quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Minha Mãe Casou de Novo - Capítulo 18

- Desde quando você cozinha? - perguntei, meio azedo. Andrew me jogou um olhar macabro, mas eu ignorei, afinal, ela quebrou o pacto do silêncio primeiro.
- Quem você acha que fazia o almoço quando necessário antes de meu pai se casar com a sua mãe? - respondeu ela, mais azeda que eu.
- Desculpe. Devia perceber que não é lá grande coisa. Afinal você está fazendo bacon, e bacon se come no café da manhã. - argumentei.
- Você nunca come bacon de manhã. Apenas cereal. - comentou Andrew. Observadora, não?
- Sou um atleta, nada de colesterol.
- Que bom! Isso quer dizer que não vai almoçar conosco? - ela sorriu maliciosamente.
- Nada de colesterol de manhã... na hora do almoço, não vai me matar. - sorri também.

Ela passou por mim com a frigideira na mão. Foi então que eu notei que seu cabelo comprido estava preso, e que por cima da roupa ela estava com o avental de florzinhas da minha mãe. Não aguentei e comecei a rir. Andrew de florzinhas?
- Tá rindo do que? - perguntou ela.
- Nada não... - murmurei, ainda rindo, me sentando na cadeira.
- Se não parar de gracinha, você vai almoçar a frigideira! - ameaçou ela.
- Um atleta precisa de ferro... não de inox... - eu ri, e ela revirou os olhos.
- Você só fala besteira... - murmurou ela, mas no canto de sua boca vi um lampejo rápido de um sorriso.

O almoço correu silencioso. Minha mãe e Jonathan, pai de Andrew, não haviam chegado ainda. Stuart comia na dele, hora ou outra elogiando Andrew pela comida. Meu humor variava. A comida estava boa, mas os elogios de Stuart me deixavam enjoado. Terminei antes deles, e me levantei da cadeira. Lavei meu prato, porque sabia que a louça sobraria para mim mais tarde, na tentativa de diminuir meu carma. Corri para o meu refúgio, meu quarto.


No quarto, fiquei me perguntando porque Andrew gostava de Stuart. Ele era um cara legal, mas muito sonso para ela. Não que Freud, talvez, fosse melhor que Stuart, mas sempre imaginei Andrew com um namorado grandalhão cheio de correntes e tatuagens. Da minha cama ouvi o sedan de Jonathan chegar, e logo depois a minivan da minha mãe. Ouvi também alguém empurrando a halley da folgada da Andrew pra dentro da garagem, e logo depois guardaram meu Maverick. Ouvi o barulho de um motor desconhecido, talvez a lata velha que Stuart chamava de carro, que em alguns segundos virou a esquina. Depois, passos curtos andaram pelo corredor e bateram uma porta com força. E então meu celular tocou:
- Oi... Ashley... - atendi, azedo. Eu estava muito chato ultimamente.
- Oi Brad! Você nem me esperou no fim da aula! - reclamou ela.
- Ash, estou com dor de cabeça. Se for pra ficar reclamando, é melhor desligar.
- Ah amor, eu sinto muito. Não vou brigar com você, juro! Posso ir aí hoje? - pediu Ashley.
- Hoje não Ash, é segunda feira. A gente se vê amanhã. - implorei.
- Ah, eu queria te mostrar um livro novo que eu to lendo. O carinha do livro é tão perfeito. Você não chega aos pés dele! - provocou ela.
- Por isso que eu sou real, e ele apenas um personagem. Tchau, Ashley. - desliguei, sem esperar resposta.

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