Fiquei parado enquanto as duas, Ashley e Liz, se engalfinhavam. Em poucos instantes uma roda de alunos se formava em volta delas gritando "porrada!!! porrada!!!". Matt se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro.
- É... briga de mulher. Tem um gel aí? Tava pensando em jogar no chão. - zombou ele.
- Eu não acredito que elas estão fazendo isso. Vo sair daqui. - suspirei.
- Não vai ajudar sua namorada? - perguntou ele, perplexo.
- Ela é uma líder de torcida. Bem saudável e flexível. Sabe se defender sozinha. - resmunguei - Ah, e que vença a melhor! - gritei.

Ao me dirigir para a saída do refeitório olhei automaticamente para a mesa de Andrew, no fundo. As amigas do mal dela estavam lá, mas ela não estava mais. Olhei na multidão aglomerada na esperança de achá-la alí, mas é claro que ela não estaria. Andrew odiava essas futilidades femininas, como brigar por homem. Bati na minha própria testa me perguntando porque estava procurando por ela. Suspirei e saí o mais rápido que pude dalí.

Um comentário:

Anônimo disse...

as coisas esquentaram memso!

e olha o primo do maverick, um ltd 68
rsrs

e esta certo pq esses carros existem nos E.U.A.


vc sabe como prender o leitor
hehe
é isso ae!