sábado, 12 de dezembro de 2009

Minha Mãe Casou de Novo! - Capítulo 8

Abri a porta bem lentamente, esperando que ela rangesse, mas me esqueci que Andrew não era de verdade um personagem de filme de terror, e que eu não estava entrando na cripta do Conde Dracula. A porta de madeira escura abriu macia, igual a porta do meu quarto. Mas o quarto de Andrew não tinha nada a ver com o meu por dentro.

O meu quarto tinha o carpete cinza claro, a cama de madeira clara coberta com a colcha azul marinho que minha mãe adorava. Embaixo da cama eu guardava umas revistas - de carros e de "assuntos especiais". Tinha um guarda-roupas e um rádio antigo, além das cortinas azul-marinhas como a colcha. Eu tinha um teclado velho que eu nunca tocava, uma prateleira com uns livros que eu nunca lia e um cabideiro com minha mochila pendurada. Na extremidade da prateleira tinha uma caixa de sapato, que eu usava para guardar meus CD's preferidos. O computador perto da janela não era dos melhores, e a internet de provedor grátis também não era lá grande coisa, mas servia para pesquisas de trabalhos escolares e umas enviadas de e-mail. Mas o quarto de Andrew com certeza tinha sido decorado por ela.

Não era arrumado, mas também não poderia chamar aquilo de bagunça. A cama era de ferro pintado de preto, a colcha roxa escura cobria a cama como uma nuvem de púrpura. Não tinha carpete - o chão era taco de madeira. As sombras embaixo da cama davam alusão à alguma caixa que ela guardava alí, e o restante combinava com a pintura da cama. O guarda roupa era de madeira escura, e ela tinha uma escrivaninha interessante, com um notebook fechado - era óbvio que a filhinha do papai teria um computador melhor que o meu. O cabideiro roxo perto da janela de cortinas pretas de renda que lembravam a estrutura de teias de aranha possuia algumas roupas penduradas. Na parede havia alguns posters do Metallica e do Stratovarius... olhando aquele loirinho cabeludo, fiquei pensando em como o cabelo dele lembrava o da Ashley. Medo! O quarto era um culto de bruxaria a Stratovarius, na minha concepção. Os livros espalhados em cima da cama deveriam significar que ela lia muito. Me aproximei para ver sobre o que eram os livros, na esperança de que fosse alguma literatura comprometedora, mas, para minha decepção, eram livros sobre a ciência e o universo. Que lixo! Por que um ser humano normal leria aquilo?

Passei rapidamente para a escrivaninha e abri o notebook. Cliquei na pasta dos arquivos da Andrew, e encontrei outra pasta com fotos. Quando cheguei na 35ª foto, desisti - eram algumas dela com as amigas, outras de um tal de Kotipelto, o mesmo loirinho de madeixas lisas bem femininas que estava no poster da parede. Saí daquele Notebook idiota novinho e abri as gavetinhas da escrivaninha. Uma papelada sem sentido, com desenhos de alienígenas e rabiscos resultantes do tédio. Fechei a gaveta e remechi na pequena agenda do lado do notebook. Da agenda caiu um papel dobrado.

Peguei o papel do chão e desdobrei. O papel era um recadinho. Entre dois corações estava escrito:

"S2 Amei ter te conhecido. S2
me liga
Stuart - 5555-6255"


O quê? Andrew tinha um paquera? Stuart - isso lá é nome de gente. O último Stuart que vi era um ratinho branco falante de um filme. Só um cara com nome assim pra se interessar por Andrew - um cara com nome de ratinho de filme infantil. Olhei no espelho que estava pendurado na parede em cima da escrivaninha. Me deparei com meu rosto estressado, com as sombrancelhas unidas, como se algo tivesse me irritado muito. O recadinho desse "Stuart Little"? Não! Talvez o estresse dessa sexta feira tivesse fechado a minha cara.

Olhei o quarto em volta suspirando. A cripta da Morticia não tinha nada que a deixasse em "mals lençóis". Avistei a sombra embaixo da cama, a caixa fechada que alí havia. Lembrei da gaveta da escrivaninha e cheguei a conclusão que não valia a pena olhar - na certa seriam desenhos de alíenígenas guardados alí também. Olhei para a parede e avistei o poster do Stratovarius. Que gosto horrível que Andrew tinha para homens. Esse Stuart deveria ser um cabeludo metaleiro enviadado que nem esse vocalista. Foi então que eu vi no papelzinho uma chance de me vingar.

Andrew estava de "affer" com um zé-metal. O pai dela não sabia disso. E... se eu contasse pro Jonathan minha descoberta, o que ele acharia? Talvez o senhor Marew, em sua inesgotável calma, nem ligasse - mas Andrew ficaria possessa com meu ato. E esse era todo o objetivo.

Nesse instante, a porta do quarto de Andrew se abriu.

Um comentário:

Anônimo disse...

essa é mais velha q andar pra frente, mas é util ainda: nao se pode julgar o livro pela capa. Andrew tem sentimentos sim, mas deve ter tido algum problema na infancia pra ficar desse jeito kkkkkkkk