sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 20

Guardando o Maverick na garagem, vi que a moto de Andrew não estava lá. Já era sábado, uma e meia da manhã no meu relógio. Talvez o lugar para onde ela tenha ido estivesse muito bom mesmo.

Subi as escadas na ponta dos pés, já que, com certeza, minha mãe e o Jonathan estavam dormindo. Passei pelo corredor e parei em frente ao quarto de Andrew. Ela havia esquecido a porta aberta. A luz do corredor, sempre acesa, iluminou diretamente a caixa debaixo da cama de Andrew. Observei meio atordoado, enquanto me lembrava da vez que havia entrado no quarto de Andrew para procurar algo que a incriminasse. Lembrei-me de ter visto a caixa, mas meu desânimo era tanto que nem senti vontade de abrí-la daquela vez. De repente, as palavras de Ashley ecoaram na minha mente "Não me surpreenderia que ela tivesse a coleção inteira da saga Crepúsculo escondida debaixo da cama"...

Andrew Marew, a metalei... ops, headbanger durona, lendo Crepúsculo? Ela sempre foi dark, e duvido que não tivesse a mesma paixão por vampiros como Freud. Freud, meu grande amigo, sempre falava mal dessa série, dizendo que era um insulto os vampiros brilharem no sol. Mesmo que não fosse contra a teoria dos vampiros, o livro era feminino demais. Balancei a cabeça, tentando reorganizar as idéias. Andrew nunca leria essa hitorinha fútil feita para patricinhas como Ashley. Tentei me virar e ir para meu quarto, mas meus pés pareciam estar fincados no chão. Um onda de eletricidade passou por minhas mãos, como se ansiassem por algo. Cedi ao impulso e entrei pela segunda vez no quarto... na cripta da Noiva Cadáver -Andrew Marew.

Me senti ridículo puxando a caixa de debaixo da cama. Respirei fundos duas vezes, na certeza de que não encontraria nada alí além de desenhos de ET's. Podia ter até revistas de homens pelados (seria muito estranho) mas não podia ter livros de menina bocó como esses da saga Crepúsculo. De repente, me perguntei por que estava tão preocupado se Andrew estava ou não estava lendo esse lixo. Afinal, o que eu tinha a ver com isso? Talvez o fato de até Andrew ser afetada por esse livro me desesperasse por ver como as meninas estavam perdidas em um mundo de fantasias, onde homens perfeitos que brilhavam no sol transformava a nós, homens reais, em insetos aos olhos delas. Até Ashley tinha dito uma vez que eu, Bradley Tommas Stanley, o capitão do time de basquete, o cara mais cobiçado do colégio, não chegava aos pés de um tal de Edward Cullen. Pior! Falou até que o lobisomem da história era melhor do que eu! Um cão raivoso mutante melhor do que eu? Esse livro estava pirando as garotas.

Não! Eu precisava acreditar que ao menos Andrew estava salva. Talvez uma minoria feminina estivesse salva. Mas se Andrew tivesse sido apanhada pelas garras do vampiro-glitter, a garota mais durona que já conheci, então o mundo inteiro estaria em crise.

Abri a caixa sem fôlego. Quando a luz do corredor iluminou 4 capas negras, cada desenho nelas foi um choque para mim. Duas mãos segurando uma maçã, uma orquídea (é uma orquídea isso?), uma fita vermelha, e um tabuleiro de xadrez!!! Reconheci entre os livros aquele que estava nas mãos de Ashley nessa mesma noite, antes de eu jogá-lo pela janela do carro. A fita vermelha reluzente com letras minúsculas que brilhavam prateadas na luz: Eclipse!

Eram os livros da série Crepúsculo, não havia dúvida ( ainda mais porque no primeiro livro estava escrito "Crepúsculo" bem brilhante na capa ). De repente, vi um vulto paranda rente à luz do corredor. Um arrepio me passou pela espinha. Olhei para trás.

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